A Inteligência Artificial (IA) tem sido cada vez mais incorporada em diversas áreas da engenharia, permitindo a tomada de decisões com maior eficiência e precisão. Para discutir como a IA está transformando diferentes setores, entrevistamos o engenheiro especialista em infraestrutura Lucas Felippe e o engenheiro ambiental Henrique Gonzalez. Ambos destacam o papel central da IA em projetos complexos e sustentáveis, cada um trazendo exemplos práticos de suas áreas de atuação.
A IA vem revolucionando a forma como os engenheiros enfrentam projetos complexos de infraestrutura. Segundo Lucas Felippe, a tecnologia possibilita o processamento de grandes volumes de dados em tempo real, o que facilita a análise de múltiplos cenários e variáveis. “Ferramentas de IA podem processar grandes volumes de dados em tempo real, facilitando a análise de múltiplos cenários e variáveis em projetos”, explica Felippe. Com isso, decisões críticas, como a escolha de materiais ou métodos construtivos, podem ser feitas de maneira instantânea, otimizando o tempo e os recursos. “A automação de decisões elimina a necessidade de intervenção humana em certas etapas, o que contribui para acelerar o andamento do projeto”, acrescenta ele.

Esse impacto da IA não se limita apenas à infraestrutura. No setor agrícola, a IA tem promovido avanços significativos em termos de sustentabilidade, como destaca Felippe. “A IA tem desempenhado um papel determinante na transformação da agricultura. Tecnologias como a análise de dados de sensoriamento remoto e drones otimizam o uso de recursos como água e fertilizantes, resultando em uma produção mais eficiente e sustentável”, observa. Além disso, essas tecnologias contribuem para reduzir o desperdício e a dependência de insumos prejudiciais, como pesticidas, promovendo uma agricultura mais regenerativa e ambientalmente responsável.
Ferramentas de IA podem processar grandes volumes de dados em tempo real, facilitando a análise de múltiplos cenários e variáveis em projetos, destaca o engenheiro Lucas Felippe.
No campo da engenharia ambiental, Henrique Gonzalez oferece um exemplo concreto de como a IA está sendo aplicada na preservação de ecossistemas, especialmente em regiões de difícil acesso, como a Amazônia. Antes, a identificação de atividades ilegais, como o desmatamento ou o garimpo, dependia de denúncias, um processo lento e falho. “Antigamente, você dependia de uma denúncia, mas, em uma região remota da Amazônia, é difícil contar com a presença de um vizinho para reportar algo”, explica Gonzalez. Com o uso de IA, porém, é possível criar sistemas de alerta automáticos que detectam atividades suspeitas em tempo real. “Você pode treinar modelos de inteligência artificial para criar sistemas de alerta que já fazem essa detecção de forma automática”, detalha ele. Esses alertas permitem que órgãos de fiscalização ambiental ou policiamento atuem de forma proativa e mais eficaz.
Para Gonzalez, a IA oferece um avanço significativo em termos de eficiência e precisão nas operações de fiscalização ambiental. “Como engenheiro ambiental, vejo essa aplicação da IA como uma evolução natural, onde trabalhamos com dados e estatísticas. Por exemplo, podemos identificar que existe 82% de chance de haver uma atividade ilegal naquela região, com base nos dados analisados pelo sistema”, comenta.

Um aspecto essencial para o sucesso dessas soluções é a governança de dados. Tanto Felippe quanto Gonzalez ressaltam que a gestão adequada dos dados é fundamental para que as decisões baseadas em IA sejam seguras e precisas. “Quando os dados são bem geridos, as ferramentas de IA conseguem extrair insights mais relevantes, o que aumenta a eficiência dos projetos e contribui para uma execução mais sustentável e responsável”, afirma Felippe. No entanto, ele alerta que a implementação da IA enfrenta desafios, principalmente relacionados à qualidade dos dados e à compatibilidade entre sistemas. “Os principais desafios estão na habilidade técnica no uso dessas ferramentas, na qualidade dos dados e na conformidade com normas de governança de dados”, conclui.
No setor ambiental, a IA possibilita sistemas de alerta automáticos para detecção de atividades suspeitas, como desmatamento na Amazônia, explica Henrique Gonzalez.
A aplicação da IA na engenharia de decisão, seja em projetos de infraestrutura ou na preservação ambiental, demonstra seu poder em otimizar processos e apoiar soluções sustentáveis. Ao fornecer uma base sólida de dados e análises, a IA permite que engenheiros tomem decisões mais rápidas e precisas, promovendo uma gestão mais eficiente e responsável em diversos setores.
Sobre os palestrantes
Henrique Gonzalez é engenheiro ambiental formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com parte da graduação na University of Technology em Sydney, onde se interessou por Geotecnologias. É idealizador e professor do MBA em Inteligência de Dados Ambientais
Lucas Eduardo Caetano Felippe é engenheiro agrônomo formado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná com experiência em transformação digital, desenvolvimento de produtos digitais e negócios sustentáveis. Atua como agente de inovação e empreendedorismo, focando em PD&I e tecnologias emergentes, buscando soluções inovadoras para desafios complexos na interseção entre negócios, tecnologia e impacto.
Fonte: CONFEA.