Especialista em estruturas, foi responsável por obras que viraram cartões postais
O engenheiro Mário Terra Cunha, morto em agosto de 2022, foi homenageado em evento promovido pela Divisão Técnica de Estruturas (DES) do Clube de Engenharia do Brasil, pelo seu legado para a engenharia estrutural do país. Sua capacidade está por trás de obras fantásticas que embelezam a paisagem brasileira e até de cidades no exterior.
Sua contribuição foi lembrada por especialistas que participaram do evento “Estruturas Marítimas: Abordagens e Soluções Inovadoras”, realizado no último dia 3 deste mês.
Mário Terra Cunha era engenheiro civil com especialidade em Estruturas pela Escola de Engenharia da UFRJ (1972) e Mestre em Engenharia Civil pela COPPE/UFRJ (1981). Participou de projetos icônicos pela Promon Engenharia e depois como sócio-diretor da Avantec Engenharia.
Conforme foi lembrado pelos participantes, Mário teve um papel fundamental no projeto da construção da usina de Angra 2. Segundo o engenheiro Sérgio Hampshire, que trabalhou com Mário Terra durante 40 anos, sua participação nesse empreendimento foi “decisiva”. Também atuou como consultor no programa do submarino nuclear brasileiro, a cargo da Marinha.

O engenheiro Benjamin Ernani Diaz trabalho com Mário Terra no projeto da Central Nuclear e lembrou como ele gostar de checar tudo nos mínimos detalhes, tendo detectado uma falha a tempo. Foi um projeto que envolveu dezenas de jovens, que acabarem enveredendo pela carreira acadêmica, mas guardaram em suas bagagens de conhecimento a experiência adquirida nessa obra.
“Foi o início muito importante para várias pessoas. Ele ajudou a formar vários profissionais, inclusive professores”, contou Ernani Diaz.
Para o engenheiro Ronaldo Evaristo, Mário Terra conquistou tamanho reconhecimento graças à sua capacidade de detalhamento e precisão. Isso fez com que ele ganhasse a preferência para a estruturação de projetos do arquiteto Oscar Niemeyer e de seu escritório. Ele citou o caso do Museu da República, em Brasília, que tinha uma incrível passarela contornando a cúpula por fora, sem que ninguém soubesse como sustentá-la no ar. Mário fez a solução que admira os visitants até hoje.

“Ele deveria ter ganhado o Osca do detalhamento”, ressaltou Evaristo.
O engenheiro José Celso Cazelli fez uma apresentação dos principais projetos de Mário Terra, que são hoje em dia verdadeiras atrações turísticas nas cidades onde foram construídos. Um deles é a Estação Cabo Branco de Ciência, Cultura e Arte, em João Pessoa (PB), vencedora na categoria Obras Especiais do VI Prêmio Talento Engenharia Estrutural, da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE).




Outro projeto que recebeu valiosa participação de Mário Terra foi o da Cidade Administrativa de Minas Gerais, sede do governo do estado. Também atuou em diversos outro projetos assinados por Niemeyer como o Museu que leva o nome do arquiteto em Curitiba, mais conhecido como o do Olho, pelo seu formato.
Obras no exterior também foram viabilizadas, graças ao talento de Mário Terra, como o Centro Niemeyer de Avilés, nas Astúrias, na Espanha. Além de outros projetos que não saíram do papel ou não foram concluídos, infelizmente, como o da Universidade da Integração Latino-Americana de Foz do Iguaçu.

O evento contou também com a participação do engenheiro Vicente Garambone Filho, que deu uma palestra sobre Estruturas Marítimas. Ele abordou diversas soluções estruturais para espaços portuários, citando exemplos de inovações para a otimização nos portos de São Luís (MA) e Suape (PE). Na capital maranhense, o local foi preparado para a Vale receber navio com até 400 mil toneladas de minério de ferro.