‘O cocheiro do carro do progresso’, do historiador Antonio Higino, foi lançado no Clube de Engenharia e também recupera participação de André Rebouças na iniciativa
O historiador Antonio Higino realizou o lançamento do seu livro “O cocheiro do carro do progresso” no Clube de Engenharia, dando uma palestra no último dia 29 de novembro. Na conversa no auditório da sede da entidade, ele falou sobre as ideias do engenheiro negro André Rebouças (1838-1898), que também foi um importante intelectual e abolicionista do século XIX. O caso da obra de ampliação do Porto do Rio de Janeiro foi o objeto do estudo, que serviu para evidenciar o quanto as ideias desse ilustre brasileiro eram avançadas para a época.
O historiador traça na obra uma análise comparativa com os projetos emblemáticos da época dos portos de Londres e Marselha, mostrando o quanto a proposta de Rebouças era original e moderna. Também mostra os desafios do engenheiro que se propôs a não utilizar mão de obra escrava. Segundo o historiador, o projeto poderia ter sido o embrião de uma nova proposta de país, em que a tecnologia não serviria apenas para o acúmulo de riquezas, mas também para o benefício geral da população.
“Estávamos vivendo uma transição no século XIX. Ao mesmo tempo em que eu tenho cálculo, matemática, tecnologia a vapor, há homens pensando como resolver problemas sociais, longe de uma legitimidade que eles já não reconhecem mais como protagonista. Fiz essa reflexão sobre esse contraste vivido na época mas também pensando que em pelo século XXI convivemos com esse desafio”, explicou o autor.
Antonio Higino é doutor em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pós-doutor pela Universidade Federal do Ceará. É autor e coautor também dos livros ‘André Rebouças no divã de Frantz Fanon’ e ‘Dos Letramentos’. Atualmente, integra a formação básica em psicanálise do Corpo Freudiano, seção Fortaleza.
O livro também busca evidenciar rupturas e continuidades na sistemática do uso e exploração do espaço urbano portuário e relaciona com os avanços tecnológicos da época. É analisado um novo modelo implementado de projeto de infraestrutura pelo Segundo Império, que procura se adaptar às transformações econômicas e políticas do mundo.
O autor faz uso de fontes primárias e referências bibliográficas, possibilitando a correlação de diversos eventos que concorreram para fundamentais transformações mundiais naquele período. Mais do que uma biografia de André Rebouças, o livro recupera a interseção desse engenheiro com os projetos modernizadores da época.
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