Há dez anos o Clube de Engenharia comemorou 130 anos em um palco improvisado na Rua Sete de Setembro. Com o trânsito fechado para as obras do VLT, até a Avenida Rio Branco parou com o imenso bolo de aniversário e a Banda Campesina de Friburgo. Era um tempo de festa, ao contrário de 2020, quando o aniversário de 140 anos, em 24 de dezembro último, aconteceu em meio à luta e ao luto. Com diretoria, funcionários, e o país em isolamento social enfrentando crises políticas, econômicas e sociais, agravadas pela pandemia do Coronavírus, o Clube comemorou em reunião virtual sua 14ª década
“Nas difíceis condições em que nos encontramos por conta dessa pandemia, não poderíamos deixar de utilizar recursos avançados da tecnologia e promover este encontro virtual para que todos e todas que nos honram com o fato de serem sócios dessa instituição, de dela participarem, se irmanarem a nós na comemoração destes 140 anos”, declarou o presidente Pedro Celestino na abertura do encontro.
O ex-presidente Hildebrando de Araújo Góes (gestão 1988 – 1991), deu ênfase à longevidade da entidade
e de grandes associados e gestões que pavimentaram o caminho até aqui. “Poucas instituições no mundo têm essa longevidade. São 140 anos de uma história profícua que nos deu a todos muitos frutos e muitas alegrias. É impossível não lembrar o engenheiro Paulo de Frontin, o engenheiro que garantiu a água ao Rio de Janeiro em apenas seis dias. O Clube de Engenharia era uma extensão da sua casa, e assim é conosco: o Clube é e sempre será um pouco a nossa casa”, destacou.
Fernando Celso Uchôa Cavalcanti (gestão 1991 / 1994) citou outros eventos que aconteceram naquele
mesmo 1880, ano da fundação do Clube de Engenharia: invenção da lâmpada, do primeiro elevador elétrico e da inauguração da nossa escola de Belas Artes, entre outros feitos históricos. “Isso mostra que a nossa entidade vem de muito longe. E foi nesses seus 140 anos de trajetória que o Clube forjou o seu conceito de luta colhendo vitórias e derrotas. A nossa engenharia sofre, evidentemente, muitas pressões, mas o Clube sempre está lá, na luta, em defesa da engenharia brasileira, do seu desenvolvimento tecnológico, da sua independência e da própria democracia em nosso país”, lembrou o ex-presidente.
As dificuldades de 2020 foram apontadas por Raymundo Theodoro Carvalho de Oliveira (gestões 1994-1997 e 2003-2006) como mais uma crise nacional cuja recuperação terá o Clube em um papel fundamental, como tantas vezes antes. “Tenho absoluta convicção de que este vai ficar enfatizado na história do Brasil como um dos momentos mais difíceis que o país e a nossa Engenharia viveram. Mas o Clube sempre teve um papel de destaque na superação de crises. Essa também vai ser superada e o Clube vai ter o seu papel nessa superação. Mesmo com todas as dificuldades, estou otimista. Eu que vivi momentos diferentes da história do Brasil, estou muito preocupado com o que está acontecendo agora. Tenho também a esperança de que vamos superar e vamos ajudar o Clube e o Brasil a saírem dessa situação”, defendeu Raymundo.
“Embora eu tenha tido muitas atividades na vida profissional, atividades públicas, ocupando alguns cargos que também marcam a minha vida, esse, o de presidente do Clube, talvez seja o mais importante. Ele é fruto do trabalho, fruto da presença do engenheiro na história da engenharia. Eu me sinto muito honrado, muito gratificado por fazer parte dessa história”, comemorou Renato Almeida (gestão 2000-2003). Sobre o momento atual vivido pelo país, Renato concorda que a longevidade do Clube serve como um lembrete constante de que crises são superadas. “Nós estamos vivendo um momento difícil da nossa história, da nossa vida, da engenharia, mas isso será superado como já foram superadas muitas outras dificuldades. Teremos que continuar juntos para poder marcar presença de todos nós, de todo o nosso trabalho no desenvolvimento da nossa engenharia e do país”.
Dedicado aos registros históricos da engenharia no Brasil, o ex-presidente Heloi José Fernandes Moreira (gestão 2006-2009) registrou que até 1874 o ensino da Engenharia estava restrito ao âmbito militar. Seis anos depois da criação da Escola Politécnica, instituição civil, nasceu o Clube de Engenharia, para consolidar a profissão e deslanchar a categoria de engenheiros civis. “Foi fundamental para a criação do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro e dos conselhos profissionais. Era o grande fornecedor de ideias para a construção do Brasil. Reafirmando o êxito de gerações na construção de um espaço democrático, voltado para a sociedade, Heloi comemora: “O Clube nunca se afastou de sua diretriz de construir um Brasil igualitário e justo para todos”.
Francis Bogossian, (gestão 2009-2015) que carregou a bandeira do Clube pela Avenida Rio Branco dez anos atrás, fechou o encontro. “Foi uma honra exercer ou tentar exercer a presidência do Clube de Engenharia por dois mandatos, depois de grandes nomes da Engenharia nacional, e ainda ser sucedido por Pedro Celestino. É uma honra ter tido a oportunidade de estar entre esses dedicados engenheiros e ter tentado ajudá-los a iniciar o trabalho que fizeram pelo nosso Clube de Engenharia”, concluiu.