Uma das decisões foi concretizada poucas horas antes da aprovação de indicação de novo presidente da companhia
O geólogo Guilherme Estrella criticou decisões recentes da Petrobras, tomadas à revelia do novo governo, em entrevista ao programa Forças do Brasil, da TV 247, transmitido pelo YouTube. Depois de ter reajustado o preço da gasolina em mais de 7%, a companhia vendeu sua participação no campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos, para a empresa Petro Rio. A operação foi concluída na manhã da quinta-feira (26/01), horas antes de o Conselho de Administração aprovar a indicação do ex-senador Jean Paul Prates para a presidência da petrolífera.
Estrella, que é ex-diretor de Exploração da Petrobras e conselheiro do Clube de Engenharia, afirmou na entrevista ao jornalista Mario Vitor Santos que as medidas recentemente tomadas são o reflexo ainda da perda de controle da União sobre a gestão da companhia e sua submissão aos interesses dos acionistas privados. Segundo ele, os mecanismos que levaram a esse quadro foram instituídos por leis aprovadas nos últimos anos, como a das Estatais e das SAs, o que pode dificultar a retomada da orientação governamental sobre as decisões da companhia, mesmo com a troca da Diretoria.
“O senador Jean Paulo Prates tomou posse na tarde quinta-feira e na manhã de quinta-feira a Petrobras vendeu o campo de Albacora. A gente espera que o novo presidente anule essa venda imediatamente. Venderam em pleno Governo Lula. Esse processo de reassunção da gestão do controle da Petrobras pelo governo tem que ser imediato. Não pode demorar meses”, ressaltou Estrella.
Além de retomar um modelo de governança anterior ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o governo Lula precisaria, segundo ele, reverter diversas medidas tomadas nos últimos anos pela companhia. De acordo com Estrella, a Petrobras sofreu o que chamou de “saque” ao seu patrimônio. A estatal estaria sendo fatiada e liquidada num processo de privatização ilegal e destruidor. Com a venda da BR Distribuidora, de refinarias, gasodutos e campos de petróleo, todo um sistema foi desmantelado e precisaria ser reconstruído. A revogação dessas medidas seria, segundo ele, de vital importância não só para a sustentabilidade da empresa como para a retomada do desenvolvimento do Brasil.
A entrevista foi uma oportunidade também para o geólogo relembrar como foi a descoberta do Pré-Sal e de como o controle direto da União sobre a gestão da Petrobras foi de fundamental importância para que as pesquisas fossem realizadas. Esse modelo que resultou em tantos avanços também é necessário para a priorização do conteúdo nacional. São premissas que vão ajudar na recuperação do papel da Engenharia e da pesquisa tecnológica para o desenvolvimento econômico brasileiro.
“Esse tem que ser um ponto central do Governo Lula. Não aceitar essa Petrobras que nós temos hoje, dilapidada, esquartejada, completamente desarticulada e temos que recuperar o sistema industrial na área de petróleo e gás natural da Petróleo Brasileiro S/A, que existia em 2015”, destacou Estrella.