Apesar de estar em sétimo lugar no ranking mundial, o país pode subir de posição, segundo o Serviço Geológico do Brasil
O Brasil possui potencial para figurar entre os três maiores detentores de reservas de urânio no planeta. A estimativa é do Serviço Geológico do Brasil (antiga CPRM), que já contabilizou jazidas cujo somatório coloca o país em sétimo lugar no ranking, com cerca de 310.000 tU. O SBG vem encontrando novas áreas para exploração, através do Programa Avaliação do Potencial de Minerais Radioativos no Brasil. A inciativa também traz benefícios, através da análise de entraves e alternativas para a produção do urânio nacional, fornecendo informações pertinentes à gestão estratégica da Política Nuclear Brasileira. São dados cada vez mais úteis diante de uma reavaliação da importância da energia nuclear no mundo, principalmente por conta da necessidade de redução das emissões de CO2.
O Programa tem identificado novas áreas no território nacional para prospecção do urânio. Ele também é responsável pela proposição de critérios de prospecção mais eficientes para os diferentes distritos e províncias minerais. A iniciativa contribui para estimar com mais embasamento os recursos de minérios nucleares não descobertos e avaliar sua viabilidade econômica. A inciativa atende aos objetivos do Plano Nacional de Energia (PNE) 2050, que recomenda a retomada da exploração de recursos minerais para o desenvolvimento da energia nuclear no Brasil.
Como resultado da primeira fase do Programa, foi divulgado recentemente o Mapa de Avaliação do Potencial de Urânio do Brasil (disponível aqui). No estudo, é apresentado um conjunto de informações, com avaliação atualizada na escala 1:5.000.000, da distribuição dos depósitos e províncias de urânio. Há também delimitação das unidades geológicas mais favoráveis para ocorrência desse minério a partir de métodos de hierarquização mineral.
De acordo com pesquisadores da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais (DGM) do SGB, desde os anos de 1970, com a descoberta das jazidas de Itatiaia, no Ceará, e Lagoa Real, na Bahia, o país já alcançava posição de destaque em termos de recursos significativos do minério. Desde então, já foram identificadas novas ocorrências de urânio no território brasileiro, como os depósitos de Serra das Gaivotas, em Minas Gerais; Rio Cristalino, no Pará; e Figueiras, no Paraná.
Atualmente, a única mina de urânio em operação no Brasil explora o depósito de Lagoa Real, em Caetité, no estado da Bahia, onde os recursos minerais são estimados em 99,1 mil toneladas. Mais de 38 anomalias (áreas de alta concentração de urânio) foram identificadas nessa área. Só essa mina tem capacidade de produzir cerca de 400 toneladas/ano, com potencial para chegar a 800 toneladas/ano.