Encontro Anual da ANE traz olhares sobre novas tecnologias


Em seu segundo Encontro Anual, a Academia Nacional de Engenharia (ANE) trouxe novos olhares sobre áreas ainda pouco exploradas na engenharia brasileira, como armazenamento de energia e segurança cibernética, além de um debate maduro sobre petróleo, tecnologia e desenvolvimento. O II Encontro Anual da Academia Nacional de Engenharia, ocorrido no Clube de Engenharia em 25 de novembro, contou com especialistas da academia, de entidades de classe e empresas. Todas as palestras podem ser conferidas no canal da ANE no Youtube.

Pré-sal e soberania nacional
O geólogo Guilherme Estrella, ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras, participou com a palestra “O Pré-sal e o Desenvolvimento Industrial Brasileiro”. Em sua apresentação, ressaltou o potencial de desenvolvimento nacional, que deve ser soberano. Segundo Estrella, a exploração nacional do pré-sal torna o país pronto para as necessidades energéticas do século XXI, e diante das transformações pelas quais o Brasil passa, sem controle da sociedade, a permanência da Petrobras como operadora única do pré-sal é fundamental. Não somente pela exploração, mas porque é a operadora a responsável pela escolha da tecnologia a ser utilizada, as compras, as parcerias com as universidades, e tais escolhas são capazes de dinamizar a indústria nacional. Mas, segundo Estrella, tal solução depende de ação política do governo. Por fim, o geólogo defendeu a politização do contingente brasileiro de engenheiros, frente ao papel da classe e à necessidade do Brasil de se manter como nação soberana.

Armazenamento: um novo olhar sobre a gestão de energia
Eduardo Serra, sócio gerente da ES+PS Consultoria, e Carlos Augusto Brandão, presidente da Associação Brasileira de Armazenamento e Qualidade de Energia (Abaque), trataram do armazenamento de energia e o cenário favorável no país. Na palestra “Armazenamento de Energia: Situação Atual, Perspectivas e Recomendações”, Eduardo Serra apresentou fatores que tornam a área motivadora no país, como o aproveitamento eficiente de diversas fontes renováveis, principalmente solar fotovoltáica e eólica, e a integração de diferentes fontes de geração de energia com a rede de eletricidade. No entanto, ainda há baixa utilização do armazenamento como ferramenta de operação do sistema elétrico. Segundo informa, a tecnologia de armazenamento deve evoluir de modo que o sistema elétrico tenha boa interligação entre concessionária, consumidor, gerador e transmissor da energia. Para Carlos Augusto Brandão, é o armazenamento que vai salvar os problemas energéticos do país. Em sua palestra, “Oportunidades e Desenvolvimento de Tecnologias para o Sistema Elétrico Brasileiro”, mostrou que a queda nos preços de energia eólica e solar no mundo representa demanda para os sistemas de armazenamento, que necessitam no Brasil de regulamentação e padronização.


Segurança cibernética e engenharia
O evento trouxe um debate inédito sobre engenharia e segurança cibernética, com quatro palestras a respeito. "A Era da Inteligência Cibernética: Como Criar um Ambiente Digital mais Seguro", de Vanessa Fonseca, Diretora da Unidade de Combate a Crimes Cibernéticos, na Microsoft Brasil., que apresentou os riscos dos malwares e explicou a estrutura das organizações criminosas da internet que realizam os ataques. Segundo Fonseca, essa é uma questão que atinge proporções internacionais, uma vez que há crimes cibernéticos encomendados para atacar dezenas de países ao mesmo tempo.

Tais informações foram base para a palestra de Cristine Hoepers, Gerente Geral do Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (CERT.br). Com a apresentação ”Segurança na Sociedade Digital: Novos Desafios, Velhos Problemas”, Hoepers mostrou o quanto a inteligência artificial de equipamentos é perigosa, sendo a internet uma rede tão frágil a invasões. Objetos como câmeras de segurança, quando em uma rede online, são facilmente acessadas, e o roubo de dados de pacientes de hospitais tornou-se um crime comum. Para Roberto Gallo, CEO da Kryptus EED S/A e Coordenador Geral do Comitê de empresas de Informática e Cibernética (ABIMDE), é preciso preparar as tecnologias, em seu projeto, fabricação e implementação, para a possibilidade de invasões online. "A maneira como fazemos engenharia tem que levar em conta o mundo cibernético, porque tudo é conectado", afirmou, na palestra “Segurança Cibernética durante o Ciclo da Vida de Projetos de Engenharia”.

A última palestra do tema foi de James F. Kurose, diretor para as áreas de Computação, Ciência da Informação e Engenharia (CISE) da National Science Foundation, dos Estados Unidos, que participou via videoconferência e apresentou o programa de cibersegurança da NSF, que financia pesquisas de estudantes sobre o tema.

O evento contou com a abertura do engenheiro Paulo Augusto Vivacqua, presidente da ANE, e as apresentações “O Petróleo e o Desenvolvimento Tecnológico Brasileiro”, do engenheiro Marcello Gattass, Diretor do Instituto Tecgraf/PUC; apresentação do Comitê de Energia da ANE, do engenheiro Jerzy Lepecki,  Membro Titular da ANE e presidente do Comitê de Energia da Academia; “Inteligência Computacional: Técnicas Iniciais”, do engenheiro Luiz Calôba, Professor do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe/UFRJ e membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC); e “Inteligência Computacional: Técnicas Recentes”, de José Manoel de Seixas, Professor da Coppe/UFRJ.

Receba nossos informes!

Cadastre seu e-mail para receber nossos informes eletrônicos.

O Clube de Engenharia não envia mensagens não solicitadas.
Pular para o conteúdo