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Clube de Engenharia inaugura espaço dedicado aos escritores engenheiros

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Com objetivo de enaltecer a literatura em suas mais diversas vertentes, o Espaço Escritores Engenheiros foi inaugurado em 27 de junho, no 22º andar do Clube de Engenharia. Euclides da Cunha (1866-1909), Lima Barreto (1881-1922) e Antonio Dias Leite (1920-2017) foram os engenheiros escritores homenageados na inauguração. Seus retratos, dispostos na biblioteca, agora demarcam o novo espaço. Euclides da Cunha, jornalista, professor e poeta, muito conhecido como escritor, também era engenheiro de formação, e Lima Barreto — homenageado deste ano da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) — não chegou a se formar, mas estudou na Escola Politécnica quando jovem. Segundo Cesar Drucker, Diretor de Atividades Culturais e Cívicas do Clube, o espaço, com a programação sob sua responsabilidade, estará disponível como local de encontro para os amantes da literatura e para celebração de novos eventos culturais.

A importância e as particularidades de cada um dos homenageados foram destaques nas palavras de Pedro Celestino, presidente do Clube de Engenharia: “Euclides da Cunha foi o que com maior precisão definiu o caráter do brasileiro. Na sua obra, “Os Sertões”, nos dá a dimensão do nosso homem, da dificuldade de enfrentar a natureza e as características de nosso território, que descreveu com notável precisão nessa obra magistral. Lima Barreto resgata o Brasil oprimido. É um símbolo do Brasil recém-liberto da escravatura, anônimo e já urbano. É ele um dos primeiros escritores a colocar as contradições sociais que permeiam nosso desenvolvimento. Finalmente, Antonio Dias Leite é o símbolo do Brasil moderno, que minha geração assistiu, construiu, e tem nele um dos seus maiores artífices. Era um homem de visão pública, que dedicou a vida à construção de um país soberano, economicamente desenvolvido, socialmente justo e democrático. Por isso ele é o que simboliza o Brasil do presente”.

E concluiu o presidente do Clube de Engenharia: “Essa homenagem tem, portanto, o caráter de mostrar a diversidade do nosso homem e desse país notável que é o Brasil, hoje vítima de uma crise de pessimismo. Miremos no exemplo deles para continuar a construção desse país. Não podemos deixar perder o esforço que esses brasileiros empreenderam para que chegássemos aqui. E ainda nesta situação como uma das maiores economias do mundo”.

Convidado especial, Ricardo Cravo Alvim, presidente da Academia Carioca de Letras, além de parabenizar a criação do novo espaço, afirmou que o Clube pode contar com a colaboração da Academia. “Temos a possibilidade de desenvolvê-lo para que outros engenheiros sejam também homenageados. É uma emoção poder contemplar Euclides da Cunha e Lima Barreto aqui”, disse ele. “Saudamos a iniciativa e registramos também a homenagem ao saudoso Antonio Dias Leite, de extraordinária memória e serviços prestados ao país”.

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O amigo e o profissional

O professor e ex-ministro Antonio Dias Leite teve seu último livro “Meu século – O Brasil em que vivi”, coletânea de crônicas e memórias, lançado no evento. O editor e conselheiro do Clube de Engenharia José Luiz Alquéres, a partir da relação profissional e de amizade com o escritor, em relato emocionado falou do caráter intimista do livro, que tem sua origem nos escritos familiares de Dias Leite dedicados aos netos. “Trata-se da história do Brasil pelos olhos do menino Dias Leite, adolescente, estudante de engenharia, jovem e pai de família. Foi uma vida muito rica e exemplar”, disse Alquéres.

Além de textos do autor, o livro também traz escritos de seus familiares. “Ele nunca deixou de ter enorme atenção para sua grande família. Isso fica claro na quarta parte do livro, com depoimentos de netos. E aí é possível ver como cada um guarda alguma coisa e isso ajuda a compor o mosaico do caráter e absoluta transparência e dignidade desse homem”, contou Alquéres. “Foi um homem devotado ao conhecimento e absolutamente tolerante no sentido mais amplo da palavra, que é conviver com as tendências e procurar delas o melhor”.

Representando o pai, Ana Luísa Dias Leite agradeceu ao Clube de Engenharia a iniciativa e demonstrou imensa gratidão a José Luiz Alquéres, pela amizade com seu pai. “Ao longo de 2016 foram feitas várias reuniões em que o Brasil era discutido, e Alquéres as conduziu, assim como conduziu a edição do livro com muito carinho”, disse ela.

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Prêmio Jabuti

Autor de 18 livros sobre o setor elétrico brasileiro, dias Leite foi ministro de Minas e Energia (1969-1974) e presidente da Companhia Vale do Rio Doce (1967-1969). Desempenhou relevante papel nas negociações com o Paraguai para a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu (hoje Itaipu Binacional), em 1982, e recebeu, em 1998, o Prêmio Jabuti, um dos mais importantes da literatura nacional, por sua obra “A Energia do Brasil” (1997). Faleceu em abril deste ano, após sofrer complicações por causa de uma queda. Apesar da idade avançada, continuava a escrever e a participar ativamente das discussões sobre o setor elétrico brasileiro.

Em “Meu século – O Brasil em que vivi”, Antonio Dias Leite mostra sua visão, em formato de crônicas, sobre diferentes momentos de sua história e da história do país. Em “A grande mudança (1920-1954)”, fala sobre a infância e o início da formação profissional, além de opinar sobre a Era Vargas, a Segunda Guerra Mundial e iniciativas governamentais no pós-guerra. “O espetáculo do crescimento (1955-1980)” trata do período do desenvolvimentismo e da Ditadura Militar. Traz, ainda, em sua trajetória literária textos sobre sustentabilidade e uso de recursos naturais. Em “A nova globalização (1980-2015)”, Dias Leite aborda temas tecnológicos e a crise financeira de 2008.

Segundo o editor José Luiz Alquéres, entre as homenagens em vida que mais marcaram Dias Leite está a Medalha Paulo de Frontin, a maior comenda do Clube de Engenharia, que lhe atribuiu o título de Eminente Engenheiro de 2015.

Em clima de celebração, não faltou no ambiente literário a poesia da música popular brasileira, ao som do violão de João Paulo e do bandolim do conselheiro Luiz Carneiro. 

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