A importância da utilização das lajes de continuidade nos tabuleiros das passarelas, pontes e viadutos construídos com vigas de concreto pré-moldadas ou pré-fabricadas, assim como com vigas mistas “aço-concreto”, decorre não somente da economia de custos de construção mas principalmente do maior conforto para os usuários e da melhoria substancial das condições que garantem a durabilidade da estrutura. As lajes de continuidade constituem uma solução estrutural muito simples, de fácil execução e que dispensa medidas especiais de manutenção.
Conheci esta solução em 1975, no segundo curso de aperfeiçoamento em concreto protendido que fiz em Paris no Centre de Hautes Études du Béton, Béton Armé et Béton Précontraint (CHEBAP), como bolsista do governo francês.
Em 1976, como engenheiro da Divisão de Estruturas da SMO da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, tive a oportunidade de introduzir as lajes de continuidade no projeto do tabuleiro com vigas pré-moldadas do Elevado da Avenida 31 de Março, ao lado do Sambódromo, ligando 3 a 3 seus 12 vãos de 40 m, formando assim 4 trechos contínuos de tabuleiro com 120 m de comprimento cada um. Vistoriei esta estrutura em maio de 2008 e constatei que as lajes de continuidade estavam em bom estado de conservação, em contraste com o mau estado das juntas de dilatação.
Na mesma época tive a oportunidade de empregar este dispositivo também na Ponte de Acesso à Ilha do Governador, parte da Linha Vermelha.
Em 1981 projetei os dois viadutos da “Auto-estrada Lagoa Barra”, na ligação Túnel Dois Irmãos-Praça Sibelius, construídos com juntas de dilatação apenas em suas extremidades nos apoios sobre os encontros. As lajes de continuidade do viaduto situado na entrada do Conjunto Habitacional São Vicente foram inspecionadas recentemente e estão em bom estado de conservação, 26 anos após sua inauguração.
Todos os tabuleiros que projetei com vigas pré-moldadas foram dotados de laje de continuidade unindo todos os seus vãos, sendo interessante citar o Viaduto K11 construído com 9 vãos de 22,4 m, todos ligados entre si, totalizando 201,6 m de comprimento contínuo de tabuleiro.
Rio de janeiro, 5 de agosto de 2013.
Engenheiro Nelson Araujo Lima