Vantagens do cartão Jaé foram mostradas no Clube pela secretária municipal de Transportes, Maína Celidônio
O Rio de Janeiro se prepara para iniciar uma nova etapa no processo de implementação de um sistema inovador de bilhetagem eletrônica nos transportes públicos, a partir de 1º de julho. Nessa data, os modais municipais não aceitarão mais os bilhetes do RioCard, administrado pelas empresas de ônibus, e só receberão passageiros portadores do Jaé. Para falar sobre os preparativos para a mudança e sobre as diferenças de seu modelo, a secretária municipal de Transportes, Maína Celidônio, deu uma palestra no Clube de Engenharia do Brasil, na tarde da última terça-feira (04/02).
Segundo a secretária, o sistema de bilhetagem carioca tem vantagens significativas com relação ao RioCard. Entre elas, está a de manter sob a guarda do poder público a gestão financeira dos recursos arrecadados com as passagens. Outro ponto ressaltado por ela foi o fato de o Jaé permitir um controle preciso por parte do município com relação ao horário e local de embarque dos usuários. Com esses dados, de acordo com a secretária, o Rio terá melhores condições de realizar um monitoramento do sistema a fim de evitar gargalos e atender melhor a população.
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Maína justificou a medida diante da dificuldade que a Prefeitura do Rio enfrentou de obter informações por parte da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro) sobre sobras nos saldos dos cartões e dados operacionais do sistema. A Prefeitura, além de poder concedente dos transportes municipais, paga subsídios aos operadores, e o prefeito Eduardo Paes compreendeu que caberia ao município um controle próprio sobre a bilhetagem.
A secretária citou outras vantagens do Jaé com relação ao RioCard, por seu sistema prever a existência de um conta digital individual para os usuários, o que facilita o acesso ao saldo, mesmo com a perda do cartão ou o desligamento de uma empresa, no caso de beneficiários do Vale Transporte. Também destacou a maior segurança contra fraudes, em virtude da leitura biométrica nos validadores. A Prefeitura promete oferecer descontos para usuários frequentes.
“Nos últimos quatro anos, fizemos vários requerimentos de informação e a grande maioria deles foi negada, inclusive o saldo remanescente dos cariocas após a pandemia. Isso inclui uma questão financeira mas também o planejamento de dados. Eles respondem que não precisam dar informações porque não têm contrato com a prefeitura”, explicou Maína.
O Jaé hoje é aceito nos ônibus municipais, no VLT, no BRT, em vans e nos cabritinhos (kombis). Os usuários já contam com benefícios como gratuidades (estudantes e idosos, por exemplo) e com a integração tarifária do Bilhete Único Carioca. No entanto, o fim do RioCard nos modais municipais vem gerando muitas dúvidas e polêmicas. Uma delas é com relação à situação de moradores de outros municípios, beneficiários do Vale Transporte, que precisam fazer integração com transportes sob a concessão da Prefeitura. Segundo ela, ninguém terá seus benefícios cortados, mas nesses casos será necessário o uso de dois cartões diferentes.
Maína garantiu que os usuários do Bilhete Único Intermunicipal não serão prejudicados, pois quando embarcarem nos transportes da capital, sob concessão municipal, não serão descontados. Para que isso aconteça, entretanto, o governo do estado precisa enviar ao município lista atualizada dos beneficiários do BUI, o que ainda não foi feito. Ela explicou que o porte de dois cartões será necessário para todos os usuários que se locomovem em modais administrados pelas esferas estadual e municipal do Rio.
“Até então, a bilhetagem era considerada um serviço privado dos operadores de ônibus. Entendemos que não. É um serviço público, que tem que ser regulado pelo poder público até porque no momento em que se paga subsídios, precisamos ter um controle muito bom da receita do operador”, ressaltou Maína.
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O evento foi organizado pela Divisão Técnica de Transporte e Logística (DTRL), representada pelo integrante Itamar Marques, que elogiou os avanços no modelo adotado pela prefeitura a fim de provocar uma mobilidade mais humana na cidade. Representando a DTRL e o Fórum de Mobilidade Urbana, Licinio M. Rogério também parabenizou a iniciativa, mas ressaltou que o ideal é a implantação de um sistema integrado sob a gestão de uma autoridade metropolitana, que exerça o controle sobre os transportes de todos os municípios da região.