Introdução
O Rio de Janeiro não é chamado de Cidade Maravilhosa apenas pela sua beleza natural. Os avanços na área da Engenharia também contribuem para a melhor disposição do Estado e impactam positivamente a vida da população carioca, principalmente no âmbito da mobilidade urbana. Abaixo, o Crea-RJ destaca as sete principais obras de Engenharia que transformaram o Rio:
Estrada de Ferro Mauá (1854)
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A Estrada de Ferro Mauá começou em 1852 com o lançamento da pedra fundamental nas terras da fazenda do Fragoso, que pertenceu ao comendador Albino José de Siqueira, fazendeiro, político e chefe da Guarda
Nacional, e contou com a presença da Imperatriz D. Tereza Cristina e do Imperador D. Pedro II, no extinto município de Estrela, atualmente território de Magé.
Foi inaugurada no dia 30 de abril de 1854 e contou com políticos, nobres e fazendeiros da época. A ferrovia foi um marco na história econômica do Brasil, sendo a primeira estrada de ferro do Brasil e a terc
eira da América Latina.
Além do transporte da família imperial para a freguesia de São Pedro de Alcântara de Petrópolis – que se tornaria cidade apenas em 1857, emancipando-se de Estrela – a estrada de ferro foi utilizada para facilitar o escoamento da produção cafeeira do Vale do Paraíba. Com o declínio do comércio do café e com a concorrência da Estrada de Ferro D. Pedro II, a E.F. Mauá sofreu prejuízos e foi progressivamente diminuindo o uso da locomotiva.
Aterro do Flamengo (1965)
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Um marco no paisagismo carioca, o Aterro do Flamengo foi idealizado pela arquiteta autodidata Maria Carlota Costallat de Macedo Soares (1910 – 1967), que tinha como objetivo não só criar um parque convencional, mas impactar positivamente na qualidade de vida da população, fazendo com que os usuários utilizassem as áreas de lazer como fosse melhor para cada um.
O projeto também deveria integrar os equipamentos urbanos já existentes, como o Aeroporto Santos Dumont, de 1944, e o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra (mais conhecido como Monumento aos Pracinhas), inaugurado em 1960. Também contou com a participação de uma equipe composta por profissionais de áreas diversas, incluindo tráfego e infraestrutura, foi assinado pelos arquitetos Affonso Eduardo Reidy (1909-1964), Sérgio Wladimir Bernardes (1919-2002) e Jorge Machado Moreira (1904-1992). Também participaram dos trabalhos o paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994) e o botânico Luiz Emygdio de Mello Filho (1913-2002).
O parque inaugurado em 1965, com a configuração que conhecemos e medindo 1,2 milhão de metros quadrados e utilizou-se o desmonte de morros, como o Morro de Santo Antônio, no Centro, cujo entulho foi despejado na Baía de Guanabara para criar a área aterrada, criando um dos maiores parques urbanos do mundo. O Parque do Flamengo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e abriga atrações como o Museu de Arte Moderna (MAM), a Marina da Glória, o Monumento a Estácio de Sá e o Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, que dá o nome oficial ao complexo.
Túnel Rebouças (1967)
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Em homenagem aos irmãos engenheiros André e Antônio Rebouças, o túnel de 2,8 km de extensão, inaugurado em 3 de outubro de 1967, facilitou a ligação entre a Zona Norte e a Zona Sul, melhorando a mobilidade urbana da cidade. Os irmãos são considerados os primeiros afrodescendentes brasileiros a cursar uma universidade e os dois maiores engenheiros do Brasil no século XIX.
A obra trouxe inovações ao colocar praticamente lado a lado geólogos e engenheiros, que empregaram técnicas apuradas, que economizaram recursos e trouxeram agilidade para concluir ao todo 5,6 quilômetros em perfurações. O projeto, iniciado em 1962 e concluído em 1967, também foi emblemático na modernidade de seu sistema anti-incêndio e contra a poluição do ar. As primeiras linhas de ônibus só começaram a usar o trajeto a partir de 1976.
O Estado da Guanabara, que executou o projeto através da SURSAN (Superintendência de Urbanização e Planejamento), firmou convênio com a Escola Nacional de Geologia da antiga Universidade do Brasil (atual UFRJ) para o assessoramento com relação às condições geológicas do trecho. O trabalho começou com um levantamento de campo da área e uma avaliação minuciosa das falhas existentes nas rochas, através da interpretação de fotografias aéreas.
Ponte Rio-Niterói (1974)
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A ponte, que no ano passado completou seus 50 anos, reduziu significativamente o tempo de deslocamento entre as duas cidades, marcando a história não só do Rio e de Niterói, mas de todo o país. Inaugurada em 4 de março de 1974, a estrutura de 13,29 quilômetros de extensão é muito mais do que apenas uma ligação física entre as duas cidades – é um símbolo de progresso, integração e desenvolvimento.
Construída em pouco menos de seis anos, foi considerada, na época, a segunda maior ponte do mundo, perdendo apenas para a Ponte do Lago Pontchartrain, nos Estados Unidos. Tem 8,83km de extensão sobre a água, 72m de altura em seu ponto mais alto e vão central de 300m. É considerada, atualmente, a sexta maior ponte do mundo, a segunda mais extensa da América Latina, a maior ponte de concreto protendido do hemisfério sul, além de possuir o maior vão livre em reta contínua no mundo e o maior conjunto de estruturas protendidas da América.
A obra teve início simbólico, em 9 de novembro de 1968, com a presença da Rainha do Reino Unido, Elizabeth II, e de Sua Alteza Real, o Príncipe Filipe, Duque de Edimburgo, ao lado do ministro Mário Andreazza, mas as obras tiveram início realmente em janeiro de 1969. O canteiro principal se localizava na Ilha do Fundão, pertencente à Universidade Federal do Rio de Janeiro, havendo, também, canteiros secundários em Niterói. A estrutura de aço foi toda fabricada na Inglaterra em módulos, que chegaram ao Brasil por transporte marítimo. Sua fabricação final, com os elementos pré-soldados da Inglaterra, foi feita na Ilha do Caju, na Baía de Guanabara.
Os engenheiros responsáveis pelo projeto da ponte de concreto foram Antônio Alves de Noronha Filho e Benjamin Ernani Diaz e o engenheiro responsável pela ponte de aço foi o americano James Graham. As executoras da superestrutura em aço foram Dormann & Long, Cleveland Bridge e Montreal Engenharia.
Metrô do Rio de Janeiro (1979)
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Inaugurado em março de 1979, o metrô do Rio melhorou o transporte público e a mobilidade urbana em uma cidade com geografia desafiadora, e já contava com 4,3 quilômetros de trilhos ligando cinco pontos próximos da cidade. Nos primeiros dez dias de operação, seus trens transportaram mais de meio milhão de pessoas, numa média diária de 60 mil clientes e soma 4,1 bilhões de embarques realizados desde então, com recorde durante as Olimpíadas de 2016, com 1,1 milhão de embarques no sistema metroviário.
Entre as estações pioneiras, o maior movimento da operação foi na Cinelândia, que, com mais de um terço do total de passageiros, dividia então o fluxo com Praça Onze, Central, Presidente Vargas e Glória. Naquele primeiro momento do sistema, o Metrô operava com apenas quatro trens de quatro carros que circulavam com intervalos médios de oito minutos entre 9h e 15h, horário que foi esticado até as 23h em dezembro do mesmo ano. Atualmente, o metrô possui 41 estações, três linhas em atividade e 14 pontos de integração.
Linhas Vermelha (1992) e Amarela (1997)
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A Linha Vermelha foi inaugurada em 1992 com 22 km de extensão, é uma das principais vias expressas do Rio de Janeiro, mas sua história remonta ao final da década de 1960, quando foi concebida como parte de um plano
de desenvolvimento viário para a cidade. A ideia era criar uma nova rota que ligasse a zona norte ao centro do Rio de Janeiro, oferecendo uma alternativa à congestionada Avenida Brasil.
O projeto da Linha Vermelha foi oficialmente iniciado na década de 1980, durante a gestão do prefeito Marcello Alencar. A construção começou em 1985 e durou cerca de sete anos e a via foi planejada para ser uma rodovia de alta velocidade, com pistas duplas em cada sentido e acostamento. Seu nome é uma referência à cor vermelha presente no logotipo e sinalização da prefeitura do Rio de Janeiro na época da sua construção. Conecta bairros importantes como Centro, Cidade Nova, Maracanã e Ilha do Governador, sendo utilizada também para o acesso ao Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro.
Já a Linha Amarela com seus 25 km de extensão, nos anos 1960, durante o governo de Carlos Lacerda, a equipe do urbanista grego Constantinos Apóstolos Doxiadis elaborou um projeto inovador conhecido como “linhas policromáticas”. A ideia, projetada por Lúcio Costa, era criar um metrô que ligaria o bairro do Méier à Barra da Tijuca. Em dezembro de 1994, durante a primeira gestão de Cesar Maia como prefeito do Rio, a construção da Linha Amarela finalmente teve início.
São importantes rotas alternativas para desafogar o trânsito da Avenida Brasil e facilitar o deslocamento entre diferentes regiões da cidade, são essenciais para a mobilidade urbana carioca.
VLT Carioca (2016)
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O Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), parte do projeto de revitalização do Centro do Rio, inaugurado em 5 de junho de 2016, introduziu um novo sistema de transporte no centro da cidade, promovendo uma maior mobilidade e menor impacto ambiental. É movido à eletricidade, sem uso de combustível fóssil e conta com o sistema de Alimentação Pelos Solos (APS). A Energia é captada da rede elétrica por meio de um terceiro trilho instalado entre os trilhos de rolamento do trem, eliminando o uso de fiação aérea.
E além do sistema APS, o VLT Carioca conta com supercapacitores e banco de baterias embarcadas, que acumulam energia durante a circulação do trem e fornecem a alimentação necessária para atravessar cruzamentos e impedir o fechamento de vias. São veículos bidirecionais com capacidade de até 420 passageiros em cada trem e possui uma rede de aproximadamente 28 km de trilhos, com painéis eletrônicos nas paradas. Ele também não possui catracas e a validação da passagem é feita no seu interior.
Atualmente, o VLT conta 30 estações e paradas em operação e 32 trens em sua atual frota. Em 2024 foi inaugurado o Terminal Intermodal Gentileza e sua operação conta com linhas de ônibus municipais, do BRT Transbrasil e as linhas Santos Dumont-T. Gentileza (1-Azul) e Praça XV-T. Gentileza (4-Laranja) do VLT Carioca.
Fonte: CREA-RJ