Introdução
Emprego de materiais pré-fabricados vem se ficando mais comum, reduzindo o desperdício e tornando as obras mais rápidas
A construção civil brasileira vem adotando práticas que reduzem a atividade no canteiro de obras através do emprego de materiais pré-fabricados. Trata-se de um processo de industrialização que vem sendo adotado para cortar custos, aprimorar a qualidade dos empreendimentos e combater a produção de resíduos que poluem o meio ambiente. Apesar de já ser bastante comum no exterior, só recentemente esse caminho começou a ser usado com maior intensidade pelas construtoras no país.
O processo tem sido mais comum nas grandes empresas da região Sudeste, mas segundo a professora do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense (UFF) Iza Valadão ele tende a crescer. Ele consiste geralmente na utilização de blocos que substituem a tradicional alvenaria com tijolo e cimento. Por isso, a construção fica mais ágil, eficiente e reduz bastante o desperdício de material, que normalmente vira entulho e gera impacto ambiental.
“A industrialização traz muitos benefícios para o setor, principalmente na sustentabilidade, pois acelera a construção, diminuindo custos e prazos, aumenta a qualidade da obra, ao evitar erros como paredes tortas ou fora do esquadro, diminui a geração de resíduos sólidos, líquidos e gasoso e favorece o consumo racional de recursos naturais não renováveis”, explica Iza, que é Ph.D em Materiais e Sustentabilidade.
Menos erros e sem desperdícios
Um dos métodos industriais que vêm sendo adotados no Brasil com maior frequência é o do steel frame. Trata-se de peças de aço galvanizado utilizadas na estruturação das construções, cujas paredes podem ter diferentes acabamentos como madeira, revestimento cerâmico, argamassa, e até o drywall, entre outros. Outro sistema é o do wood frame, painéis feitos normalmente de madeira de reflorestamento que recebem camadas de cimento e gesso para adquirir a aparência de uma parede normal.
Esses métodos, por utilizarem placas planejadas previamente, transformam a obra num processo mais próximo de uma montagem. Com isso, a quantidade de erros e o material desperdiçado diminuem drasticamente. A mão de obra precisa, dessa forma, receber maior capacitação, mas ganha em eficiência e em menor risco de acidentes de trabalho.
Segundo o arquiteto Sylvio Pinheiro, diretor da G+P Soluções, as estruturas em aço com emprego de blocos de drywall vêm ganhando força também em virtude do aprimoramento dessa tecnologia, que atualmente garante maior proteção acústica e equilíbrio térmico. Ele conta que o uso de banheiros já prontos e o emprego de kits, como para os sistemas elétricos, são outros avanços que vêm trazendo maior eficiência às obras.
Ganho de escala em toda a cadeia
“Uma importante vantagem no uso desses materiais é que eles já vêm testados de fábrica. No caso dos kits elétricos com conduíte, fios e caixas, já chegam praticamente prontos, o que torna o processo mais simples e econômico”, afirma Pinheiro, que presta consultoria especializada em controle e soluções para planejamento, gerenciamento e gestão de projetos e construções.
O presidente do Sindicato da Construção Civil do Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio), Claudio Hermolin, acredita que o processo não tem volta e tende a ser acelerado. “Esse modelo de industrialização de construção tem sido cada vez mais usado no mundo porque reduz custo em escala. Ele permite melhorar a logística dos canteiros, que não têm espaço para produzir peças da estrutura no local. Mas principalmente porque ao replicar o mesmo modelo em diversos empreendimentos, há um ganho de escala na compra de insumos, na contratação de mão de obra. Enfim, há redução no custo de produção em toda a cadeia da construção civil”, ressalta Hermolin.
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