Marcio Pochmann e Beatriz Bissio debateram estratégias de futuro no Clube de Engenharia do Brasil

Marcio Pochmann fala ao público no auditório do Clube

Evento promovido em parceria com o IBEP procurou aprofundar a visão dos problemas atuais que atrapalham o desenvolvimento e alternativas de superação

Depois de presidir do G20 e sediar no Rio de Janeiro, no ano passado, a cúpula desse bloco de países, o Brasil ainda tem este ano dois importantes eventos de cunho  geopolítico: a reunião do BRICS em julho e a COP30. A retomada do protagonismo do país no cenário internacional é uma grande oportunidade para um realinhamento político tanto doméstico quanto internacional. Nesse sentido, o Clube de Engenharia do Brasil realizou em parceria com o Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (IBEP) um debate sobre estratégias a serem tomadas para um melhor posicionamento do país com relação ao seu presente e com vistas ao futuro.

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Para aprofundar as questões mais fundamentais da atualidade, foram convidados para palestrar o presidente do IBGE, economista e professor Márcio Pochmann, e Beatriz Bissio, ex-vice-diretora do IFCS/UFRJ. Foram verdadeiras aulas sobre a formação histórica do mundo colonizado e da persistência das desigualdades e principalmente da dominação do mundo anglo-saxão sobre as demais áreas do planeta e de como seria possível reverter esse quadro.

Pochmann, que recentemente divulgou numa rede social uma versão do mapa mundi invertida em relação à tradicional com o Brasil no centro, lança o desafio para o país buscar uma posição menos subalterna. É um processo com muitos obstáculos, como ele reconheceu, a começar pela reação raivosa que a imagem já produziu, mas sobretudo pelo que ele caracterizou como um “impasse” que impede a consolidação de um projeto nacional.

Isso porque a atual transição tecnológica que o mundo está passando e o enorme potencial que o país tem, com seu rico território e um grande mercado interno, geram oportunidades de embarque num novo modelo de industrialização. Esse entendimento já fez o governo criar o Nova Indústria Brasil, mas os entraves, segundo ele, ao programa são enormes. São fruto de uma visão de grande parte da elite de que o Brasil dever ser uma grande fazenda ou celeiro do mundo e não deve competir de igual para igual no campo científico e tecnológico com o mundo.

“A segunda metade desta década é definidora de qual rumo o Brasil tomará. Ou seja: nós teremos capacidade de disputar no futuro com um projeto nacional ou se na realidade seguiremos no destino de sermos uma espécie de grande fazenda, assentado nos recursos naturais que temos. Mas sem um projeto nacional tende a haver uma divisão territorial muito forte devido às diferença no dinamismo econômico”, ressaltou Pochmann.

A visão de permanência de uma condição subalterna, que impede justamente a adoção de uma estratégia mais pujante, é na opinião da professora Beatriz Bissio também reforçada por um paradigma mundial de perpetuação do colonialismo. Novamente a questão do mapa mundi com a Europa no centro e os demais países desenvolvidos no topo sintetiza o poder de dominação dessas nações sobre as demais. É uma formulação simbólica e ideológica renitente, que procura apagar toda importância dos demais povos até para a formação cultural dos europeus, que beberam das influências orientais e do mundo muçulmano ao longo dos séculos.

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Apesar do movimento de descolonização, vivido a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, e do movimento dos países não alinhados, que procurou dar unidade ao chamado Terceiro Mundo nos anos 1960, a autonomia do Sul Global continua sendo um grande desafio. É um processo que pode apresentar reviravoltas a partir do recente crescimento econômico de países asiáticos, como a China, e do fortalecimento do BRICS.

“Não há desenvolvimento enquanto não houver uma democratização dos meios de comunicação  e dos fluxos informativos. Muitos interessantes essas bandeiras, pois são empecilhos para o desenvolvimento que continuam absolutamente vigentes. A informação é um direito e que tem a ver com a noção de onde nós estamos e como nós nos vemos. O papel da educação, sem dúvida, é importante,  mas o papel dos meios de comunicação também”, conclui a professora.

O presidente do Clube de Engenharia do Brasil e presidente do IBEP, Francis Bogossian, participou do debate e também lamentou a ausência de um projeto de desenvolvimento nacional e conclamou as entidades da sociedade civil que almejam a construção de um país melhor a unirem forças. “Deveríamos nos unir também às universidades, alunos e professores. Um projeto Brasil para frente, incluindo porto, aeroportos, ferrovias, e todos os problemas que  não têm um programa”, destacou Bogossian.

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