Editorial: Clube de Engenharia do Brasil e a Nova Indústria Brasil

Clube de Engenharia do Brasil e a Nova Indústria Brasil

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A Nova Indústria Brasil (NIB), lançada em janeiro de 2024, prevê R$ 3,4 trilhões em investimentos públicos e privados, nos segmentos da agroindústria, automotivo, bioeconomia, energia renovável, construção civil, indústria da saúde, papel e celulose, siderurgia, defesa, aeroespacial, nuclear, semicondutores, entre outros. Segundo divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), no primeiro ano já há resultados significativos, como: o crescimento de 3,1% da produção industrial, de 9,1% do setor de bens de capital, de 3,5% do setor de bens de consumo, sendo de 10,6% de bens de consumo duráveis.

Nesse chamado projeto de neoindustrialização, as engenharias desempenham papel fundamental para criação de uma indústria mais eficiente, produtiva e sustentável, por meio do desenvolvimento e implementação de soluções tecnológicas inovadoras. As atividades envolvem as diferentes áreas, desde o desenvolvimento de processos até a implementação de programas de treinamento em segurança.

A previsão, segundo o MDIC, é de R$ 1,2 trilhão de investimentos públicos, incluindo R$ 507 bilhões do “Plano Mais Produção”, para financiamento de ações até 2026. Mais R$ 2,2 trilhões de investimentos anunciados pelas empresas; R$ 384 bilhões em 2023 e 2024 já aprovados no Plano Mais Produção. Em 2024, houve 3,7% de crescimento da indústria de transformação.

Um setor que tem merecido a atenção governamental, com anúncio de vultosos investimentos, é o naval, com a retomada das encomendas à indústria nacional. A previsão do Ministério de Portos e Aeroportos é de investir mais de R$ 10 bilhões, com recursos do Fundo da Marinha Mercante. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou a segunda licitação do Programa de Renovação da Frota Naval do Sistema Petrobras, no Terminal de Angra dos Reis. Entre outras ações, foi publicado um edital de licitação para a aquisição de oito navios gaseiros para a Transpetro. Segundo o cronograma, o primeiro navio deverá ser lançado em até 30 meses após a formalização do contrato. Os demais serão entregues, sucessivamente, a cada seis meses.

O Clube de Engenharia do Brasil acompanha com otimismo, mas sem descuidar do olhar crítico, para assegurar que não ocorram desvios de objetivos. É necessária a definição de um planejamento de longo prazo, para que haja efetividade nos resultados dos investimentos alocados. O Brasil precisa de uma política de Estado, que não fique condicionada aos interesses de cada novo governo.

A Nova Indústria Brasil é um programa ambicioso e é importante estar ciente de seus pontos fortes e fracos para superar os desafios e limitações. Por isso, é fundamental monitorar seu progresso e fazer ajustes, quando necessário, para garantir que os objetivos sejam alcançados.

Alguns pontos requerem atenção: a dependência de incentivos; a falta de infraestrutura adequada como transporte e energia que podem limitar o crescimento das indústrias brasileiras; a burocracia que pode dificultar a participação de pequenas e médias empresas; a falta de qualificação da mão de obra, que pode limitar a capacidade das indústrias de absorverem e aplicarem novas tecnologias e; a dependência de importações de tecnologia e insumos, com risco de limitar a capacidade das indústrias brasileiras desenvolverem suas próprias tecnologias e produtos.

Dessa forma, consideramos imprescindível atuarmos para eliminar esses possíveis gargalos e consolidarmos bases de uma indústria mais forte, inovadora, competitiva e exportadora. Esse conjunto impulsionará o mercado interno, com geração de empregos e renda para os brasileiros em geral e, particularmente, grandes oportunidades para as engenharias.

Para tanto, ratificamos nossa intenção de estarmos abertos às cooperações necessárias com o setor público, em especial suas agências de fomento, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), e a Embrapii, cujos papéis são fundamentais nos investimentos, assim como as parcerias de instituições financeiras, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste.

É importante destacar que a NIB alcança grande parte das empresas nacionais de engenharia, quando destina recursos na ordem R$ 2 bilhões para transformação digital de micro, pequenas e médias indústrias, segmentos com papel decisivo das engenharias.

Para o melhor resultado é preciso incrementar o diálogo entre o governo, empresas e trabalhadores, pois a voz da sociedade civil, como balizadora dos investimentos, é definidora de prioridades de execução do programa para seu sucesso.

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