‘Cadernos de conjuntura das Comunicações’ traz artigos que refletem sobre questões da atualidade no setor
O Laboratório de Políticas de Comunicação da Universidade de Brasília (LaPCom/UnB), em parceria com a União Latina de Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura – Seção Brasil (ULEPICC-Brasil), lançou recentemente a segunda edição do “Cadernos de conjuntura das Comunicações”. A publicação traz artigos de especialistas que abordam temas contemporâneos ligados às comunicações no Brasil, incrementando o debate sobre a conjuntura do país e as políticas voltadas para a comunicação. Entre as contribuições incluídas neste número, está importante reflexão do vice-presidente do Clube de Engenharia, Márcio Patusco, sobre a implantação da tecnologia 5G no território nacional.
No artigo, o engenheiro aponta para diversas lacunas verificadas no leilão do 5G, realizado no ano passado, e mostra a necessidade de uma atuação mais incisiva dos órgãos de fiscalização, sobretudo a ANATEL e o TCU, para que o interesse público seja preservado, haja maior segurança jurídica na operação dessa tecnologia, haja efetividade no potencial tecnológico dessa geração e também o devido retorno para a educação pública do país.
Patusco ressalta a falta de interesse demonstrado pelas operadoras pela frequência de 26 GHz, que proporciona a total capacitação para todas as funções do 5G. Por ser uma tecnologia voltada não apenas para a maior velocidade de transmissão mas também para a menor latência e possibilidade de conexão entre diferentes dispositivos, muitas aplicações para a Internet das Coisas precisam dessa faixa. Outro ponto destacado é a falta de clareza com relação à obrigação de conectar as escolas públicas com banda larga de qualidade.
“Preocupa sobremaneira a não venda da maioria dos blocos de 26 GHz, pois o arremate dessas frequências está associado diretamente ao valor a ser aplicado para viabilizar a banda larga nas escolas públicas do país, que em sua maioria não estão adequadamente conectadas à internet”, alerta Patusco em seu artigo.
Leia o artigo do vice-presidente na íntegra:
https://portalclubedeengenharia.org.br/2022/04/25/5g-os-problemas-do-leilao/
O leilão também falhou na subavaliação dos blocos de 3,5 GHz, que acabaram sendo adquiridos majoritariamente pelas três maiores operadoras do país (Vivo, Claro e Tim), mantendo um cenário de concentração de mercado. Estas, por sua vez, também enfrentarão dificuldades em colocar essa faixa logo em funcionamento, devido à sobreposição da frequência com a usada pelas TVs abertas, o que pode gerar atrasos na implantação da tecnologia. Outra questão importante negligenciada pelo governo foi a falta de adoção de incentivos para projetos de pesquisa e desenvolvimento no setor.
“A revista se propõe a trazer de maneira conjuntural os principais temas que estão sendo tratados no debate sobre a comunicação no país, englobando vários pontos de vista com perfil multisetorial. O debate sobre comunicação é necessário principalmente na atual sociedade em que vivemos. O LapCom já tem mais de 25 anos de existência e tem o dever de contribuir para que esse debate seja enriquecido”, afirma o pesquisador do LapCom Marcos Urupá.
A edição da publicação também traz artigos de Jonas CL Valente (PL das Fake News), Renata Vicentini Mieli (remuneração de jornalistas na era digital), Sivaldo Pereira da Silva, Marina Pita e Nicole Guimarães de O. Costa (regulação da inteligência artificial), Marcelo Ikeda (regulação do audiovisual), Ana Beatriz Lemos da Costa, Érico Luís Cunha Cazarré e Fernando Oliveira Paulino (avanço dos serviços de Streaming), Glauciene Lara e Érico da Silveira (must-carry da Comunicação Pública), Akemi Nitahara e Mariana Martins de Carvalho (EBC), Júlia Fernandes de Mendonça, Mariana Rielli, Paula Guedes Fernandes da Silva e Pedro Henrique Martins dos Santos (proteção de dados pessoais) e Luma Poletti Dutra, Francisco Eduardo Gonçalves e Fernando Oliveira Paulino (Lei de Acesso à Informação).
Foto: Isa Correa/Secom UnB