Engenharia & Política: Rumo à Soberania do Brasil

Engenharia & Política: Rumo à Soberania do Brasil

Amaury Monteiro Junior

A criação do programa “A Engenharia e a Política”, no Canal Arte Agora, me levou a refletir sobre a interconexão crucial entre a nossa profissão, a esfera política e a sociedade. Tenho a convicção de que, para construir um país Democrático, Soberano, Socialmente Justo, Inclusivo e Tecnologicamente Avançado, é fundamental que o sistema de desenvolvimento se paute por uma visão consciente, humanista, participativa e atuante.

O tempo exíguo para a produção deste artigo, somado às minhas inquietações, me levou a recorrer à Inteligência Artificial. Utilizei essa ferramenta sob minha constante supervisão crítica para organizar as ideias, permitindo que eu apresentasse este artigo em tempo recorde. Não se assustem com a colaboração; devemos nos render aos novos tempos.

Este artigo visa lançar luz sobre uma tese central: a construção de um país soberano exige a integração inegociável de três pilares: a Engenharia, a Política e a Sociedade. Essa visão progressista se aplica a todas as áreas do conhecimento essenciais para o desenvolvimento do Brasil1.

Ao iniciar a abordagem sobre os diversos temas tratados nesse artigo seria importante ressaltar que a SOBERANIA NACIONAL é a capacidade de um país se autogovernar sem interferências externas e ameaças externas às suas instituições, garantindo o controle do seu território, recursos e decisões. A ENGENHARIA é um pilar essencial para sustentar essa soberania, pois é um dos motores do desenvolvimento tecnológico e da infraestrutura que garante a autonomia do Estado.

  1. A Engenharia como Ferramenta da Soberania

Quando falamos em ENGENHARIA neste artigo, leiam Agronomia, Geociências, Arquitetura e Engenharia. A engenharia, agronomia e geociências são as ferramentas que traduzem a soberania em realidade, sendo pilares do desenvolvimento autônomo e da defesa nacional.

  • Infraestrutura e Tecnologia: A engenharia projeta e constrói a infraestrutura crítica do país, de redes de energia a sistemas de comunicação 5G. A agronomia garante a segurança alimentar, e a geologia assegura o controle sobre nossos recursos minerais estratégicos4. O domínio desse conhecimento e a capacidade de aplicá-lo sem depender de tecnologia ou mão de obra estrangeira são a essência da soberania.
  • Formação Profissional e o Risco à Soberania: O futuro da engenharia e da soberania nacional depende diretamente da qualidade da formação de seus profissionais. A proposta de cursos semipresenciais é incompatível com a necessidade de aprendizado prático e aprofundado, comprometendo a capacidade de formar profissionais aptos a construir um país forte e nos tornando vulneráveis à dependência tecnológica estrangeira.
  • Entidades Profissionais: Conselhos, entidades e associações, como o Sistema CONFEA/CREA, são guardiões desse pilar. Eles garantem a fiscalização e a ética profissional, assegurando que os projetos sejam executados por brasileiros qualificados e com salários dignos. Essa regulamentação é vital para impedir a “fuga de cérebros” e proteger o mercado de trabalho nacional, elementos fundamentais para que a soberania seja uma realidade.
  1. A Política como Guia Estratégico

A política é o guia que define o propósito da engenharia0. É através dela que a nação decide quais desafios enfrentar e como a engenharia será usada para promover a justiça social e a soberania1. O país precisa se libertar urgentemente do papel de mero consumidor de tecnologia e fornecedor de matérias-primas12. Isso exige um investimento massivo em Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I), uma medida inadiável para combater ameaças à nossa soberania.

A substituição de redes de dados geridas por empresas estrangeiras, como a de Elon Musk, por soluções nacionais, é um exemplo prático que garante que a comunicação estratégica não seja vulnerável a controle externo. O Programa Nova Indústria Brasil (NIB) é a materialização de uma política proativa, e as entidades de engenharia devem atuar como guardiãs de seu direcionamento estratégico para que o NIB se torne um escudo contra a agressão imperialista15. O programa deve incentivar, de forma direcionada, a pesquisa e o desenvolvimento em setores de ponta, como:

  • Semicondutores: Desenvolver a capacidade de design e produção de chips no país.
  • Energias Renováveis: Impulsionar a fabricação nacional de tecnologias como painéis solares.
  • Inteligência Artificial (IA) e Cibersegurança: Fomentar o desenvolvimento de IA e sistemas de segurança cibernética com código aberto e tecnologia nacional.
  1. A Sociedade como Força Motriz

A engenharia, a política e a sociedade formam um sistema integrado e indivisível. Sem o engajamento e a participação ativa da sociedade, nenhum projeto pode alcançar seu pleno potencial.

  • Participação Cidadã: É fundamental criar mecanismos de consulta pública e comitês de acompanhamento para que projetos estratégicos atendam às reais necessidades da população e minimizem impactos negativos.
  • Transparência Total: A sociedade deve ter acesso irrestrito aos dados e orçamentos de projetos públicos, fortalecendo a confiança e o controle social.
  • Educação e Conscientização: É responsabilidade das entidades profissionais e do governo promover a conscientização pública sobre a importância da engenharia para o bem-estar social, valorizando todos os profissionais envolvidos.

Plano de Ação para Entidades de Engenharia

Para que essa visão se torne realidade, as entidades de classe precisam atuar de forma incisiva e propositiva:

  1. Defender o Salário Mínimo Profissional: Lutar pelo cumprimento do Salário Mínimo Profissional para reter talentos e evitar a “fuga de cérebros”.
  2. Modernizar a Legislação com Firmeza (PL 1024/2020): Propor emendas que garantam a rotatividade de lideranças e a fiscalização rigorosa dos mandatos. O texto da lei deve reforçar a defesa do Salário Mínimo Profissional e prever mecanismos para combater a precarização do trabalho.
  3. Implementar um Plano de Ação Estratégico:
    • Parceria com o NIB: Criar um comitê de assessoria para garantir que os recursos do Programa Nova Indústria Brasil sejam alocados em projetos que priorizem o desenvolvimento e a tecnologia nacional.
    • Campanha de Conscientização: Lançar uma campanha conjunta para mostrar a importância da engenharia e incentivar jovens a seguir carreiras em áreas estratégicas.
    • Combate à Formação de Baixa Qualidade: Atuar junto ao MEC para estabelecer diretrizes rígidas, combatendo a proliferação de cursos de baixa qualidade e garantindo carga horária presencial mínima.

O futuro da engenharia brasileira, e a soberania do país, dependem da capacidade de suas entidades de se manterem firmes na luta por um projeto de nação autônomo, socialmente justo e progressista, capaz de construir um país forte para as futuras gerações.

Com este artigo, espero abrir um debate fundamental para a construção de uma sociedade preparada para absorver as nossas futuras gerações e contribuir para o momento em que a soberania do nosso país é severamente atacada.


  • Esse artigo faz parte de uma série, em que ele é o primeiro da série.

Fonte: 68naluta.blog

Sobre o Autor

Amaury Pinto de Castro Monteiro Junior

Amaury Pinto de Castro Monteiro Junior

Bio: Engenheiro Civil, Professor Universitário, Mestre em Gestão Ambiental, Coordenador do movimento Geração 68 Sempre na Luta, âncora do programa A Política Nua e Crua exibido todos os sábados às 16h no Canal Arte Agora.

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