Encontro Fluminense de Estudantes de Engenharia (EFEEng) pretende reunir, via internet, estudantes de todo o país para compartilhar conhecimentos e debater os grandes temas atuais

Qual a responsabilidade da Engenharia para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável? Esta é a pergunta que norteia o próximo Encontro Fluminense de Estudantes de Engenharia (EFEEng), nos dias 13, 14 e 21 de agosto. O EFEEng quer promover debates com especialistas e estudantes sobre as mudanças climáticas e a forma como temos tratado o meio ambiente, além do papel dos profissionais da Engenharia para a transformação dessa relação entre humanos e a natureza. Afinal, o projeto de desenvolvimento que os países buscam atualmente inclui a preservação do meio ambiente como prioridade. E é com foco no desenvolvimento sustentável que o 5º EFEEng pretende debater os principais temas do Brasil atual, como segurança alimentar, investimento nas universidades públicas, economia e, claro, o papel da engenharia para a construção de uma sociedade mais igualitária.

Além de estudantes e profissionais da engenharia, levando em conta o papel da comunidade acadêmica para os debates nacionais e para a formação dos futuros engenheiros, o EFEEng trará professores/as de universidades como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). O primeiro dia do evento contou com a celebração dos cinco anos de EFEEng, conduzida pelo presidente do Clube de Engenharia e pelo coordenador da SAE, Pedro Celestino e Stelberto Soares. No segundo dia, as palestras e debates começaram de manhã e foram até o final do dia com a presença de especialistas de diversas áreas.  Mais informações e a programação completa estão disponíveis clicando aqui.

Com a participação efetiva de estudantes, mesmo à distância devido à pandemia, a produção do 5º EFEEng teve como um de seus carros-chefe os Esquentas, pré-encontros ao vivo transmitidos pela página da SAE no Instagram. Os temas variados e convidados de diversas áreas reuniram mais de 1100 espectadores em 12 Lives, sucesso que o estudante do oitavo período de Engenharia Ambiental na UFF, Rafael da Costa Melo Franco, atribui a um maior engajamento dos estudantes que se integraram à comissão organizadora e ao sucesso do EFEEng 2020 que, mesmo no auge da pandemia, conseguiu cumprir um papel importante para aquele momento. “No 4º EFEEng tivemos o primeiro encontro remoto, que discutiu de forma brilhante as principais questões do momento: o fervor do combate à pandemia e das discussões da política de desmonte do serviço público, em especial da educação superior, e o escopo da produção de tecnologias de interesse público”, explica o estudante, que participa do EFEEng desde a segunda edição.

Giulia Domingues, graduanda também do oitavo período de Engenharia Florestal na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), destaca que, mesmo tendo conhecido o EFEEng recentemente, se sentiu acolhida logo no primeiro contato e inspirada pelas discussões propostas desde os pré-encontros. “O EFEEng está trazendo debates muito pertinentes e fundamentais para a conjuntura, discutindo o papel social do engenheiro e abrangendo a diversidade de engenharias. A Engenharia Florestal é bem diferente de outras e mesmo assim sinto que conseguimos dar uma boa contribuição devido a essa pluralidade de conhecimentos neste espaço”, afirmou a estudante, que participou como palestrante de uma das Lives do Esquenta EFEEng discutindo o tema da fome no Brasil.

Múltiplos olhares

Outra característica importante do EFEEng é justamente a sua inter/multidisciplinaridade. Estão presentes desde a sua preparação até o evento em si, grande diversidade de ideias e de áreas da Engenharia. Mesmo que o tema deste ano esteja voltado para o meio ambiente, a participação de estudantes e profissionais vai desde a engenharia civil até a ambiental, passando pela produção até a elétrica. Além de Giulia, outros participantes destacaram esta que é vista como uma qualidade do evento.

Para o estudante de Engenharia Ambiental do Instituto Federal Fluminense (IFF/Campus Guarus), Luiz Henrique Gomes Moraes, essa multiplicidade de especialidades da engenharia agrega muito ao Encontro, além de uma visão mais cidadã sobre o papel do/a profissional. “Temos tentado fazer com que aconteçam, na prática, as discussões sobre a função social da Engenharia. É importante que o/a estudante saiba que aplica os princípios das ciências básicas, mas também possa entender que vive em sociedade. Cada pessoa que participa do evento é multiplicadora dos debates que são pautados ali. Engenharia não é só cálculo, física, química, é também a discussão do homem, da mulher, do meio ambiente que nos cerca. É saber que a escolha de determinados modelos políticos e econômicos interfere diretamente na vida do/a engenheiro/a, inclusive no emprego. Engenheiros/as estão dirigindo Uber hoje em dia. Isso mostra que escolha de modelos político-econômicos equivocados podem nos levar ao prejuízo enquanto classe trabalhadora”, opina o graduando.

Formação de técnicos/as e cidadãos/ãs

De acordo com Rafael da Costa Melo Franco, o 5º EFEEng retoma as discussões sobre a crise socioambiental em que vivemos e que, apesar de afetar toda a população por ter como característica o efeito global sobre os sistemas terrestres, tem seu maior e mais agudo efeito sobre parcela da população empobrecida, negra e/ou indígena. “O V EFEEng trará debates socioambientais e também abordará o tema da insegurança alimentar, que leva novamente o Brasil ao mapa da fome, e como a engenharia pode e deve atuar nisso. Como sempre, o EFEEng será um espaço de discussões técnicas, sem deixar de lado os aspectos sociais e éticos da atuação em engenharia, já que nosso trabalho necessariamente impacta e possui interface com pessoas”, contou o graduando.

O estudante também destaca o incentivo do Clube de Engenharia a incorporar cada vez mais debates importantes e com a maior diversidade de ideias possível não apenas no EFEEng mas em tudo que envolve a SAE. “Esse é um encontro mágico, quando a experiência de vida dos sócios do Clube e a não tanta experiência dos sócios aspirantes se encontram no ponto comum: o questionamento técnico, bem embasado, construído a partir de fatos, que objetiva a construção de uma sociedade mais justa e de um país soberano e mais feliz. Por isso eu acredito que o EFEEng tem esse poder de ser ferramenta de transformação das realidades tortas que nos são impostas”, elogia Rafael.

Diversidade e inclusão

Críticos à formação do engenheiro, tanto Rafael como Giulia concordam que o EFEEng é um espaço importante para que os estudantes conheçam realidades diversas e debatam assuntos nacionais. “O EFEEng tende a cumprir esse papel de discutir igualdade de gênero, por exemplo, trazer as perspectivas de mulheres engenheiras. Passos pequenos e graduais estão ampliando a presença das mulheres na Engenharia, precisamos pensar quem são os jovens que assumem os papeis de protagonismo da Engenharia, se as mulheres estão assumindo posições importantes, porque nós com certeza temos muito a falar”, afirma Giulia sobre a diversidade do público do EFEEng.

Já Luiz Henrique relembra um dos maiores orgulhos do Clube de Engenharia: sua participação na abolição da escravidão da população negra, mostrando os valores que baseiam a trajetória da instituição, sempre em defesa de valores importantes. “Temos que discutir um modelo com mais medidas que visem a igualdade social. Nós engenheiros temos que nos entender como classe trabalhadora. É preciso que sigamos a função social da engenharia, lutar por um desenvolvimento autônomo, com respeito à diversidade e em busca de uma democracia sólida, com defesa do meio ambiente, dos direitos dos trabalhadores/as e da vida do nosso maior patrimônio que é a vida do povo brasileiro”, defende.

Confira a programação do dia 21:

21/08 | sábado
15h: Roda de conversa

17h: Encerramento do 5º EFEEng

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