Novas soluções contra enchentes prometem dar resiliência às cidades

Novas soluções contra enchentes prometem dar resiliência às cidades

Rio Acari, na zona Norte do Rio de Janeiro
Novas soluções contra enchentes prometem dar resiliência às cidades
Indústria Química Brasileira


Projeto feito para a Bacia do Rio Acari, no Rio, é apresentado no Clube

Diante das mudanças climáticas e dos cada vez mais frequentes eventos extremos, as cidades precisam mais do que nunca ampliar sua capacidade de resiliência para mitigar os efeitos dessas condições do tempo. Soluções simples, porém planejadas num conjunto de intervenções, poderão não apenas otimizar a infraestrutura existente, mas ao mesmo tempo melhorar os serviços e a qualidade do ambiente urbano. É a lição da palestra do professor da PUC-Rio Antonio Krishnamurti no Clube de Engenharia. Ele apresentou projeto desenvolvido para a bacia do Rio Acari, na Zona Norte do Rio, como exemplo de adaptação de uma região às fortes tempestades que caem sobre a cidade. Apesar de o momento atual ser de seca, a possibilidade de fortes precipitações no verão é sempre alta.

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Antonio Krishnamurti ao lado da diretora Tatiana Ferreira e do engenheiro João Paulo Pereira

De acordo com Krishnamurti, além da severidade mais intensa dos fenômenos meteorológicos, as cidades vêm sofrendo com a crescente urbanização e com obras que impermeabilizam o solo. A visão de que todos os espaços precisam ser cobertos pelo concreto ou o asfalto resulta na construção de ambientes urbanos mais vulneráveis a enchentes. No entanto, até mesmo em grandes cidades como o Rio de Janeiro ainda restam espaços vazios que podem ser aproveitados para um escoamento e infiltração mais eficiente da água da chuva, num processo de reestruturação que também privilegie o lazer e a convivência dos moradores com a natureza.

A resiliência, que é uma característica dos ecossistemas que os tornam mais resistentes e com melhor capacidade de resposta aos fenômenos naturais e antrópicos, pode ser também uma qualidade dos espaços urbanos. Para isso, eles precisam sofrer intervenções para que respeitem um modelo de maior sustentabilidade. Nesse processo, além do uso de áreas não ocupadas para a vazão da água da chuva, os sistemas de drenagem existentes também devem ser aprimorados. As tubulações e galerias, que já sofrem com problemas de entupimento e manutenção, enfrentam gargalos e estrangulamentos. Em situações de tempestades, esses problemas são cruciais.

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Rio Acari após as enchentes de dezembro de 2013. Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Conforme mostrou o professor em estudo realizado para a bacia do Rio Acari, as enchentes frequentes trazem transtornos graves para a população não só pela inundação das ruas e casas. O problema afeta a mobilidade, ao comprometer o funcionamento de modais de transporte, o comércio, as escolas, serviços públicos em geral e até equipamentos culturais.

O estudo apresentado contou com um aliado importante, que foi o processo de simulação hidrodinâmica, feito através de software desenvolvido pela UFRJ. A plataforma auxilia no mapeamento de pontos de inundação e mostra o quanto esses alagamentos seriam reduzidos com a realização de intervenções. O modelo desenvolvido prevê a desobstrução de redes de escoamento, criação de novos corredores pluviais, aproveitamento de espaços livres para a construção de reservatórios e, principalmente, um melhor escoamento da água nos pontos mais baixos.

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Ruas alagadas prejudicam o acesso ao transporte e aos serviços públicos. Crédito: Reprodução/TV Globo

O efeito dessas intervenções pode ser avaliado em diferentes cenários projetados a partir das mudanças climáticas, até com a possível elevação do mar. Em todas as situações, o novo sistema responderia muito melhor e reduziria drasticamente as enchentes numa região onde vivem atualmente 1 milhão de pessoas.

“O sistema de drenagem tem que ser visto como um caminho para ordenar os espaços urbanos quando se trabalha preventivamente ou como um catalisador de mudanças quando a mitigação de inundações é necessária. A necessidade de mitigação, por sua vez, leva a uma busca por espaços de armazenamento e possibilidades de infiltração, no sentido de recuperar funções hidrológicas perdidas durante a própria expansão urbana”, explicou o professor.

Assista aqui à palestra:

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