Ex-reitor da UFRJ e ex-conselheiro do Clube de Engenharia, o engenheiro conta em depoimento sobre integração entre os diferentes setores para o desenvolvimento nacional
O ex-reitor da UFRJ e ex-conselheiro do Clube de Engenharia Paulo Alcântara Gomes colaborou com o projeto Memória Oral, com um depoimento em que relata sua experiência na esfera pública em órgãos vinculados à ciência. Ele defendeu linhas perenes de financiamento para a pesquisa científica e tecnológica, fazendo parte de um projeto de Estado. Tal estratégia poderia multiplicar experiências como a que ele viveu como diretor da COPPE/UFRJ, quando o setor da universidade foi responsável pela tecnologia nacional das plataformas de petróleo, no fim dos anos 1970.
“A ciência e a tecnologia precisam fazer parte de um programa de Estado, independentemente do partido que está no governo. Essa é uma questão crítica que precisa ser resolvida no Brasil. Educação, ciência e tecnologia são fundamentais. Não há desenvolvimento sem essas ações”, defendeu Gomes.
Formado pela antiga Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil (atual UFRJ) e em Física pela UERJ, Gomes reconhece que teve no apoio oferecido por seus professores um impulso valioso na carreira. Ganhou o estímulo para prosseguir nos estudos e ingressar no mestrado na COPPE, onde também fez o doutorado. Sua experiência no exterior, como o estágio na Itália e curso em Portugal também contribuíram com sua sólida formação.
O engenheiro falou sobre sua formação acadêmica e sobre as funções que ocupou na UFRJ. Na universidade, além de ter sido diretor da COPPE, ele também ocupou o cargo de vice-diretor de Novos Empreendimentos da Escola Nacional de Engenharia e de pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, nos anos 1980. A carreira o levou à eleição de reitor em 1994.
“No período em que fui reitor, consegui implantar na universidade aquilo que já existia na COPPE, que era a avalição. Foi criada uma comissão própria de avaliação, que hoje é lei na UFRJ e também em todas as federais”, revelou Paulo.
Com uma riquíssima experiência universitária, o engenheiro entende como poucos a necessidade de uma maior integração entre o setor governamental, as universidades e a iniciativa privada. É um modelo que já se mostrou exitoso na COPPE, principalmente a partir da criação da COPPETEC, que auxilia no financiamento às pesquisas. Por isso, ele defende a estrutura da chamada tríplice hélice (governo, academia e empresas) para que o país se desenvolve. Seu depoimento traz, portanto, muitas lições, além de um testemunho de muitas passagens da história.