Por Olga Simbalista, Vice-Presidente do Clube de Engenharia
Algo de novo sob o sol, nas praias do Rio. Palavras emolduradas pelo verde das montanhas, iluminam corações e mentes, derramando conhecimento e sabedoria à sombra de um quiosque, aos sábados na orla do Leme.
Trata-se do Filosofia na Praia, iniciativa do dinâmico o Embaixador Jerônimo Moscardo e ex-ministro da Cultura, ativo promotor cultural, com ou sem cargo público, dentro ou fora do governo, confirmado pelo sucesso deste seu novo empreendimento que fará 14 anos, no dia 14 de abril de 2025. O empreendimento foi criado com a ajuda de uma competente e pequena equipe de voluntários, que consegue lotar o auditório e a franja do calçadão para ouvir palestras em linguagem acessível, mas sem comprometer a consistência acadêmica que os temas exigem.
A execução do projeto é o triunfo da vontade, do desejo de fazer, no contexto da sociabilidade carioca em cenário de esplendor da natureza.

De acordo com Cecília de Freitas, “era aquilo que eu procurava perto de casa: pessoas com interesse comum pela cultura e, melhor ainda, pela filosofia”. Além de um rico convívio social.
No último dia 14 de dezembro, o Filosofia na Praia recebeu o Membro Remido do Clube de Engenharia, Filósofo do Samba e do Diretor Cultural da Portela para qual entrou aos 31 anos, Carlos Saboia Monte.
Ele foi apresentado pelo Embaixador Moscardo e pelo Desembargador Siro Darlan, como um grande expoente da cultura brasileira, comparável a Darcy Ribeiro, por ser tanto um Hitech, como um Hitouch. Relatou, ainda, que quando era embaixador na Romênia, em 2008, foi abordado por um intelectual Carlius Dragonic, que lhe perguntou: “Por que um país tão grande como o Brasil e com tantas coisas a serem feitas, pode se dar ao luxo de ter tantos juristas, como Rui Barbosa, e advogados e tão pouco construtores e engenheiros?”
Em seguida, apresentou Carlos Monte que, além de ser pai de Marisa Monte, estrela do firmamento brasileiro, nos permite visitar seu santo saber sobre o Brasil.
Carlos inicia suas palavras dizendo tratar-se de Filosofia no Samba, que aparece nas letras, do Samba/sambistas, que significa o que eles pensam.

Segundo ele, a alma dos poetas cantores foi-lhe revelada pelo francês Charles René, que dizia que quando um cantor desaparece, sua canção e poesia sobrevivem. Ainda segundo Monte, dos Poetas do Samba Vivos só existe Ney Lopes.
Noel Rosa, por exemplo era um poeta do Samba, como visto no seu samba “Filosofia” e no “Positivismo”, em homenagem a Conti.
A Filosofia aparece também em Monsueto, em “Mora na Filosofia”, Antônio Candeia em “Filosofia do Samba”, Wilson Moreira e Ney Lopes em “Peito Sangrando”
Depois, Carlos passa a se dedicar ao tema da Morte, no Samba, com J. Carioquinha na voz de Cláudio Gurupim, termo este que denomina a alegria na morte e tão caro ao Zeca Pagodinho.
Depois, ao Amor, com Nelson Cavaquinho, baseado em coletâneas de poemas de Olavo Bilac, como em “Os Terceiros”, assim como diversos trabalhos de outros compositores da Portela, A. Patrocínio e Casquinha da Portela em “Achei cai lá fora”.
Outros temas também foram tratados, de Wilson Batista e Geraldo Pereira em “Acertei no Milhar” e gravado por Moreira da Silva e “Amigo Urso”.
Carlos finalizou dizendo que quase todos conhecem sua filha Marisa Monte como cantora e compositora, mas que poucos sabem que ela é a terceira mulher a receber o título de Honoris Causa na USP, sendo a primeira uma estrangeira e a segunda Maria da Penha, destacando, ainda seus projetos sociais e a terapia de fazer crochê após seus shows e que transformou em produtora.