Inovações de cadeiras de rodas, próteses e vestimentas foram experimentadas nos Jogos de Paris
Os Jogos Paralímpicos de Paris atraíram a atenção do mundo, cativando um público amante do esporte mas também aficionado por exemplos de superação. O que poucos percebem é que por trás do desempenho dos atletas foi empregada uma avançada tecnologia que serviu de auxílio para a realização das provas. Além de tornar o espetáculo mais belo, as inovações oferecerem uma contribuição fundamental para a vitória contra o preconceito e a inclusão de milhões de pessoas com necessidades especiais na sociedade.
O evento, que foi realizado entre os dias 28 de agosto e 8 de setembro na capital francesa, foi um poderoso laboratório para o que há de mais avançado em termos de engenharia voltada para a tecnologia assistiva. São equipamentos, recursos, dispositivos e metodologias que auxiliam pessoas com alguma deficiência ou mobilidade reduzida a participar das competições. Em Paris, viu-se o resultado de investimentos em pesquisa para o aprimoramento desses instrumentos com a exibição de novas cadeiras de rodas, próteses e vestimentas.
As melhorias também foram possíveis graças à ajuda de softwares que adequam os materiais às necessidades específicas dos atletas. Nesta última edição, foram utilizados, por exemplo, cadeiras de rodas hiperflexíveis, smart-próteses de joelhos ou pés prostéticos ultraleves. Próteses e órteses foram empregados com sensores acoplados que ajudam na adaptação aos movimentos dos atletas. Através de conexão com computadores, os instrumentos puderam sofrer ajustes para melhorar a performance.
Os sensores digitais também foram instalados em cadeiras de roda, feitas com materiais mais inteligentes. São recursos que permitem o monitoramento da rotação das rodas e a pressão do aparelho durante o movimento. A inovação nos equipamentos garante melhor desempenho em diferentes tipos de terrenos, oferecendo mais estabilidade e eficiência aos atletas
Ex-competidor e atualmente membro do comitê executivo dos Estados Unidos, o engenheiro Rory Cooper vem desenvolvendo aprimoramentos em diversos instrumentos através do Laboratório de Pesquisas em Engenharia Humana (HERL, na sigla em inglês), da Universidade de Pittsburgh. Ele que foi medalhista nos Jogos de Seul em 1988 e passou a conciliar sua experiência de atleta com seus conhecimentos científicos. Ajudou a criar novos recursos como aros de propulsão ergonômicos para cadeiras de rodas (tecnologia patenteado que é responsável pela redução de dores e lesões). Entre as modalidades que utilizam cadeiras de rodas estão: basquete, handebol, esgrima e rúgbi.
Sensores interligados a computadores equipados com inteligência artificial também contribuem para melhorias nos treinamentos e no desempenho nas competições por parte de atletas paralímpicos. Esses instrumentos, que muitas vezes podem se apresentar na forma de verdadeiros computadores vestíveis, fornecem informações que permitem a treinadores a avaliarem a atuação e até evitam lesões. Sistemas como o TritonWear, utilizado na natação, fornecem dados detalhados sobre a eficiência dos movimentos, permitindo que os treinadores ajustem o treinamento de acordo com as necessidades específicas de cada atleta.
A tecnologia digital também vem contribuindo com a inclusão nas arquibancadas. Para tornar a experiência dos espectadores que possuem alguma deficiência, há por exemplo descrições de áudio, interpretação em língua de sinais e visuais de alto contraste facilitaram a acessibilidade para pessoas com deficiências visuais ou auditivas.
Todas essas novidades são saudadas Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Comitê Paralímpico Internacional (IPC), que até criaram uma campanha para incentivar o uso e a divulgação das tecnologias assistivas. “Equipado para a equidade” é o mote do projeto que enfatizou o papel crucial desses recursos para os atletas paraolímpicos, incluindo uma ação global articulada para melhorar o acesso a estes produtos essenciais de saúde.
Durante os Jogos, a OMS e o IPC aproveitaram o evento para compartilhar mensagens e informações focadas na importância da tecnologia assistiva, como os atletas a utilizam e por que o acesso universal é essencial. A campanha foi focada na divulgação de histórias pessoais de atletas e destacou os sucessos nacionais na promoção do acesso a estes produtos essenciais para a saúde.