Introdução
Presidente ressalta que estatais são indutoras do desenvolvimento
A Petrobras lançou nesta segunda-feira (17), no Rio de Janeiro, uma licitação para a compra de oito navios gaseiros. Essa é a segunda licitação do Programa de Renovação e Ampliação de Frota, que prevê a aquisição de cinco navios gaseiros do tipo pressurizado para transporte de gás liquefeito de petróleo (GLP) e três navios do tipo semirrefrigerado capazes de transportar GLP e amônia. Também foram assinados protocolos de intenções para o reaproveitamento de plataformas da Petrobras que estão em fase de desmobilização.
A cerimônia contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defendeu a venda direta de combustíveis para baratear o custo desses produtos aos consumidores, sem a intermediação de empresas distribuidoras. Ele ainda criticou a privatização de empresas públicas e afirmou que elas devem ser indutoras do desenvolvimento nacional.
Participaram do evento o presidente e vice do O presidente do Clube de Engenharia do Brasil, Francis Bogossian e a vice-presidente da entidade, Olga Simbalista. O vice-presidente Geraldo Alkimim, ministros, deputados e presidente da Petrobras Magda Chambriat estiverem na solenidade. Segundo a Petrobras, a licitação é pública e internacional e inclui dois lotes (um para os pressurizados e outro para os semirrefrigerados). Um mesmo estaleiro ou consórcio não poderá participar da concorrência nos dois lotes. Dos navios pressurizados, três terão capacidade de transportar sete milhões de litros e dois, 14 milhões de litros. Os semirrefrigerados podem transportar 10 milhões de litros. Com essa contratação, a frota de navios gaseiros da Transpetro passará de seis para 14. A capacidade de transporte sobe de 36 milhões para até 108 milhões de litros.
Os gaseiros serão até 20% mais eficientes em termos de consumo e estarão aptos a atuar em portos eletrificados. Segundo a Petrobras, a nova frota permitirá uma redução de 30% nas emissões de Gases do Efeito Estufa.
“Eu acho que a Petrobras tem que tomar uma atitude. Sobretudo óleo diesel, a gente precisa vender para os grandes consumidores direto, se puder comprar direto, para que a gente possa baratear o preço desse diesel. Se a gente puder vender direto a gasolina, se a gente puder vender direto o gás, porque o povo é, no fundo, assaltado pelo intermediário. Ele é assaltado e a fama fica nas costas do governo”, disse, durante evento de anúncios de investimentos da Petrobras na indústria naval, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
Ampliação da frota
O Programa de Renovação e Ampliação da Frota faz parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e já fez a contratação, em janeiro deste ano, de quatro navios da classe handy.
De acordo com o governo, a ampliação da frota de gaseiros leva em conta o aumento de produção de gás natural no país e pretende atender a demanda na costa brasileira e na navegação fluvial, como já ocorre na Região Norte do país e na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. Essa contratação deve triplicar a capacidade da Transpetro para transportar GLP e derivados e, ainda, permitir à companhia carregar amônia, ampliando a carteira de serviços da companhia.
As empresas interessadas terão 90 dias para apresentar as propostas. De acordo com o cronograma, o primeiro navio deve ser lançado em até 30 meses após a formalização do contrato. Os demais devem ser entregues sucessivamente a cada seis meses.
Sustentabilidade
A Petrobras também assinou protocolo de intenções para analisar a viabilidade do reaproveitamento de plataformas. Até 2029, serão desmobilizadas dez plataformas.
O documento também foi assinado por instituições da indústria que vão colaborar para o estudo, como o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Associação Brasileira das Empresas da Economia do Mar (Abeemar) e Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás Natural (IBP).
“Em um cenário em que a gestão de ativos de produção, especialmente no setor de óleo e gás, se tornou cada vez mais relevante no contexto da sustentabilidade e da circularidade, o reaproveitamento de plataformas surge como alternativa estratégica em linha com os compromissos ESG [ações ambientais, sociais e de governança] da Petrobras”, explicou o governo.
Não é o Brasil que é da Petrobras, é a Petrobras que é do Brasil
Lula lembrou que, além dos valores cobrados pelos distribuidores, também incide sobre os combustíveis o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cobrado pelos estados. “O povo não sabe que a gasolina sai da Petrobras a R$ 3,04. E que na bomba ela é vendida a R$ 6,49. Ou seja, ela é vendida pelo dobro do que ela sai da Petrobras. Mas quando sai o aumento, o povo pensa que a Petrobras que aumentou. E nem sempre é a Petrobras, porque cada estado e cada posto tem liberdade de aumentar a hora que quer”, disse.
Lula lembrou ainda que, até pouco tempo atrás, a lógica de importar máquinas e equipamentos prevalecia na Petrobras, pois comprar fora do país custava menos para a empresa. Segundo ele, o objetivo do governo, agora, é nacionalizar os fornecedores da companhia.
“A nossa ideia de colocar as coisas nacionais, fabricadas pelas nossas empresas, nos nossos navios, na nossa plataforma, na nossa refinaria, é uma missão que a gente vai cumprir a cada dia”, disse.
“E eu sempre perguntava, mas custa para Petrobras US$ 100 milhões a menos [a importação de bens], a Petrobras vai lucrar, mas quanto custa para o país? Quanto custa para o aprendizado tecnológico nosso? Quanto custa para geração de emprego? Para pagamento de salário? Quanto isso volta para o próprio povo brasileiro? Porque se as pessoas não pensarem no Brasil, só pensarem na empresa, no rendimento da empresa, obviamente que fica mais barato comprar qualquer coisa fora. Mas nós temos que pensar nesse país. Não é o Brasil que é da Petrobras, é a Petrobras que é do Brasil. E, portanto, ela precisa ter uma vocação de ajudar a desenvolver esse país”, destacou.
Destaques no discurso de Magda Chambriat:
Agradecimento às entidades representantes de classes trabalhadoras e a empresários do setor e trabalhadores do setor, dizendo que se preparem porque irão pisar fundo no acelerador
. Resumo do Plano Estratégico 2025/2029, que vai requerer investimentos de US$111 bilhões. Segundo ela, no governo anterior apenas 70% do orçamento aprovado foram investidos, já em 2024 foram 100%
. Em 2024 operou 90% do mercado nacional e foram os maiores exportadores do país
. Forneceu 31% da energia primária do país
. Pagou R$257 bi de tributos
. Teriam 1” novas plataformas até 2028 sendo três já contratadas
. Constatações da Top Sides (mecanismo de separar água do gás nas plataformas) no Rio e
Espírito Santo
. Recebimento do Hiper Navio Tamandaré, capaz de extrair 220 mil barris de vários poços e com mais três já encomendados
. Operação até 2026 de mais 10 plataformas, cerca 46 embarcações e barcas de apoio com recursos da Marinha Mercante.
. Demanda de conteúdo local em 2024 de 49%, podendo chegar a 60% nas novas plataformas em investimentos no país com investimento da ordem de R$58bi, 60mil postos de trabalho e 26mil em embarcações, portanto 86mil postos novos
. Produção garantida até 2030, mas vamos precisar de novas reservas, em particular para a Margem Equatorial e o sua exploração já adquirimos o maior aparato do mundo para a contenção de derramamento de óleo
. Expansão de refinarias em dois anos e abertura de fábricas de fertilizantes em mais de oito estados, com investimento de R$40bi e 130mil postos de trabalho até 2026
. Geração de riqueza para o país, acionistas e empregados
Fonte: Agência Brasil