A geração, tratamento e destinação dos lodos das URQs

Foto: Andy Costa/Pixabay

Por José Eduardo Cavalcanti*
Publicado por Instituto de Engenharia

O projeto NOVO PINHEIROS de iniciativa do Governo do Estado de S. Paulo
que visa, como exaustivamente anunciado, despoluir o rio Pinheiros até 2022
mercê ao incremento das redes coletoras e tratamento dos esgotos da bacia,
prevê também a implantação de Unidades de Recuperação das Águas,
denominadas URQ, para tratar, em tempo seco, as águas poluídas de 5
córregos: Pirajussara, seu afluente Antonico, e Jaguaré situados à margem
esquerda e Águas Espraiadas e Cachoeira, à margem direita do canal
Pinheiros.

Este modelo de atendimento foi imaginado tendo em vista as dificuldades de
acesso da infraestrutura sanitária às contribuições das áreas irregulares da
bacia não atendidas em que convivem cerca de 700 mil pessoas onde seria
praticamente impossível o esgotamento de economias por rede de coleta
segundo o sistema separador absoluto convencional.

O lançamento do efluente tratado destas URQs seria nos próprios córregos
imediatamente a jusante dos locais dos sistemas de tratamento implantados.
No processo licitatório, a SABESP não especificou o tipo de tratamento a ser
adotado, deixando por conta de cada proponente a concepção. Apenas
estimou indiretamente vazão e carga orgânica e informou os padrões de
lançamento requeridos.

As vazões máximas e cargas orgânicas oriundas destes córregos a serem
tratadas de acordo com estimativas da SABESP seriam as seguintes:

Segundo informações obtidas, as empresas vencedoras do certame deverão
adotar em todas as URQs tratamento biológico por lodos ativados com a
tecnologia MBBR, à exceção da URQ Jaraguá que optou por ozonização.

Neste processo haverá geração de lodo excedente em quantidades apreciáveis
mesmo após a secagem a 20% (mínimo teor de sólidos exigido). Este fato é
agravado pelo fato de não se ter áreas disponíveis no local de geração para armazenagem deste lodo o que exigirá uma abordagem “just in time”. Aduz-se
a este fato que a permanência deste lodo no local, apenas parcialmente
digerido, poderá causar incomodidade à vizinhança.

Uma alternativa possível seria lançar os lodos excedentes, tão logo sejam
gerados (na saída dos decantadores em que sua consistência é de 1% de
sólidos em suspensão) na rede coletora mais próxima, por gravidade ou por
bombeamento, desde que interligada aos interceptores do Pinheiros de modo a
permitir tratamento na ETE Barueri que está perfeitamente habilitada a receber
estas suspensões nas vazões em que são geradas conforme Tabela. (Esta
ETE já recebe inclusive o lodo químico da ETA ABV).

Desta forma, se evitariam as trabalhosas operações de adensamento e
secagem dos lodos não estabilizados que teriam de ser realizadas nos próprios
locais das URQs, com os inconvenientes conhecidos deste manuseio, bem
como a emanação de odores e o transporte quase diário até os aterros
sanitários (provavelmente àqueles situados em Caieiras) minimizando-se
sobremaneira os custos CAPEX e OPEX envolvidos.

Adicionalmente se conseguirá encurtar o cronograma de implantação e pré
operação das URQs em benefício da agilização do Projeto NOVO PINHEIROS.
Apesar de as obras das URQS já estarem contratadas, ainda há tempo hábil
para se alterar a concepção do tratamento do lodo, uma vez que os estudos
ainda estão na fase de projetos.

*José Eduardo W. de A. Cavalcanti é engenheiro consultor, diretor do Departamento de Engenharia da Ambiental do Brasil, diretor da Divisão de Saneamento do Deinfra – Departamento de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), conselheiro do Instituto de Engenharia, e membro da Comissão Editorial da Revista Engenharia. E-mail: [email protected]

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