Instituto Rogerio Steinberg (IRS) dá apoio a crianças e jovens superdotados há 25 anos
Em todas as classes sociais, há crianças e jovens de grande potencial. As dificuldades financeiras e a precariedade principalmente da educação pública impedem, no entanto, que talentos nas camadas mais pobres sejam devidamente aproveitados. Na contramão dessa tendência, atua o Instituto Rogerio Steinberg (IRS), sediado no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio de Janeiro, desde 1998. A organização dá apoio a alunos superdotados de famílias socialmente vulneráveis e grande parte deles já, inclusive, se formou ou cursa universidades.
O trabalho social do IRS foi idealizado pela engenheira Clara Steinberg (1924-2015), fundadora da construtora Servenco junto com o marido, Jacob Steinberg (1924-2013). A instituição recebeu o nome do filho do casal, morto precocemente em um acidente automobilístico, e vem proporcionando oportunidades de aprendizado e desenvolvimento para crianças e jovens de altas habilidades e superdotação.
Os resultados desse trabalho de 25 anos foram apresentados pelo presidente da instituição, o engenheiro Márcio Vieira, que participou do projeto Humanidades na Engenharia. O título de sua palestra foi “Oportunizando um futuro melhor para a base da pirâmide social” e de fato o sistema adotado pela instituição tem como foco as camadas mais pobres. Para ingressar na organização, é preciso que a família tenha uma renda per capita de até um salário mínimo e meio.
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Por isso, grande parte dos beneficiados é de comunidades carentes que ficam próximas à sede da instituição. Sua seleção é rigorosa e inclui testes de inteligência aplicados a alunos de 70 escolas conveniadas da região, a maioria delas da rede municipal. São superdotados tanto do Ensino Fundamental quanto do Médio, que se aprovados passam a frequentar oficinas e aulas com o objetivo de estimular ainda mais suas habilidades e são preparados para realizar provas para escolas privadas de excelência, onde passam a estudar com bolsas.
Vieira explica que os desafios do projeto são muitos, mas os principais deles são conseguir selecionar um número relevante de estudantes realmente com alta inteligência dentro do escopo proposto e o de assegurar a permanência deles no projeto. Mudanças de residência, problemas de saúde na família e até a falta de um responsável para acompanhar os jovens são obstáculos para a permanência deles. No entanto, de um grupo de cerca de 500 alunos que participaram do projeto e foram acompanhados, 205 chegaram até a universidade, o que mostra a força dessa iniciativa.
O sistema do IRS é dividido em três grupos de alunos. No Desenvolvimento I, estudam aqueles que frequentam entre a 3ª e a 5ª série, no Desenvolvimento II, os que estão entre o 7º e o 9º ano. Outro grupo é formado por estudante do Ensino Médio. As oficinas são voltadas para o desenvolvimento da criatividade, raciocínio, capacidade de expressão, empreendedorismo, entre outras habilidades. Até robótica foi implementada para aguçar o talento para a tecnologia. Mas são oferecidas aulas de disciplinas mais tradicionais, como português e matemática como preparação para a seleção para o ingresso nas nove escolas de excelência parceiras.
“Nós trabalhamos com a base da pirâmide. A nossa missão é despertar e desenvolver talentos. Despertar no sentido de que muitas pessoas jovens têm talento e não sabem e uma vez encontrado, têm que desenvolvê-lo. E nós temos crenças que são importantes, que são a base do nosso trabalho. Primeiro que talento pode ser encontrado em qualquer classe social. Segundo que a desigualdade e a falta de oportunidades impedem o desenvolvimento de crianças e jovens de baixa renda. Em terceiro é que talento só se concretiza através de oportunidades e esforço pessoal”, explica Vieira, que também atribui à garra uma importante alavanca.
Ainda com grande apoio da Servenco, o projeto também conta com a colaboração de outras empresas para se manter, além de receber verbas através de editais públicos. Mas a extensão desse trabalho poderia ser mais ampla, se houvesse maior colaboração por parte do empresariado. Mais de mil alunos já passaram pelo IRS, o que contribui com a construção de uma sociedade mais justa e menos desigual. Entretanto, seriam necessárias várias outras escolas parecidas, principalmente na periferia para oferecer oportunidades para os jovens talentosos.
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O vice-presidente do Clube de Engenharia, Márcio Patusco, ressaltou a importância do projeto e seu sucesso na seleção de talentos e ao proporcionar aos jovens melhores oportunidades na vida. “Ao visitarmos o instituto, percebemos a efervescência e o interesse das crianças de aprenderem”, destaca Patusco.
A vice-presidente do Clube, Maria Alice Ibañez Duarte, que coordena o Humanidades, elogiou a iniciativa pelo seu caráter multiplicador. “Quantas pessoas melhoram sua vida por influência desses jovens que alcançaram o êxito através de desse projeto. A amplitude que o programa alcança, permitindo a ascensão e o bem-estar social e combatendo a desigualdade é inspiradora”, afirma Maria Alice.