“Não existe desenvolvimento sem defesa ou defesa sem desenvolvimento. Uma apoia a outra até que chegamos ao topo da escala produtiva. E isso é plenamente viável para o Brasil”. A afirmação é do General de Divisão Aderico Visconte Mattioli, diretor do Departamento de Produtos do Ministério da Defesa, destacando que a Defesa deixou de ser uma área puramente militar, mas de toda a sociedade e de todos os segmentos: “é assunto do país, da sociedade como um todo e o momento não poderia ser mais oportuno para discutirmos e tirarmos benefício da maturidade que alcançamos”, destacou.
Aproveitando o momento promissor e reconhecendo na indústria da defesa um vetor fundamental para o desenvolvimento nacional, o Clube de Engenharia promoveu hoje, 08/11, ao longo de todo dia, o seminário “Engenharia, Inovação & Tecnologia e os Investimentos nos Próximos Anos – A Indústria da Defesa”. Em auditório lotado ao longo de todo o dia, foram apresentados programas, planos e ações em andamento no âmbito da indústria nacional da defesa no país.
Entre os destaques do dia estava o enorme esforço envolvido na construção do submarino nuclear brasileiro. Apresentados pelo Almirante-de-Esquadra José Alberto Fragelli, os programas levados a cabo para que o submarino seja construído, como o domínio do ciclo do combustível – já concluído – e o domínio da propulsão – ainda em andamento, foram detalhados com ênfase em um ponto: o conteúdo nacional.
De acordo com Fragelli, tanto o submarino, quanto o enorme estaleiro são construídos com total atenção para o uso de mão de obra e tecnologias brasileiras: “A presidenta Dilma Rousseff pediu que nós nacionalizássemos ao máximo o processo. Então, há a transferência de tecnologia com assessoria técnica da estatal francesa DCNS para nacionalizar peças, equipamentos e materiais. Já temos 140 fábricas nacionais já contratadas para fazer nosso submarino. Espera-se que o índice de participação nacional fique acima de 95%. Dá pra fazer. É só buscar nos nossos parques, no parque paulista.
O vice-almirante Carlos Passos Bezerril, do Centro Tecnológico da Marinha de São Paulo destacou o cerceamento tecnológico sofrido pelo país na caminhada pela excelência na área da defesa. Por meio de casos reais, Bezerril falou das várias vezes em que o governo americano barrou a venda de aparelhagem simples para o país na tentativa de barrar o programa do reator naval nuclear. “A parte ruim é que isso tudo atrasa o projeto. A boa é que respondemos a isso aprendendo a fazer aqui dentro o que nos foi negado: a fibra-carbono para nossas centrífugas, os aços especiais, giroscópios e acelerômetros, válvulas especiais etc”, explicou.
O evento também contou com a apresentações da FINEP, Embraer, BNDES e do coronel Sérgio Henrique da Silva, gerente do projeto KC-390. A cobertura completa do evento estará no Jornal do Clube de Engenharia de dezembro.