O debate sobre “COP 30 e o Desenvolvimento Sustentável” marcou o quarto dia do Seminário Desafios da Democracia Brasileira, realizado na Fundação Casa de Rui Barbosa. O encontro reuniu especialistas para discutir o papel do Brasil na transição para uma economia verde e de baixo carbono, os desafios da governança ambiental e o protagonismo do país na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em Belém do Pará.
A conferência de abertura, Transformação Produtiva, COP 30 e economia verde, foi conduzida pelo secretário adjunto de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) Lucas Ramalho Maciel. Em sua exposição, Maciel destacou a economia verde como uma solução essencial diante dos desafios ambientais globais e abordou o papel da transformação produtiva e tecnológica nesse processo. Ele apresentou um panorama das graves crises ambientais que o mundo enfrenta, a exemplo do aquecimento global e da perda acelerada da biodiversidade, alertando para a urgência de uma ação coordenada entre as nações e para a relevância estratégica da COP 30 como fórum de decisões globais sobre o futuro do planeta.
Na sequência, a mesa de debates Desafios Ambientais e a Busca do Desenvolvimento Sustentável reuniu o ex-deputado e professor Liszt Vieira, a diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas Juliana Tupinambá, o doutor em economia Paulo Kliass e, remotamente, o jornalista Samuel Possebon, sob mediação do presidente do Clube de Engenharia do Brasil, Francis Bogossian.
Liszt Vieira abordou as interconexões entre democracia, globalização e as questões socioambientais, ressaltando que os desafios ambientais atuais estão profundamente ligados às desigualdades estruturais e à necessidade de fortalecer mecanismos democráticos e participativos. Paulo Kliass, por sua vez, contextualizou a sustentabilidade como uma das questões mais urgentes do mundo contemporâneo, destacando a importância de repensar o modelo econômico tradicional e de integrar a justiça social como elemento central nas políticas ambientais e produtivas. O economista apontou ainda para a mudança de mentalidade ocorrida nas últimas décadas, em que o meio ambiente deixou de ser um tema marginal para se tornar uma prioridade global.
Juliana Tupinambá trouxe ao debate a perspectiva dos povos indígenas, enfatizando que a proteção dos biomas e dos territórios tradicionais é inseparável da construção de uma transição ecológica justa. Ela destacou a necessidade de assegurar que as políticas de sustentabilidade respeitem a autonomia e a autodeterminação das comunidades originárias.
O jornalista Samuel Possebon apresentou dados e reflexões sobre o impacto ambiental das tecnologias digitais e o papel das grandes corporações tecnológicas nesse processo. Ele discutiu como a expansão da infraestrutura digital e o avanço da inteligência artificial estão associados a um aumento significativo do consumo energético e da emissão de carbono, alertando para o risco de que o domínio das Big Techs amplie as desigualdades ambientais e concentre ainda mais poder sobre os recursos tecnológicos e informacionais globais.
O encontro reafirmou a urgência de repensar os caminhos do desenvolvimento a partir de um olhar que una economia, sociedade e meio ambiente. Ao promover uma discussão plural sobre o papel do Brasil diante da crise climática e da COP 30, a Fundação Casa de Rui Barbosa reforça seu compromisso histórico com o debate público, o pensamento crítico e a construção coletiva de um futuro sustentável e democrático.
Assista ao debate completo:
O Seminário Desafios da Democracia Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa conta com o apoio da Associação Juízas e Juízes Para a Democracia, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (IBEP), da Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental (ANESP) e do Centro de Estudos Nacionais Autônomos (CENA).
Sobre o Programa Rui Barbosa e o Tempo Presente (Pro-Rui)
O Pro-Rui é uma iniciativa da Fundação Casa de Rui Barbosa dedicada à pesquisa, debate e difusão de questões centrais do mundo contemporâneo, como diversidade cultural, transição ecológica, desigualdade social, novas tecnologias, governança democrática e transformações geopolíticas. O programa promove seminários, colóquios, cursos, conferências e pesquisas em parceria com instituições de ensino e pesquisa do Brasil e do exterior, funcionando ainda como espaço de intercâmbio internacional e estímulo à produção de novas ideias e interpretações sobre os desafios do presente. Suas atividades também abrangem a disseminação de resultados junto à comunidade acadêmica e à sociedade por diversos meios, reforçando a missão da Fundação de fomentar a cultura, a pesquisa e o pensamento crítico.
Fonte: GOV.br



