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A formação de engenheiros e engenheiras do futuro

Em setembro deste ano, o Clube de Engenharia e a Academia Nacional de Engenharia enviaram, conjuntamente, documento com considerações ao Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre a proposta de Novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de graduação em Engenharia, trazida a público no mês anterior. Partindo da premissa de que tal atualização requeria, necessariamente, mais diálogo com a categoria, em especial com as Escolas de Engenharia, com as organizações da área e com o setor produtivo, o Clube e a Academia se posicionaram criticamente em relação a diferentes pontos da proposta apresentada pelo CNE e pleitearam a realização de uma Audiência Pública para que se auscultasse as opiniões da categoria.

Tal debate é de extrema relevância porque as diretrizes curriculares determinam os caminhos que as Escolas seguirão na formação dos engenheiros e das engenheiras do futuro. Em 1976, o então Conselho Federal de Educação emitiu a Resolução 48, que fundamentou currículos capazes de combinar as disciplinas de formação geral, essenciais para a formação ética, cidadã e transdisciplinar, e as disciplinas de formação específica, voltadas para o exercício da profissão na habilitação escolhida. Acreditamos que essa configuração não pode ser perdida, embora atualizações sejam possíveis e necessárias. É importante que o CNE indique os conteúdos esperados para os dois segmentos de disciplinas, considerando conteúdos mínimos, como a física, a química, a matemática e as ciências do ambiente. Cada Escola deve, no entanto, ter autonomia para organizar seus cursos a partir dessas diretrizes, respeitando a identidade própria e as peculiaridades locais e regionais.

Uma reestruturação do ciclo básico dos cursos é bem-vinda, já que o contato com disciplinas de formação específica desde o início do curso, ao contrário do que ocorre hoje, é importante para estimular o futuro profissional em sua área. Outro ponto essencial é a atualização dos currículos para os desafios da Engenharia atual, compreendendo a importância do estímulo às culturas de educação continuada, da inovação e do empreendedorismo entre os estudantes. Apoiamos o estímulo à formação com autonomia, com o emprego de metodologias pedagógicas participativas e o incentivo às empresas juniores, regulamentadas no Brasil pela lei 13.267/2016. O fomento à organização de redes interinstitucionais, visando a troca de experiências entre os cursos de Engenharia das várias instituições, também é uma diretriz relevante.

São preocupantes os dados sobre a formação dos engenheiros e das engenheiras hoje. O alto índice de evasão, acima de 50%, é reflexo de problemas como a educação básica insuficiente em matemática e física, além da frágil articulação entre as Escolas e o setor produtivo. Uma flexibilização do processo de contratação de professores também pode ajudar a estancar a evasão: com a exigência de mestrado e doutorado, além de pelo menos 1/3 dos docentes em dedicação exclusiva, acreditamos que os cursos perdem a oportunidade de estarem mais próximos de profissionais do setor produtivo.

É o futuro da Engenharia que está em discussão, com questões que devem ser amadurecidas. Neste sentido, após negociações, o CNE concordou em sediar no Clube, no dia 21 de novembro último, Audiência Pública sobre as diretrizes curriculares nacionais dos Cursos de Engenharia propostas pelo CNE.Esperamos que outras ocorram, para que se alcance o objetivo que todos almejamos: melhorar a qualidade dos cursos de Engenharia.

A Diretoria

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