Consequências econômicas da Operação Lava-Jato

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Setor de petróleo e gás foi um dos mais atingidos em consequência da Operação Lava-Jato. Foto: Petrobras

Em artigo publicado originalmente no Valor, Luiz Fernando de Paula, professor do Instituto de Economia da UFRJ e Coordenador do Grupo de Estudos de Economia e Política (GEEP) do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da UERJ, e Rafael Moura, doutorando de Ciências Políticas do Iesp/UERJ, apontam os impactos da Operação Lava-Jato no desmonte da engenharia e infraestrutura do país.

Os autores lembram que a operação, formalizada a partir de 2014, surgiu em um momento de crise no país — econômica, por conta da recessão, e política, com a polarização após a eleição presidencial daquele ano. As investigações tiveram grande impacto negativo na economia, atingindo principalmente os setores de petróleo e gás e de construção civil.

“Não é tarefa fácil estimar o impacto agregado da Operação Lava-Jato sobre a economia. Consultorias tais como GO Associados e Tendências, por exemplo, calculam algo em torno de 2 a 2,5% de contribuição nas retrações do PIB de 2015 e 2016 respectivamente, em função dos impactos nos setores metalomecânico, naval, construção civil e engenharia pesada cujas perdas podem totalizar até R$ 142 bilhões”, afirmam.

Na construção civil, o cenário foi de paralisação: entre 2014 e 2017, dados apontam saldo negativo nas contratações e demissões que chegam a quase a 991.734 vagas. As grandes empreiteiras foram afetadas com quedas de receitas e, em consequência, demissões, queda de investimentos e venda de ativos. A Odebrecht, maior construtora nacional, passou, por exemplo, de R$107 bilhões em faturamento em 2014 para R$82 bilhões em 2017.

Já no setor de petróleo e gás a principal afetada foi a Petrobras, que teve prejuízos líquidos de R$26,6 bilhões no último trimestre de 2014 e de R$36,9 bilhões no último trimestre de 2015. O volume de investimento teve retração de quase 70%: US$48,8 bilhões em 2013 para US$15,1 bilhões em 2017. “Essa retração aguda da atuação da empresa contribuiu para uma redução dos trabalhadores empregados formalmente no Sistema Petrobras de 86.108 para 68.829 entre 2013 e 2016, e de 360.180 para 117.555 entre os terceirizados no período equivalente. Ou seja, num intervalo de quatro anos a cadeia produtiva direta da empresa teve perda de quase 260 mil postos de trabalho formais e informais”, apontam Luiz Fernando de Paula e Rafael Moura.

“O segmento de petróleo e gás foi a ponta de lança do processo de desestruturação econômica e desmonte da engenharia e infraestrutura do Brasil, acentuando inclusive uma tendência grave de desnacionalização das atividades produtivas do país em curso desde o pós-Plano Real”, dizem eles. As atuais vendas de ativos na Petrobras, argumentam eles, são resultados diretos desse processo e afetam gravemente “um dos poucos setores em que o capital nacional era forte e competitivo a nível internacional”.

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