Conselheiro vitalício do Clube participa do projeto Memória Oral e fala sobre sua experiência no exílio durante a ditadura militar
O conselheiro vitalício do Clube de Engenharia Sergio Augusto de Moraes recebeu a equipe responsável pelo projeto Memória Oral para contar episódios de sua carreira, de sua atuação política e de sua vida na entidade que abraçou desde os anos 1960. O engenheiro elétrico teve que se exilar no Chile e depois na Suíça em virtude de suas posições políticas contrárias à ditadura militar e conta no vídeo todos os percalços pelos quais passou no período até sua volta e a anistia.
Sua atuação como engenheiro nunca se desvinculou das preocupações políticas e com o sonho de construir um país mais justo. Logo depois de formado, ingressou no antigo estaleiro na ilha de Mocanguê, em Niterói. Por conta de sua liderança junto aos trabalhadores, foi indicado para a diretoria do Lloyd Brasileiro. Mas o golpe de 1964 representou um ponto de interseção em sua vida e a partir daí foram muitos anos de perseguição.
Moraes precisou se mudar para São Paulo e depois partiu para o exílio no Chile, país sul-americano que virou refúgio para jovens de esquerda após a eleição do presidente Salvador Allende. Mas um outro golpe militar derrubou o mandatário e milhares de pessoas com militância de tendência socialista foram presas. O engenheiro, que trabalhava em uma fábrica de metalurgia, foi levado para o Estádio Nacional, de onde só saiu com a interveniência da ONU.
“Passei 20 a 30 dias me preparando para morrer e para não entregar nada para eles”, contou o engenheiro, que depois escreveu o livro “Viver e Morrer no Chile”.
A Suíça foi seu refúgio depois de sair do Chile. No país europeu, Moraes conseguiu concluir mestrado em econometria. No retorno ao Brasil obteve importante apoio de associados do Clube e também passou a se engajar mais com as atividades da entidade, onde foi eleito diretor para atuar na gestão de Plínio Cantanhede.
Moraes trabalhou na Cedae até sua aposentadoria e nunca abandonou sua luta por um país melhor. No depoimento, também lembrou a elaboração de seu outro livro “Capitalismo e População Mundial”, lançado em 2016, em que faz um estudo sobre a população mundial.
“A minha geração foi muito sacrificada por ter vivido 21 anos de ditadura, sem democracia, vendo o Brasil crescer e enriquecer e o nosso povo miserável e muitos passando fome. Mesmo sendo uma sociedade capitalista, que fosse uma sociedade do conhecimento e que pudesse encaminhar o país para um outro modelo”, conclui ele.