ANATEL atualizou esta semana o resultado das vistorias que estão sendo realizadas no âmbito do programa de Conexão das Escolas, em cinco estados do Norte além da Bahia e Maranhão, no Nordeste.
ANATEL atualizou esta semana o resultado das vistorias que estão sendo realizadas no âmbito do programa de Conexão das Escolas, em cinco estados do Norte além da Bahia e Maranhão, no Nordeste. O resultado confirma a enorme desigualdade social e territorial brasileira no direito à internet.
Embora as vistorias tenham sido concluídas em 87% das 5.170 escolas públicas elegíveis para integrar o programa, que conta com os recursos do leilão do 5G, os números do grande fosso digital falam por si só: Das 4.522 escolas vistoriadas nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará e Roraima 52% delas não têm qualquer acesso à internet. E 44% não têm internet adequada (considerando-se ainda o critério, que está em debate no núcleo do governo, e pode ser alterado) de 1 Mbps por aluno. Nessas escolas, estão matriculados 690 mil brasileiros.
O estado do Amapá é o que apresenta os piores indicadores: 88% das 77 escolas vistoriadas não têm qualquer acesso à internet e 12% ofertam a internet de baixa qualidade. Nelas, estudam 8.261 alunos. Roraima galga a dramática segunda posição, com 64% das 227 escolas vistoriadas sem internet e 36% com internet lenta, indicam as vistorias da ANATEL.
Também foram atualizadas as vistorias das escolas da Bahia e do Maranhão. Na Bahia, das 602 escolas vistoriadas, metade não tem acesso à internet e 43% contam com internet lenta. Estudam nessas unidades públicas 30,3 mil alunos. O Maranhão, outro estado onde a vistoria foi concluída, e terra do atual ministro das Comunicações, aparece na melhor posição desse ranking da desconexão digital. Das 363 escolas, 26% não tem internet e o restante tem internet lenta. Estudam nessas escolas 38,9 mil alunos.
Wifi
Nas escolas onde a internet chega, ela só dá alcance a um único ponto, o que provavelmente deve significar que sequer é usada para fins pedagógicos. Essa conclusão ocorre devido à total ausência de roteadores WiFi (que permitem o acesso randômico dentro das instalações) nesses estabelecimentos de ensino. Conforme ainda os dados divulgados pelo Grupo de Acompanhamento do Custeio a Projetos de Conectividade de Escolas (Gape), dirigido pela ANATEL, apenas 1,7% das 4,522 mil escolas vistoriadas têm um roteador WiFi em suas instalações.
Sem Luz
Mas o cenário encontrado demonstrou que há também grande lacuna no acesso universal à energia elétrica. Do total das escolas vistoriadas, 41% não tinham luz.
Miriam Aquino – Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
Fonte: Tele.Síntese