Cargueiro KC-390: desenvolvimento nacional e geração de empregos

Com farta cobertura da mídia nacional, o novo cargueiro militar KC-390 da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) foi apresentado em 5 de abril, na base aérea de Brasília, à presidente Dilma Rousseff e aos ministros da Defesa, Aldo Rebelo, e da Aeronáutica, Nivaldo Luiz Rossato. Apesar das manchetes em todos os jornais, poucos cidadãos brasileiros foram efetivamente informados sobre a importância daquele momento para o país. A cobertura política engoliu a principal razão da cerimônia oficial.

“Tratava-se apenas da maior aeronave já construída no Brasil, com capacidade de transporte de blindados, de brigadas de paraquedistas, de operar como avião-tanque para reabastecimento aéreo de caças, ou como unidade de salvamento, em um projeto que custou 7 bilhões de reais, em grande parte financiado pelo Governo Federal, que teve também participação minoritária de outros países, como Portugal, Argentina e a República Tcheca, destinada a substituir, no mercado internacional, nada menos que o Hércules C-130 norte-americano”, registrou o jornalista Mauro Santayana em artigo publicado no Jornal do Brasil.

Reconhecimento internacional

Coordenador do projeto na Embraer, Paulo Gastão Silva, destaca, entre outros significativos resultados, a importância do momento atual para a Embraer. “Do lado da Força Aérea, o KC vai permitir atingir aquela grande mobilidade estabelecida na Estratégia Nacional de Defesa, mobilidade das tropas brasileiras. Do ponto de vista da Embraer, um ganho tecnológico importante”. Gastão ressalta que a experiência do KC-390 preparou melhor a Embraer para os próximos programas. A empresa é conhecida por sustentar sua produção com exportação, criar modelos aceitos internacionalmente e ter os próprios projetos de engenharia de criação e detalhamento de construção.

A fase de desenvolvimento da aeronave foi responsável por 1,5 mil empregos diretos de alta qualificação somente na Embraer. Na cadeia de fornecimento, cerca de cinco vezes essa quantidade. Quando a produção seriada estiver estabilizada, a previsão é de outros 1,1 mil empregos diretos com consequente geração de cinco vezes esse total na cadeia de fornecimento. Além disso, 50 empresas brasileiras foram contratadas para a montagem do cargueiro.

Próximos passos

O KC-390 será fundamental na manutenção de outras aeronaves, pois pode operar como avião-tanque para reabastecimento aéreo de caças e helicópteros, mesmo em elevadas altitudes e velocidades. Pode transportar veículos, helicópteros, tropas, paraquedistas, macas para evacuação, etc. Funcionará em ambientes hostis, com condições climáticas extremas, e também objetiva combater incêndios florestais. Segundo o comandante Márcio Jordão, piloto de ensaios da Embraer, no aspecto de defesa e segurança é uma arma vital, por ser capaz de abastecer e auxiliar na manutenção de caças.

A pilotagem conta com um moderno sistema de comando de voo do tipo fly-by-wire, reduzindo a carga de trabalho dos pilotos e adicionando precisão à missão. Ele ainda é 60% mais veloz do que o avião utilizado atualmente pela Força Aérea Brasileira (FAB). Segundo o Portal Brasil, site do Governo Federal, o KC-390 será a espinha dorsal da aviação de transporte da Força Aérea Brasileira. A frota será fundamental nos mais diversos projetos do Estado brasileiro, da pesquisa científica à manutenção da soberania.

O KC-390, que é, de fato, a maior aeronave já construída no Hemisfério Sul, é também a mais esperada pela Força Aérea Brasileira desde 2009, quando foi encomendado pela FAB à Embraer. À época, fecharam um acordo de 4,9 bilhões de reais para o seu desenvolvimento. Em 2014, com o projeto concluído, a parceria foi fechada em 7,2 bilhões de reais, para a aquisição de 28 unidades. Também existem cartas de intenção para venda de 32 unidades para Argentina, Portugal, República Tcheca, Colômbia e Chile. O primeiro voo experimental aconteceu em fevereiro de 2015. Atualmente, o cargueiro se encontra na fase de campanha de testes, que pode durar até 24 meses. Para o segundo semestre de 2017 está prevista a certificação. As primeiras entregas serão em 2018.

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