Estudantes de engenharia conhecem Central Nuclear

Estudantes de engenharia do estado do Rio conheceram, na última terça-feira, 26 de abril, a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Reis, numa parceria do Clube de Engenharia com a Eletronuclear. No total, 38 discentes de diversas áreas da engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Estácio e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) fizeram a viagem, adquirindo conhecimentos que só seriam possíveis in loco. Esta foi uma ação da Secretaria de Apoio ao Estudante de Engenharia (SAE) do Clube de Engenharia.

A Central Nuclear ocupa diversas áreas costeiras de Angra dos Reis e o acesso entre elas acontece pela estrada que leva à cidade. A primeira parada foi no Centro de Informações, onde o grupo participou de uma palestra com José Chahim, Relações Públicas e supervisor do Centro de Informações da Eletronuclear. Foi um encontro extremamente esclarecedor sobre as vantagens da energia nuclear, como funciona uma usina, cuidados e segurança. Ficou claro que a Central Nuclear não causa impacto negativo significativo na região. Também foi possível conhecer ações da Eletronuclear para benfeitorias no entorno, em especial nas estradas e em espaços culturais.

O Brasil e o mundo

Chahim apresentou dados sobre a energia nuclear no mundo. Um fato pouco divulgado é que vários países, a maioria menor do que o Brasil, têm dezenas e até centenas de usinas nucleares. A França, onde 74,8% da energia produzida é nuclear, tem 58 usinas. O Japão tem 50. Mesmo assim, nesses países, a demanda é tão grande que é necessário construir mais usinas e utilizar outras fontes de energia. Na maioria dos países que utilizam essa energia, ela supre entre 15% e 40% das necessidades. No Brasil, temos duas usinas em funcionamento (Angra I e Angra II), que geram 3,1% da energia da nação. Suprem 40% das necessidades do estado do Rio de Janeiro. Internacionalmente, as usinas brasileiras estão entre as mais eficientes.

Pelos números, os estudantes constataram, ainda, que a usina nuclear é a termelétrica que tem a produção mais econômica do país. José Chahim mostrou o quanto a Central Nuclear de Angra é segura: em caso de ataque bélico, desabamento de montanha e até queda de meteorito, sua estrutura, contendo os reatores, não vai explodir nem espalhar radiação no ambiente. Todas essas informações foram complementadas com uma exposição permanente montada no Centro de Informações.

Mão de obra qualificada

Já na usina Angra II foi possível conhecer a sala de controle, espaço que mostra, em tempo real, o funcionamento da central nuclear.  Lá, os estudantes aprenderam mais sobre as etapas do trabalho na Central Nuclear: ninguém recém-contratado pela Eletronuclear pode operar os principais equipamentos. Os operadores passam por uma primeira fase de estudos, teóricos e práticos, que dura de três a quatro anos. O treinamento em equipe e as provas vão habilitar o profissional a trabalhar ativamente na central nuclear. Como explicou Chahim, embora a usina tenha muita segurança, é importante que todos tenham conhecimento das etapas do trabalho. “Sabemos que a usina dificilmente vai ter problema, mas temos que estar preparados”.

O trabalho exige que cada um tenha responsabilidade consigo, com os colegas e com o trabalho. Qualquer erro “isolado” pode se tornar um problema generalizado. Somada a todas as precauções, a tecnologia favorece: a usina é capaz de aquecer e resfriar o reator e inclusive de se desligar sozinha, caso seja necessário.

Este fato surpreendeu Camila Franceschine, que estuda Engenharia de Recursos Hídricos e Meio Ambiente na UFF. Ela morava em Angra dos Reis quando mais nova, e apesar de sempre ver a central nuclear, “não sabia que a estrutura de segurança era tão forte”.

Em visita à turbina de Angra II, os estudantes tiveram que utilizar equipamentos de proteção individual: capacete, óculos e protetor auricular. Lá, tudo é rotulado e identificado e todos os espaços são sinalizados, mesmo porque o barulho dificulta a comunicação verbal.

O último espaço visitado foi o Centro de Treinamento de Simulações de Angra II, na Vila de Mambucaba, local de moradia dos funcionários da empresa. Por trás de um vidro, os estudantes puderam conferir um simulador da sala de controle, que faz parte do estudo de anos dos operadores. Ali ficam os treinandos e os instrutores. Com 10 mil alarmes e sinais disponíveis, os instrutores usam o espaço para simular problemas para treinandos resolverem. Após o treinamento de até quatro anos e a aprovação em todos os testes, o operador ou operadora pode, de fato, trabalhar na sala de controle. Uma vez por ano volta ao simulador para se atualizar. Para participar, é necessário ser de alguma área da engenharia ou da física, na Eletronuclear, e ter sido indicado.

Oportunidade ímpar

Mariana de Lima Mello, estudante de engenharia civil na UERJ e representante da SAE na universidade, destacou o privilégio do momento.  “Os alunos não estão acostumados a fazer visita técnica. Está sendo fundamental, pela parceria do Clube de Engenharia com empresas, conseguir essas oportunidades, que como estudantes não teríamos facilidade de conseguir”. Segundo afirmou, quase 300 pessoas se inscreveram para a visita, em seleção coordenada pelo Centro Acadêmico de Engenharia (Caeng). A seleção foi feita por ordem de inscrição.

José Ricardo Domingues é estudante de Engenharia Civil na Estácio, e apesar de a engenharia civil não se relacionar muito com as atividades da central nuclear, quis conhecer as estruturas, tanto físicas, quanto a logística da empresa. Para ele, o exemplo da Eletronuclear agrega conhecimento para qualquer área da engenharia. Representante da SAE na Estácio, ele acredita que a visita técnica é importante como atividade prática para o estudante poder ter opções e direcionar seu foco: “É bem aproveitado pelos alunos esse retorno que se tem do contato direto com a profissão, além de trazer maior clareza profissional em cada empresa que a gente visita. Ajuda a direcionar o aluno, para saber em que pretende se especializar”. A maioria dos estudantes da Estácio que foi à Angra é da área da engenharia elétrica, e alguns se interessaram em estagiar e seguir carreira profissional na central nuclear.

Claudia Gomes, estudante de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da UFF, optou pela visita para conhecer melhor o funcionamento e ter mais informações sobre o setor, já que na faculdade, segundo revelou, o tema é abordado  superficialmente, assim como as outras formas de geração de energia. As informações são transmitidas, “mas não tem uma matéria mais focada no setor”, afirmou.

Além da Secretaria de Apoio ao Estudante, trabalhou para o sucesso da visita técnica, de valor inestimável no que se refere ao conteúdo transmitido aos futuros profissionais, o conselheiro Luiz Carneiro.

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