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USP investiga potencial de uso de resíduos agroindustriais

USP investiga potencial de uso de resíduos agroindustriais 1501452333

Do site Inovação Tecnológica, com informações da Agência FAPESP

Transformar resíduos em recursos, substituir matérias-primas tóxicas por insumos saudáveis, migrar de processos impactantes para produção sustentável: estas são algumas das metas que norteiam as reflexões mais avançadas no campo da atividade agroindustrial.

São também diretrizes do Projeto Agrowaste – lixo agropecuário, em tradução livre, coordenado pelo engenheiro Holmer Savastano Júnior, da USP em Pirassununga (SP) em parceria com a Agência Nacional de Pesquisas (ANR) da França.

“Desenvolvemos duas linhas de pesquisa: uma com compósitos de matriz inorgânica, explorando o acréscimo de cinzas de queima de biomassa e de fibras de biomassa em matriz de cimento Portland, para a produção de placas planas ou onduladas de fibrocimento; outra com compósitos de matriz orgânica, explorando a utilização de fibras e partículas de biomassa aglomeradas por resina vegetal, para a produção de placas destinadas à fabricação de embalagens, paletes e mobiliário”, disse Savastano.

Amianto e resinas fenólicas
Na “linha inorgânica”, a solução pesquisada visa obter um produto alternativo ao cimento-amianto. E, na “linha orgânica”, o objetivo é buscar alternativa aos aglomerados baseados em resinas fenólicas.

Ambas as matérias-primas – o amianto e as resinas fenólicas – são consideradas cancerígenas. Especialmente no caso da fibra de amianto, existe hoje uma tendência mundial à proibição, já acatada por 69 países, em atendimento a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, vários estados e municípios vetaram o uso, mas o processo de proibição em todo o território nacional se arrasta no Supremo Tribunal Federal (STF).

Proibidas em diversos países, mas ainda não no Brasil, as resinas fenólicas também estão, por assim dizer, com seus dias contados. E, neste caso, deve-se considerar, além da toxicidade do produto, também a insustentabilidade da produção, petróleo-dependente.

Fibrocimento verde
Para produzir as placas de fibrocimento, foi empregada uma mistura de cimento, fibras plásticas e polpas vegetais. “Nossa perspectiva é utilizar cada vez mais cinzas de biomassa em substituição ao cimento Portland convencional e fibras vegetais em substituição às fibras plásticas”, sublinhou Savastano.

Isso configuraria um produto de terceira geração. A primeira geração foi constituída pelo cimento reforçado com fibras minerais. A segunda geração, já viável, é esta com cimento, fibras plásticas e polpas vegetais. A terceira, a ser alcançada passo a passo, com ajustes incrementais, é substituir progressivamente o cimento e as fibras plásticas por cinzas da queima de biomassa e fibras vegetais, tornando o material menos impactante e mais sustentável, de acordo com expectativas ambientais que começam a se disseminar na sociedade.

“Quanto mais vegetal, mais sustentável”, definiu Savastano. “Por isso, um próximo passo, como sequência do projeto atual que está em fase de encerramento, é exatamente fazer análises de sustentabilidade, calculando como o uso progressivo de fibras vegetais influiria em variáveis como consumo de energia na produção e durabilidade do produto final”.

Por enquanto, devido à disponibilidade comercial, as fibras vegetais utilizadas na pesquisa ainda são constituídas por polpa de celulose. “Mas, em um país como o Brasil, temos perfeitas condições de utilizar diversos vegetais fibrosos como fonte de polpa. Uma alternativa, importante no Estado de São Paulo, que é o maior produtor de cana-de-açúcar, poderia ser, por exemplo, o bagaço e a palha da cana, utilizável tanto como fonte de fibras quanto como fonte de cinzas. Se considerarmos o território nacional como um todo, há muitas outras alternativas de biomassa não madeireira: sisal, banana e bambu, para mencionar apenas alguns exemplos”, lembrou o pesquisador.

A substituição da polpa de celulose pelo bagaço de cana, por exemplo, atenderia à diretriz de transformar resíduo em recurso, contribuindo para a otimização do processo agroindustrial. “O que chamamos hoje de rejeitos não podem, de fato, receber essa definição. São matérias-primas mal aproveitadas. Um dos objetivos de nosso projeto é levar este tipo de consideração ao segmento empresarial”, comentou Savastano.

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