Os produtos químicos integram o nosso cotidiano e estão em todas as atividades humanas: vestuário, comunicação, agricultura, saúde, indústria, transporte, atividades domésticas. Eles enriquecem nossa vida e permitiram a predominância dos seres humanos no planeta, especialmente a partir do século 20, com a introdução de novos medicamentos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria química, ABIQUIM, a indústria química brasileira é a 6ª maior do mundo, sendo responsável por 3,4% do PIB total em 2022 e por 11% do PIB industrial.
No entanto, se não forem bem administrados, os produtos químicos podem prejudicar o meio ambiente e a saúde das pessoas. É precisamente na etapa do uso, de todo ciclo de vida dos produtos químicos que se verificam seus maiores impactos, seja por imperícia do consumidor, falta de informação ou pela falta de cooperação entre fornecedor e cliente.
Se por um lado, o consumidor detém a o know-how do seu processo e do mercado de seus produtos, o fornecedor de produtos químicos, seja fabricante, comercializador ou distribuidor, ele domina a tecnologia e os mecanismos de sua atuação. De maneira geral, este conhecimento não integra a comercialização dos produtos químicos, pois os ganhos de fornecedor são baseados no volume de vendas: maior a quantidade vendida, maior o lucro. E a meta das empresas é sempre aumentar as vendas, o que favorece o desperdício, os retrabalhos, a geração de resíduos e efluentes.
O modelo de negócios Chemical Leasing, desenvolvido e propagado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial –UNIDO (Chemical Leasing – A Performance-Based Business Model) e apoiado pelos governos da Áustria, Alemanha e Suíça, inverte esta lógica, pois o desempenho econômico dos fornecedores de produtos químicos é baseado em performance. Em outras palavras, neste modelo de negócios, o fornecedor deixa de vender produtos químicos, e em seu lugar vende o serviço químico. A unidade de pagamento deixa de ser reais/kg ou litro de produto, mas pelo benefício obtido pelo produto, como por exemplo, reais/m3 de efluentes ou água tratada, há de área livre de pragas, número de sacas colhidas, número de carros pintados, etc. Com o valor fixado no benefício químico, a redução do consumo de produtos químicos passa a ser do interesse do fornecedor. Neste modelo, os interesses do cliente e do fornecedor são convergentes, o que favorece o ambiente de negócios e os protegem da entrada no mercado de produtos mais baratos e de pior performance técnica e ambiental. Se estabelecem relações comerciais mais duradouras, onde benefícios econômicos e sociais são compartilhados entre os parceiros comerciais.
Há uma série de critérios de sustentabilidade que são aplicados ao modelo Chemical Leasing, relacionados à periculosidade dos produtos químicos, seu manejo e dos resíduos que gera, os aspectos econômicos e sociais, entre outros. Devido aos critérios de sustentabilidade e a transformação de produto em serviço, o Chemical Leasing é considerada uma das estratégias para a transição à Economia Circular no setor químico.
Atualmente, mais de 500 empresas aplicam o modelo em todo o mundo, com vários benefícios reportados, econômicos, ambientais e sociais. No Brasil, o primeiro contrato neste modelo já dura quase 20 (vinte) anos e é aplicado na indústria automobilística nas áreas de pintura de veículos e de tratamento de efluentes.
Global Chemical Leasing Award 2024
Com o objetivo de incentivar empresas de todo o mundo a implementar o modelo, e assim contribuir para a redução da poluição química em âmbito global, a UNIDO promove a cada dois ou três anos, uma premiação dos melhores casos de emprego do modelo Chemical Leasing, incluindo os mais inovadores, os projetos de pesquisa e capacitação. Os três melhores exemplos são premiados nas categorias ouro, prata e bronze.
O primeiro prêmio recebe além do certificado um valor em dinheiro. No entanto, os três melhores casos recebem um certificado ratificado pela UNIDO, governos da Áustria e eventualmente, Alemanha, Suíça e instituições como a Associação Europeia de Distribuidores de Produtos Químicos.
Na América Latina, vários países já tiveram estudos de casos reconhecidos, especialmente Colômbia, Equador, Brasil, Costa Rica, El Salvador. Desde a edição de 2014, o Brasil esteve no pódio, nas categorias prata ou ouro. A UNIDO mantém sempre um especialista para apoiar a inscrição de novos casos, com o objetivo de estender e ter bons exemplos em sua base de dados que é compartilhada e disponível em todos os continentes.
A inscrição é gratuita e o prazo para a premiação de 2024 se encerra no dia 03/12/2024. Os interessados podem obter mais informações com nossa associada e consultora internacional da UNIDO: Eng. Ana Oestreich – anaoest@jaguarete.eco.br – Whatsapp (21) 981660865