Introdução
Íntegra dos pronunciamentos feitos na Assembleia Geral Magna, realizada em 9 de setembro de 2024
Discurso do presidente Francis Bogossian:
Boa noite, amigas e amigos,
- Senhoras e senhores convidados especiais assentes à mesa e nas primeiras filas do auditório.
- Senhoras e Senhores Diretores do CLUBE DE ENGENHARIA.
- Senhoras e Senhores Conselheiros Fiscais e Conselheiros Diretores.
- Senhores Ex-Presidentes do Clube.
- Minhas Senhoras e Meus Senhores.
É com imenso prazer que agradeço o apoio recebido de todos os Senhores Ex-Presidentes do CLUBE DE ENGENHARIA, de ex-Diretoras e ex-Diretores, ex-Conselheiras e ex-Conselheiros aos quais agradeço de público na pessoa de Bernardo Griner, notável engenheiro e membro vitalício do Conselho Diretor e ex-diretor, ressaltando seu comprometimento com o CLUBE DE ENGENHARIA.
Não posso deixar de agradecer, um a um, os 76% (setenta e seis por cento) dos sócios e das sócias, do CLUBE DE ENGENHARIA, que votaram, não só em mim, mas também, e principalmente, nos Vice-Presidentes (Fernando Peregrino e Olga Simbalista), como nos demais Diretores e Conselheiros Fiscais e ainda os 20 Membros Efetivos do Conselho Diretor.
Sou filho de Armênios católicos, que vieram para o Brasil, fugindo da perseguição religiosa do início do Século Vinte. Meu pai naturalizou-se brasileiro. Comerciante, ele logrou prosperar. Fomos criados sob a filosofia de que o trabalho engrandece, o estudo é fundamental e de que, como ele insistia, “ninguém fica rico gastando dinheiro, fica rico economizando”. Com os cintos apertados, apesar da culinária armênia sempre à nossa mesa, crescemos, os cinco irmãos, com o senso do pertencimento a essa Pátria. Num tempo em que muitos jovens de famílias prósperas recorriam ao expediente do “excesso de contingente” para não fazer o serviço militar, meu pai me orientou a servir a Marinha. Ele admirava a disciplina e os princípios de boa convivência e cordialidade, que caracterizam os integrantes da Força mais antiga entre as três. Aproveito para agradecer a presença dos ex-comandantes da Marinha do Brasil, Almirantes-de-Esquadra Leal Ferreira e Julio Soares de Moura Neto, cuja participação foi fundamental para o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), com o submarino nuclear, um dos pilares dos Projetos de Defesa. Não posso omitir a importância da Base Industrial de Defesa, pela imensa capacidade no arraste tecnológico e de desenvolvimento industrial do país, bem como pela sua utilização dual, civil e militar.
A influência de meu irmão, Elias Bogossian, engenheiro químico, prevaleceu sobre a prosperidade no comércio, que me era oferecida por meu pai, e optei pela Engenharia Civil. Não foi a ambição que me levou a, em 1972, abrir minha empresa de Geotecnia. O que me moveu a fundar a Geomecânica S.A. foi a certeza de que (aspas) “construir um grupo não é só crescer com outros, mas abdicar de si em prol do bem comum” (fecha aspas). A citação é de Gustave Courtois e dela tenho feito lema de minha vida empresarial, distribuindo, sempre que possível, os lucros, quando há. Os prejuízos ficam só comigo.
A engenharia é uma profissão fascinante e necessária ao desenvolvimento de qualquer país, com esse pensamento fui professor titular da cadeira da Mecânica de Solos na UFRJ e na UVA. Com essa convicção, envolvi-me em atividades associativas, sempre buscando enaltecer e expor a importância da engenharia nacional. E lá se vão anos de dedicação a entidades como a AEERJ, este CLUBE DE ENGENHARIA, a CBIC, a ABMS, e também a Internacional, a ABENGE, o CREA, que presidi interinamente durante a COVID, a Academia Nacional de Engenharia, que tive a honra de presidir por dois mandatos, a Academia Panamericana.
Voltei a disputar a eleição do CLUBE devido ao que chamo de “uma conjunção astral”. Os astros são os Ex-Presidentes do clube, todos eles combatentes notáveis pela engenharia, e o atual Presidente, Márcio Girão, que abriu mão da própria candidatura para me permitir a oportunidade de retomar minha incessante luta pela soberania da Nação, da qual a engenharia é mola propulsora.
O CLUBE DE ENGENHARIA – entidade Nacional fundada no Império, em 1880 – se propõe a ser o amálgama de todas as demais entidades brasileiras unidas nesse empenho comum para reerguer a Indústria Brasileira, apertando as mãos com o projeto do Governo Lula, NIB, Nova Indústria Brasil.
Sem partidarismos, buscando o apoio de todas as correntes de pensamento e de opinião, solicitando, para isso, a colaboração dos veículos jornalísticos, que esposem a mesma ideia de que o desenvolvimento nacional terá, na união de forças, o impulso de que mais necessita. Não estamos apoiando o projeto de um governo, estamos apostando num projeto do Estado Brasileiro, que tenha continuidade e se perpetue. Para isso, não basta o poder político, é fundamental o poder da vontade da sociedade civil e do conhecimento técnico-científico. Estão, aqui, nossos vice-presidentes, Fernando Peregrino, da FINEP, ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Estado, com toda a sua carreira vinculada às conquistas científicas, e Olga Simbalista, nossa engenheira nuclear, reconhecida pelos seus pares por sua grande capacidade técnica e o empenho nos cargos que ocupou na Eletronuclear e em Furnas Centrais Elétricas. Não existe nenhuma realização científica e tecnológica significativa na história do setor nuclear em que as mulheres não tenham desempenhado um papel mais relevante, como no desenvolvimento da energia nuclear. São as denominadas Mulheres Atômicas, que, a despeito de todos os tipos de preconceito e resistência, decidiram por uma vida no mundo das pesquisas. Elas foram as responsáveis por duas descobertas que mudaram o rumo da história da humanidade: a da radioatividade e dos elementos radioativos Rádio e Polônio, por Marie Curie, ganhadora de dois prêmios Nobel, de Química e de Física, e a descoberta da fissão do núcleo do Urânio, por Lise Meiter, cujo Prêmio Nobel foi atribuído ao seu chefe, Otto Hahn, já que, como judia, estava refugiada na Suíça, de onde transmitiu a ele sua descoberta, que mudaria a face do planeta com as explosões de bombas atômicas de urânio e plutônio, em Hiroshima e Nagasaki, respectivamente. A nossa Mulher Atômica, Olga Simbalista, vai exercer conosco a presidência do clube, notadamente nessa área.
Este momento, com a nossa eleição, nos abre a oportunidade de falar à sociedade e, em particular, aos engenheiros, destacando os pontos de atenção para que o Brasil retome a sua trajetória de avanços tecnológicos. São nossas prioridades as questões:
- Como já disse, nossa diretoria assume o compromisso de convocar, pelo CLUBE, a Engenharia e os Engenheiros brasileiros, em conjunto com as demais entidades irmãs, a se engajarem na mais importante política de industrialização das últimas décadas, que mobilizou mais de 20 ministérios e associações empresariais e de trabalhadores, graças à iniciativa do Presidente Lula. O Brasil já testemunhou esforços nesse sentido, como os de Vargas e de JK. Infelizmente, por uma mentalidade neoliberal, que nos dominou há algum tempo, retrocedemos. Essa nova política está baseada em parâmetros ambientais, sociais e tecnológicos. Ao visar adensar as cadeias produtivas no nosso território, com a indispensável ajuda da engenharia brasileira, a NIB produzirá frutos tecnológicos, empregos e objetivos ambientais, porque defenderá a soberania brasileira. O BNDES e a FINEP, aqui presentes nas pessoas de seus presidentes, Aloizio Mercadante e Celso Pansera, respectivamente, são as alas dessa luta! A FINEP dá conta de um dos pilares. O pilar da Inovação. Como diz o presidente Pansera, o mapa de voo da FINEP é a NIB. Essas falas são música para a engenharia. Podemos contar com isso. Nossa aliança é total, eventuais críticas serão construtivas e sempre visarão aperfeiçoar essa política pública de neo-industrialização.
- O aquecimento do Planeta e o quanto a engenharia nacional pode contribuir preventivamente. O Brasil será, no próximo ano, anfitrião da COP 30 (Conference of Parties) quando teremos a oportunidade de convocar a humanidade a ingressar em novo período da história. A atividade humana, obedecendo a um modelo de desenvolvimento econômico extrativista, tem protagonizado a destruição dos ecossistemas há muitas décadas, acarretando mudanças climáticas, que alteram profundamente a relação do homem com o ambiente. Precisamos mudar com urgência. A partir de agora, o progresso deve estar ancorado em todo o ciclo de vida de cada um dos produtos. Não cabe mais retirar bens da natureza, como se o planeta fosse infinito. A engenharia desempenha papel fundamental nessa transformação, lançando as bases para um progresso sustentável, com atenção especial nas áreas de qualidade das águas, saneamento, energias renováveis, infraestruturas resilientes, projetos de cidade e comunidades sustentáveis, além da indústria inovadora e sustentável. O compromisso das mudanças climáticas deve ser de todos.
- A necessidade de um plano habitacional e de saneamento, que não se restrinja ao – emergencial e muito necessário – Minha Casa Minha Vida. Sonhamos com uma instituição nos moldes do extinto BNHS, Banco Nacional de Habitação e Saneamento, mantido com recursos advindos do patrão e do empregado, através do FGTS, Fundo de Garantia de Tempo de Serviço, cujos fins prioritários incluíam a destinação de casa própria e saneamento básico aos brasileiros. Extinto o BNHS no governo do Presidente Sarney, o FGTS está hoje sendo usado com outras múltiplas finalidades.
- A criação de um Departamento Nacional de Prevenção e Mitigação de Catástrofes, DNPMC – a exemplo do DNOCS e do DNOS – vinculado à Presidência da República, com autonomia para tomar medidas emergenciais ágeis, subsidiando, técnica e financeiramente, as prefeituras, em vez de esperar a catástrofe acontecer para dizer que se vai cuidar. Gastam-se, na prevenção, de 2 a 10% do que se iria gastar na mitigação, a posteriori dos mortos, dos desaparecidos e dos que perderam suas propriedades, residências, locais de trabalho.
- O Brasil passa por um momento decisivo para a retomada de um projeto nacional desenvolvimentista, autônomo e soberano, interrompido em 2016. A Petrobrás, pelos seus projetos estratégicos de grande envergadura, é uma das principais condutoras desse projeto. A engenharia brasileira está pronta para participar integralmente dessa iniciativa, e o CLUBE DE ENGENHARIA se coloca à disposição para contribuir com o nosso Governo nessa reconstrução do Brasil. A manifestação das senhora Sylvia Anjos, diretora de Exploração e Produção da Petrobras, e a mensagem trazida por ela da presidente da Petrobrás, Magda Chambriard, nos trazem muitas esperanças na recuperação da Petrobrás, como o principal motor da recuperação do projeto nacional desenvolvimentista autônomo e soberano brasileiro. A Petrobrás, abrindo espaço para a inteligência, a competência e o compromisso com o Brasil e com a engenharia brasileira, tem, principalmente, o CLUBE DE ENGENHARIA, além de outras entidades da área, unidos na criação de um ambiente extraordinário para o Brasil ser reconstruído pelos e para os brasileiros. Para nós é grande honra ter, em nosso Conselho Diretor eleito, o geólogo e ex-diretor da Petrobrás, Guilherme Estrella, chamado de “o pai do pré-sal”.
- Não acreditamos que devamos preterir o capital industrial estrangeiro para o desenvolvimento do País, ao contrário, a associação de capitais externos com os locais é bem-vinda, desde que sob regras claras e que não iniba o capital local nem prejudique o Interesse nacional.
- Somos contra a Emenda nº 06, de agosto de 1995, que, na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, suprimiu o artigo 171 da Constituição Federal e tornou iguais as empresas, independente da origem do seu capital. Nenhum país do mundo se desenvolveu sem proteger sua indústria local. E é por isso que lutaremos.
- Vamos trabalhar pela mobilidade urbana, nos empenhando pelo transporte digno e proporcional às populações, em seus locais de moradia e de empregos, como o prefeito Eduardo Paes, aliás, já vem fazendo, desde seu primeiro mandato, porém, que seja com maior apoio financeiro dos governos estadual e federal. O transporte, digo, a mobilidade do cidadão, o ir e vir, é um direito constitucional, não é mera questão de lucro de empresários gulosos, que não equipam as frotas de ônibus e trens, de acordo com as necessidades básicas do trabalhador.
- Temos que apoiar o governo federal, independentemente do partido a que pertence, mas não podemos nos omitir diante de medidas parlamentares, da Câmara e do Senado, que mais parecem tentar impedir a retomada do desenvolvimento da Nação, unicamente por motivos pessoais e/ou partidários, traindo a própria definição de um Governo Democrático para servir a todos.
- Nós nos propomos a ser os guerreiros da luta desenvolvimentista do Brasil! Se é luta, há combates. Pela nossa vontade, estaremos na linha de frente.
O ilustre engenheiro José Luiz Alquéres, nosso Conselheiro, reflete sobre as políticas equivocadas, que levaram ao declínio da atividade dos engenheiros, agravadas por (aspas) “uma desastrada forma de reprimir a corrupção, que, não vitimando os corruptos, acabou por quase eliminar as nossas empresas e muito do nosso saber tecnológico acumulado. Deve-se repensar o novo ciclo de desenvolvimento da engenharia a partir de condicionantes diferentes daquelas do ciclo anterior” (fecha aspas).
Uma das mais graves vítimas desses “equívocos”, vamos chamar assim, é nosso ilustríssimo conselheiro, que hoje toma posse, Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, cabeça do projeto nuclear brasileiro, que viveu na própria pele um cerceamento, por agentes infiltrados na tentativa de boicotar seu trabalho hercúleo no domínio do ciclo do combustível nuclear, tentativa sem êxito, para nossa sorte.
A tecnologia nuclear, juntamente com a espacial e a do fundo dos oceanos, são as de maior importância na difusão de vasta gama de conhecimentos em praticamente todos os setores de uma nação. Seu domínio é comumente cerceado pelos países ditos (aspas) “mais iguais”, que detêm o poder de artefatos nucleares, porém, em nome da não proliferação de tais armas, tentam e quase sempre conseguem impedir que outras nações obtenham o seu domínio, mesmo aqueles que aderiram ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.
Na minha experiência de empresário empregador de engenheiros, que abriu sua empresa em época de pleno desenvolvimento econômico do país, posso observar que tal declínio apontado pelo Conselheiro Alquéres se deu a partir de uma visão neoliberal privatista do Estado brasileiro, que foi corrigida pelo ciclo virtuoso dos dois primeiros governos Lula e do primeiro governo Dilma, ciclo este interrompido desastrosamente pelo impeachment e a liquidação das empresas nacionais. Refiro-me às grandes, médias e pequenas construtoras de obras públicas, e até de obras privadas. Bem como se deve às privatizações atabalhoadas de empresas provedoras de serviços essenciais e fundamentais ao povo brasileiro, sem a necessária vigilância das agências reguladoras.
Estamos testemunhando as empresas brasileiras de engenharia tendo que se submeter às licitações em que vence o preço mais baixo, abaixo até dos custos. A Petrobrás, que foi meu maior cliente na área offshore (mar aberto), exigia o melhor preço, aquele que permitia a ela obter qualidade, segurança, responsabilidade social e inovação. Lá, desenvolvemos um sino de sondagem em mar aberto, permitindo a economia de divisas à maior empresa de economia mista do Brasil. Somos pela exigência, não do MENOR preço, mas do MELHOR preço.
A partir de 11 de novembro de 2024, o CLUBE DE ENGENHARIA irá sediar o grupo de estudos preparatório do Fórum de Engenharia Nacional, visando à aprovação, pela Secretaria Geral da Presidência da República, para a realização da “1ª Conferência Nacional da Engenharia”, em 2025.
Para não me estender, deixo à disposição de cada um nosso Programa Eleitoral, coordenado pelo Conselheiro Carlos Ferreira, que tanto nos ajudou na campanha, de forma aguerrida, bem como os Diretores, Tatiana Ferreira e Júlio Villas Boas, aos quais agradeço de público.
Muito obrigado.
Francis Bogossian
Discurso do ex-presidente Márcio Girão:
Senhoras e senhores, em especial Associados ao Clube de Engenharia
A palavra Engenheiro representa todos aqueles e aquelas que conforme nosso Estatuto define, a profissão num sentido amplo da aplicação do conhecimento científico, pragmático e criativo para solução de problemas técnicos, objetivando sua transformação em benefício da sociedade.
Em momentos como este, é importante refletirmos sobre a trajetória que nos trouxe até aqui, e os desafios que aguardam os agora responsáveis pelo destino da mais antiga e prestigiada entidade de engenharia.
Nos três anos em que nesta missão estivemos, destacamos a busca permanente da unidade que abraçamos como compromisso. Unidade de propósitos.
Com o apoio da chapa que nos elegeu há três anos, obtivemos expressivas vitórias em três eleições para o Conselho Diretor; Bancada do Clube no Crea; Diretoria e Comissões no CreaRJ.
Unidos não apenas internamente, mas com importantes entidades nacionais do setor da engenharia.
Nesta eleição, por exemplo, tivemos a satisfação em ver a proposta de uma frente unitária para a futura direção do Clube, merecer o apoio de personalidades ilustres, como o da Engenheira Luciana Santos, atual Ministra do MCTI.
A compreensão dos associados nessa questão, culminou com a expressiva vitória da Diretoria que agora toma posse, brindando-lhe com 76% dos votos.
Mas temos também que parabenizar todos e todas que se dispuseram a doar seu tempo e inteligência ao Clube, participando desta e das outras eleições, em especial Mathusalécio Padilha, candidato à presidência desta última.
Igualmente, agradecer a Cristina, em nome do esforço dos funcionários do Clube que foram lapidares nos difíceis momentos da pandemia.
Como sabemos, o Clube, além do congraçamento entre seus associados, exerce alguns papeis em benefício do país.
As 20 Divisões Técnicas, abarcando as especialidades da Engenharia, às quais cumprimento em nome de seu coordenador Marcio Patusco, pelos relevantes serviços prestados: eventos, debates, relatórios etc.
O Conselho Diretor, debatendo os principais assuntos da política, sempre no interesse imediato do papel da Engenharia para o desenvolvimento do país.
A Diretoria que, além da gestão propriamente dita, promoveu juntamente com os personagens acima, variadas atividades sociais e políticas, entre as quais destaco:
Memória Oral, com a trajetória da vida de importantes engenheiros, contada por eles mesmos.
Humanidades na Engenharia, debatendo temas humanitários com alguma relação com a Engenharia.
Encontros com Tecnologia, apresentando as velhas e novas tecnologias. Ali debatemos a Carta da Terra; Neoindustrialização (Peregrino); Sustentabilidade e Reciclagem; Prédios inteligentes; Energia solar; interação ICT-empresas; Cibersegurança; Inteligência Artificial; Letramento digital; Propriedade intelectual; os Oceanos; Metaverso entre outras.
Um Projeto para a Reconstrução do Brasil, quatro seminários, redundando em 68 propostas para o desenvolvimento nacional entregues às equipes de transição das eleições presidenciais.
Participaram Romildo Toledo (Coppe); Ildeu Moreira (SBPC); Artur Obino —(Clube); Ricardo Bielschosky; Tarso Genro — Luiz Gozaga Belluzzo; Guilherme Estrella — Adhemar Bahadian; Maurício Metri; Samuel Pinheiro Guimarães.
Em eventos especiais, aqui também estiveram personalidades do mundo político, da história, da ciência, da tecnologia, discutindo a Independência do Brasil; a Geopolítica internacional; a Energia Nuclear; a Transição Energética etc., em temas, que eu diria, fortemente ligados às novas seis missões do CNDI e da neo-industrialização.
Enfatizo também nosso setor de comunicação, com um Conselho Editorial que publica a revista bimestral de alta qualidade editorial: Engenharia em Revista.
Queria agora aproveitar os minutos que me restam, e a presença de autoridades sobre cujos ombros repousam os instrumentos mais importantes para o desenvolvimento nacional.
Deixo para o Francis a frase que ele cunhou, e já repetida em todo o país pelas entidades da engenharia, sobre a importância dos Engenheiros.
Mas, queria alertar que, embora seja unânime a necessidade de um Projeto Nacional de Desenvolvimento para o Brasil, o que hoje está consubstanciado em documentos, muito bem-feitos e pertinentes: PAC, FNDCT, CNDI e PBIA, não podem resultar em obra de ficção, como tantos outros no passado.
Temos recursos razoáveis e ciência de excelente qualidade; um Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação bem projetado e operante.
Porém, na divulgação da Inovação, a palavra Engenharia não acontece. Não é apenas uma coincidência, mas um aspecto cultural que concorre para que os jovens tenham perdido o interesse pela formação em engenharia.
É uma falha que corta ao meio o processo da Inovação, pois, embora conduzida pela Ciência, aquela apenas se realiza com a Engenharia.
Um outro aspecto, tão grave quanto, é que o texto atual dos projetos nacionais citados, não chega ao detalhamento necessário para estabelecer, no tempo e no espaço, onde e como serão aplicados os recursos e as encomendas tecnológicas do governo. Faltam-lhe AS ROTAS TECNOLÓGICAS.
A aceleração que o Brasil precisa para ombrear as nações desenvolvidas, e assim gerar a riqueza para o bem-estar de seu povo, exige um planejamento que integre a geração de conhecimento na academia com as competências empresariais de base tecnológica, aplicadas aos diversos eixos dos desafios dos projetos nacionais de desenvolvimento.
Somente assim, consultando o futuro, o orientador de uma tese saberá quais conhecimentos serão necessários, os empresários onde arriscarão seus projetos inovadores, e o governo, por meio de suas agências de fomento, onde mais eficientemente aplicará os recursos e a construção e manutenção da infraestrutura científica do país.
Em resumo, para acelerar, temos que otimizar o processo da inovação. As Rotas Tecnológicas seriam o instrumento inicial dos objetivos desenvolvimentistas do país, e constantemente revisitadas em conformidade, par e passo, à ampliação do conhecimento humano.
Desejo, em nome da Diretoria e do Conselho Diretor que tive a honra em presidir, das Divisões Técnicas e daqueles que acreditam numa Engenharia protagonista do progresso do Brasil, uma gestão com pleno sucesso.
Para encerrar, anuncio que o Clube sediará em 11 de novembro, o Fórum Nacional da Engenharia com mais de 140 personalidades já inscritas.
O propósito é levar esta luta unitária em prol da nossa Soberania e do Desenvolvimento, envolvendo as organizações de engenharia em todo o país.
Construir, assim, a força política necessária para que se torne definitivo aos máximos gestores da nação brasileira, de que, sem a Engenharia, não haverá solução para a aceleração do desenvolvimento do Brasil.
Obrigado
Márcio Girão
Assista aqui aos discursos: