Ligação metroviária entre Rio e Niterói pode ser viabilizada para a realização dos Jogos em 2031

No dia 7 de agosto, delegados da Organização Desportiva Pan-Americana, vão se reunir em Assunção, no Paraguai, para decidir qual vai ser a sede dos Jogos Pan-Americanos de 2031. Além da própria capital paraguaia, Rio de Janeiro e Niterói formaram uma candidatura conjunta e disputam essa escolha. Caso as cidades brasileiras se sagrem vencedores, alguns investimentos podem ficar como legado, entre eles a ampliação da Linha 2 e construção da Linha 3 do Metrô, unindo as duas cidades.

Para explicar a importância do projeto e as alternativas existentes, o Clube de Engenharia recebeu o Secretário Executivo da Prefeitura de Niterói, Felipe Peixoto. Ele foi enfático ao dizer que o projeto precisa começar a ser tocado o mais rápido possível para que fique pronto a tempo. Mesmo que as escavações não sejam iniciadas imediatamente, estudos e detalhamentos de projeto podem ser feitos nessa fase.

Segundo Peixoto, uma questão crucial para a integração metroviária é com relação à definição de traçado da futura Linha 3. Apesar de no passado várias  propostas terem sido feitas, a dúvida gira em torno de duas possibilidades mais prováveis: tanto a atual linha 2 pode ser estendida até a Carioca e continuar  até o Centro de Niterói, onde começaria a linha  3, ou o ponto inicial desse novo trajeto seria a Carioca se estendendo sob a Baía de Guanabara. A extensão até São Gonçalo também está prevista nos cenários pensados.

A questão do financiamento do projeto, cujo investimento total gira em torno de R$ 10 bilhões, é outro ponto que ainda precisa ser definido. Apesar de não descartar a possibilidade de participação de capital privado na obra, Peixoto acredita que essa entrada não pode impactar a tarifa. Mesmo com a contribuição financeira do estado e das prefeituras, o mais provável é que a maior parte da verba seja de responsabilidade do governo federal. Um fato positivo foi o encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os prefeitos Eduardo Paes e Rodrigo Neves para a oficialização da candidatura, no último dia 24 de janeiro.

“É fundamental que seja iniciado de forma imediata, com os próximos passos sendo tomados com relação aos Jogos Pan-Americanos. Estando no nosso caderno de encargos e com esse legado que pretendemos deixar, que sejam logo iniciados os estudos para a viabilização das obras”, salientou Peixoto.

Mas contam a favor outros fatores. A Ponte Rio-Niterói sofre com tráfego muito maior do que o previsto e os engarrafamentos são um transtorno nos horários de rush. A poluição gerada pelos veículos também seria reduzida com a opção do transporte público. Outro ponto destacado no evento, organizado pela Divisão Técnica de Construção (DCO), foi o fato de estudos realizados anteriormente terem apontado para um possível estrangulamento do transporte aquaviário (barcas), em caso de investimento em um modal entre Niterói e São Gonçalo a ser construído, como o monotrilho por exemplo, sem a construção do metrô sob a baía. Inclusive, a redução de despesa do estado com o subsídio para as barcas também foi apontada como fator positivo com a criação da alternativa metroviária.

“Temos novamente uma janela de oportunidades para poder discutir o metrô. Atores unidos, que antes disputaram eleições, todos unidos em prol de um objetivo único, que é o Pan-Americano, que tem a Linha 3 do metrô por trás. Por isso, estamos pleiteando esse legado”, disse Peixoto.

Conforme mostrou o palestrante, o sonho de uma ligação sob a Baía de Guanabara entre as duas cidades é tão antigo, que começou a ser projeto já na época de Dom Pedro II, em 1876, quando o imperador encomendou estudo a um engenheiro inglês. A partir dos anos 1970, várias propostas foram discutidas, sem que nenhuma tenha ido para frente. Qualquer alternativa a ser escolhida, no entanto, seria ineficiente sem a conclusão da Linha 2, cujo trecho entre o Estácio e a Carioca/Praça XV ainda precisa ser concluído.

Apesar de os estudos técnicos poderem começar a ser realizados de imediato, o impulso financeiro para o projeto só tende a ganhar força com a definição da organização sobre a sede do Pan, em agosto. Caso as duas cidades sejam vencedoras, será uma oportunidade única de tirar esse projeto do papel e melhorar a qualidade de vida da população da Região Metropolitana como um todo.