Debate contou com a participação de representantes do Clube e também apontou atraso no pagamento do Cartão Recomeçar pelo estado
Com a proximidade do verão, cresce a preocupação com as chuvas fortes, que podem causar deslizamentos e enchentes. No entanto, conforme foi demonstrado em audiência pública, o Estado do Rio ainda está despreparado para enfrentar o problema. Debate promovido pela Frente Parlamentar de Prevenção às Tragédias e Defesa da Moradia Digna da Alerj ao mesmo tempo em que apontou para problemas como o do atraso nos pagamentos do programa estadual Cartão Recomeçar, apresentou soluções para a prevenção às tragédias. Participaram da audiência o presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, e o diretor de Atividades Técnicas da entidade, Pedro Enrique Monforte.
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A audiência foi convocada pelo coordenador da Frente, deputado estadual Yuri Moura (PSOL), que criticou tanto a falta de assistência às famílias que foram vítimas de desastres naturais como o baixo volume de investimentos em Defesa Civil e Saneamento. Segundo ele, as prefeituras também não aplicam recursos necessários na prevenção a esses eventos, que tendem a ficar mais drástico com o aquecimento global.
“É preciso promover o aprimoramento das políticas públicas. Não adianta remover o povo para um lugar pior, isolado, sem acesso ao posto de saúde, escola e sem transporte público”, afirmou Yuri.
O presidente do Clube, Francis Bogossian, frisou a importância da prevenção, que evita danos maiores quando se trata de desastres naturais. Segundo ele, tanto na esfera estadual quanto federal, deveria ser criado órgão especializado em prevenção e mitigação de catástrofes, tendo em vista os ganhos sociais e econômicos que pode gerar.
“Na mitigação da catástrofe, você evita que ela ocorra. Você gasta dependendo do caso de 2% a 10% do que seria gasto esperando ela acontecer. Além disso, há a prevenção a mortes e perda de patrimônio, como moradias e áreas de trabalho, principalmente para os menos favorecidos”, explicou Francis.
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O diretor Pedro Enrique Monforte, que também representou o movimento Brigadas Populares, enfatizou também a necessidade de engenheiros e arquitetos prestarem serviços voluntários aos mais necessitados, devido às dificuldades financeiras da população mais vulnerável às catástrofes. A falta de acesso a esse conhecimento técnico agrava o problema da omissão do poder público.
“Para ter acesso aos serviços públicos, a pessoa precisa de um comprovante de residência. Por isso, habitação é tão importante para a cidadania. Mas nas comunidades ainda há muita gente que não tem essa condição”, destacou Pedro Enrique.
Durante a audiência, o estudante de engenharia mecânica da UFRJ Levi de Oliveira falou sobre projeto desenvolvido voluntariamente para a prevenção em caso de chuvas fortes. Foi criado um sensor para alertar quando ocorre alagamentos.
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“Muitas vezes ouvimos que não há recursos para os investimentos. Desenvolvemos um projeto que é barato e tem também manutenção barata e esperamos apoio financeiro para implementá-lo nas comunidades”, disse Levi.
A audiência contou com a participação de diversos líderes comunitários, que relataram as condições vividas nesses lugares, principalmente com desabrigados e áreas de risco. O coordenador da Frente se comprometeu a manter a cobrança com relação ao poder público e anunciou a realização de outro evento, convidando o presidente Francis Bogossian a participar para detalhar suas propostas.