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Segurança de Angra 3: mitos e verdades

* Leonam dos Santos Guimarães, Presidente da Eletronuclear
** Lúcio Ferrari, Superintendente de Engenharia de Projeto
*** Jorge Mendes, Chefe do Departamento de Engenharia de Sistemas e Controle do Reator

Jornal do Brasil 03/07/2018

Em artigo publicado em 26 de junho no JORNAL DO BRASIL, Sidney Rabello questiona mais uma vez a segurança de Angra 3. Em seu texto, ele retoma as argumentações de dois artigos publicados em 2010, em que alertava para o risco de acontecer um acidente similar ao de Chernobyl (Ucrânia, 1986) na usina. Agora, ele também toma como base para suas críticas o acidente de Fukushima (Japão, 2011).

Apesar de ser engenheiro da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Rabello não fala em nome da instituição. Inclusive, em 2010, seus argumentos foram refutados por especialistas da própria CNEN, entre eles o presidente da entidade. Seus artigos foram classificados como “irresponsáveis” e “alarmistas” pela própria casa onde trabalha.

É importante frisar que a CNEN concedeu todas as licenças necessárias, até o momento, para o avanço da construção de Angra 3. Além disso, o engenheiro comenta, incorretamente ou de forma distorcida, pontos apresentados em um relatório publicado recentemente pela Eletronuclear, intitulado “Atualização do padrão técnico e de segurança do Projeto de Angra 3”, que está disponível para leitura no site da empresa.

Vamos aos fatos. É falsa a informação de que o projeto de Angra 3 não considera normas de segurança atualizadas. No documento, a empresa apresenta a base normativa do licenciamento da usina, incluindo normas da CNEN e do setor nuclear alemão e americano, e apresenta comparações das soluções de engenharia aplicadas no projeto da usina e no de empreendimentos atuais.

Também não é verídica a a‑rmação de que o projeto de Angra 3 é vulnerável a acidentes severos. No relatório são consideradas diversas soluções para o caso de ocorrer um acidente severo. Apesar de não haver consenso internacional sobre que tipo de solução deveria ser implementada nesses casos – devido às incertezas envolvidas nesse tipo de acidente –, no projeto de Angra 3 está sendo aplicada uma solução largamente utilizada em usinas em operação e em novos projetos.

Adicionalmente, não é verdade que, por se tratar de um projeto dos anos 1970, Angra 3 não conta com melhorias introduzidas a partir dos acidentes de ree Mile Island (EUA, 1979), Chernobyl e Fukushima. Esses episódios foram, sim, contemplados no projeto da usina, que vem sendo atualizado ao longo do tempo, conforme descrito no relatório da Eletronuclear.

A Eletronuclear elaborou um plano de ações para reavaliar a segurança das usinas nucleares de Angra após o acidente de Fukushima. O documento foi produzido a partir de informações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da CNEN e da indústria nuclear mundial. Todas as modificações propostas foram submetidas à comissão, que tem acompanhado cada etapa de implementação.

Vale ressaltar que as usinas nucleares em todo o mundo são submetidas a revisões periódicas de órgãos internacionais, como a AIEA e a Associação Mundial de Operadores Nucleares (Wano, na sigla em inglês), onde a segurança é o principal item verificado. A experiência internacional é compartilhada com todas as demais unidades para que implementem as modificações pertinentes. Angra 2, usina similar a Angra 3, tem um histórico de operação exemplar, sendo considerada uma das melhores usinas do seu tipo no mundo.

Por fim, também não é verdade a informação de que a usina alemã de Grafenrheinfeld tenha sido desligada por questões de segurança. Trata-se de uma decisão política do governo alemão.

A Eletronuclear mantém uma política de comunicação transparente e está aberta ao diálogo com a sociedade. No entanto, a empresa entende que não é através da disseminação de informações deturpadas que se estabelecerá um debate construtivo sobre o uso da energia nuclear no Brasil.

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