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O Clube de Engenharia promoveu, em 28 de maio, o “Seminário sobre prevenção de explosões e áreas classificadas” para difundir e aprofundar o tema visando a prevenção de acidentes. O evento, que aconteceu no auditório do 25º andar durante todo o dia, debateu temas importantes como fundamentos e histórico das áreas classificadas no Brasil e no mundo, gerenciamento dos riscos de explosão e desclassificação de áreas, treinamentos, contenção de explosões, normas regulamentadoras, entre outros assuntos.
Com auditório lotado, o evento foi um sucesso e uma oportunidade de conhecimento e troca de informações técnicas, de experiências práticas preventivas. Participaram como palestrantes: Nelson Lopez (ABPEX), Fernando Sobrinho (Fundacentro-SP), Ruben L. Gonzales (Project Explo), Gabriel Corbari (Corbari Industrial e ABPEX), Luis Barbim (Fike e ABPEX), Haroldo Martins Junior (ABPEX) e Hélio Rodrigues (ABENDI).
Durante a abertura do evento, o Presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, destacou a importância do tema para a preservação de vidas humanas: “Debate de grande importância pois lida com riscos e perdas materiais e vidas humanas. Assegurar condições de trabalhos dignas e seguras é um dever do Estado e o Clube de Engenharia se envolve em discussões dessa natureza e vê com grande satisfação essa integração de esforços entre entidades governamentais como a Fundacentro e Associação Brasileira Para Prevenção de Explosões ” disse.
O que são áreas classificadas?
O presidente da Academia Brasileira para Prevenção de Explosões (ABPEX), Nelson Lopez, deu início às palestras do seminário reforçando a importância dos temas apresentados e valorizando o conhecimento em prevenção de explosões para a engenharia. “É preciso envolver no assunto outros profissionais. Por exemplo, incluir projetista, montador, etc”. Lopez destacou, também, a carência de normas reguladoras: “Nos últimos 70 anos temos estado imersos em muita desinformação. Até pouco tempo atrás mal havia legislação para prevenção de explosões, a legislação foi criada há 10 anos, com a emissão da NR-10″, explicou.
Para a engenharia, área classificada é o local com risco de ocorrência de uma atmosfera explosiva ou inflamável por conta da presença de gases, vapores, poeiras ou fibras. Lopez definiu como “ambiente de risco aquele onde existe a probabilidade de vazamento de gases inflamáveis em situação de funcionamento normal devido a razões diversas”. Lopez explicou que as áreas classificadas normalmente são divididas de três formas: Zona 0, quando o risco é permanente como o do tanque de inflamáveis, zona 1 onde os riscos são eventuais e zona 2 onde o risco é acidental.
O especialista alertou que, com prevenção, há possibilidades reais de diminuir as probabilidades de risco de explosões. “Se a área é classificada, alguém está fazendo algo errado. Porque a área classificada não deveria existir”. Para ele, é possível fazer um projeto de adequações para evitar explosões e incêndios. Mas isso requer investimentos em capacitação, aperfeiçoamento e, naturalmente, a efetiva aplicação de uma legislação mais eficiente. Lopez lembrou que nos anos 80, tudo era feito na base do “achismo” e hoje essa classificação é baseada em normas.
Para Lopez, “é preciso rever os riscos”. Ele dividiu as soluções para prevenção de explosões em quatro passos: 1°) Verificar o risco; 2º) Verificar se os riscos (materiais inflamáveis) estão sendo tratados da forma correta; 3º) Se houver não-conformidades, tem que regularizar, com equipamentos certificados; 4º) Em última instância é preciso conscientizar e treinar o profissional de manutenção que dará continuidade ao trabalho.
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Como controlar explosões
Entre muitos assuntos, o seminário, que foi uma verdadeira aula técnica sobre prevenção, também apresentou métodos de contenção de explosões. Luis Babim falou sobre tipos de proteção e isolamentos. “Em caso de explosão, é importante saber como podemos preservar a vida das pessoas”, disse.
“Basicamente todo tipo de material orgânico pode explodir, basta que tenhamos a combinação e características para tal”, explicou Babim. Ele classificou as explosões em dois tipos: primária e secundária. De acordo com ele, a primeira acontece dentro do equipamento e a secundária, por sua vez, é a explosão oriunda da primeira. A primária gera uma onda de choque, e se o ambiente tiver muita poeira por exemplo, vai acontecer a deflagração secundária, que pode colapsar a estrutura. Os métodos apresentados por Babim foram:
VENTILAÇÃO DA EXPLOSÃO
Instala-se intencionalmente uma “janela” no recipiente (invólucro) e num caso de explosão a janela abre para aliviar a pressão. Esse é um método “passivo”, porque a janela fica instalada para caso seja necessário. Existem diversos tipos de painel de ventilação. A ventilação contra explosão é uma das formas de proteção contra explosão mais comuns e eficazes, proporciona proteção contra sobrepressão derivada de riscos potenciais de explosões industriais através do fornecimento de um percurso planeado para a saída dos gases em expansão.
ISOLAMENTO DA EXPLOSÃO
Trata-se de um sistema de isolamento da explosão que impede a propagação das chamas de uma fase do processo para a seguinte através da utilização de válvulas de isolamento de explosão de atuação rápida e/ou através de barreiras químicas.
SUPRESSÃO ATIVA DE EXPLOSÃO
Trata-se de um sistema mais complexo concebido para detectar e suprimir quimicamente uma explosão nas suas fases iniciais antes da explosão poder causar um desastre ou se tornar catastrófica. É um bloqueio ativo.
O evento foi promovido pelo Clube de Engenharia, Divisão Técnica de Engenharia Química – DTEQ, Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – Fundacentro e Associação Brasileira Para Prevenção de Explosões – ABPEX. Contou com o apoio da Divisão Técnica de Engenharia de Segurança – DSG, Divisão Técnica de Engenharia do Ambiente – DEA, Divisão Técnica de Petróleo e Gás – DPG, Divisão Técnica de Exercício Profissional – DEP.