Introdução
As obrigações do leilão do 5G e a compra (ainda pendente de aprovação final) da Oi Móvel devem exigir desembolsos bilionários de Vivo, TIM e Claro durante o ano de 2022. As empresas, contudo, estão preparadas e capitalizadas para o ano desafiador, segundo o BTG Pactual.
Em relatório sobre o setor, o banco estimou um consumo de caixa de R$ 9,7 bilhões em 2022 pela TIM, somando o início dos compromissos do leilão e a aquisição de ativos da concorrente. O volume também é relevante na Vivo (R$ 8,2 bilhões) e na Claro (R$ 6,3 bilhões); veja maiores detalhes no quadro abaixo:
“Os pagamentos a serem feitos pelas grandes empresas de telecomunicações em 2022 são pesados, mas elas estão fortemente capitalizadas, geram muito caixa e possuem baixíssima alavancagem“, contextualizou o BTG.
Fontes
No caso da Vivo, um caixa de R$ 8,7 bilhões ao fim do terceiro trimestre de 2021 e a previsão de ganhos tributários significativos após a decisão do STF pela exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins surgem como motivos para a previsão positiva, além de nova geração de caixa robusta projetada para o ano.
Na TIM, recentes captações com bancos internacionais, de debêntures incentivadas e a venda da I-Systems para IHS foram listados como fatores que devem permitir os fundos necessários; o caixa da companhia ao fim do terceiro trimestre era de R$ 7,4 bilhões.
A diferença entre as concorrentes é que, segundo o BTG, a Vivo seria capaz de pagar os compromissos sem afetar valores de pagamento de dividendos e de recompra de ações. Na TIM, a possibilidade de dividendos menores é considerada pelo banco.
Já na Claro, a situação evidenciada pelo balanço da controladora América Móvel seria “confortável”, especialmente a partir do momento que a mexicana concluir vendas de ativos em andamento. Vale lembrar que a operadora não tem capital aberto no Brasil.
Baratas
De forma geral, a avaliação do BTG (que é gestora de fundos que está em vias de se tornar sócio da Oi na V.tal) é que as empresas da cadeia de telecom estão entrando “baratas e resilientes” no mercado de ações de 2022. O banco notou que Vivo e TIM ficaram acima do Ibovespa desde o início do segundo semestre de 2021 (altas de 19% e 13% contra queda de 16% na média da bolsa).
O BTG admite que a taxa de crescimento de outros setores tem sido mais consistente nos últimos anos, mas apontou Ebtida e fluxo de caixa crescentes e a estabilização das margens como fatores que tornam as teles escolhas pouco arriscadas para novos investidores.
Neste sentido, a aquisição da Oi Móvel deve trazer efeitos positivos sobre a lucratividade, como já apontado pelo mercado financeiro. Impactos da operação devem começar a ser sentidos em 2022, mas apenas em 2023 em sua integralidade, com efeitos especialmente benéficos na TIM.
A avaliação também aponta que as principais teles estão quase recuperadas do impacto na receita causado pela pandemia de covid-19. Em comum entre as principais empresas estariam “ótimos resultados” na telefonia móvel pós-paga.
Já no mercado fixo, a relevância da fibra óptica nos investimentos de Oi e Vivo foi destacada pelo documento. Apesar do crescimento das redes FTTH ainda estar ocorrendo em ritmo intenso, há receio que a receita média por usuário (ARPU) da banda larga não possa crescer tanto em 2022 por conta dos efeitos da inflação.