Tese da UnB é premiada por comitê internacional de aeronáutica

Estudo discorre sobre segurança e integridade de aeronaves. É a primeira vez que um brasileiro leva o prêmio

Desenvolvida pelo engenheiro André Luis Pinto, a pesquisa Fadiga por Fretting em Carregamento de Amplitude Variável venceu o primeiro lugar do prêmio Jaap Schijve Award, concedido pelo Comitê Internacional de Fadiga Aeronáutica e Integridade Estrutural (ICAF, da sigla em inglês). A tese de doutorado, defendida em 2022, foi realizada simultaneamente na Universidade de Brasília e na Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, e apresenta, em linhas gerais, metodologia de previsão de falhas em componentes de aeronaves.  

André é o primeiro brasileiro a receber o prêmio, voltado a jovens cientistas, que tenham concluído doutorado em, no máximo, dez anos, e reconhece, a cada dois anos, trabalhos na área de fadiga estrutural de aeronaves e tolerância a danos. “Fiquei muito feliz, quando recebi o e-mail da instituição com a notícia, foi muito gratificante e fez valer todos os anos de trabalho duro, inclusive em meio à pandemia”, comenta o pesquisador. 

A premiação homenageia Jaap Schijve, professor falecido em 2023 amplamente reconhecido na área de integridade de aeronaves. “A honraria recebe inscrições de pesquisadores de todo o globo e, desde 2009, premia cientistas de instituições renomadas. O primeiro contemplado, por exemplo, foi um pesquisador da Força Aérea dos Estados Unidos. Para nós, esse reconhecimento é muito significativo”, conta o orientador da tese, o professor José Alexander Araújo, do Departamento de Engenharia Mecânica (ENM/FT). A tese foi co-orientada pelo docente Reza Talemi, da Universidade de Leuven. O pesquisador e os dois orientadores foram à Holanda receber o prêmio, em 27 de junho.

VÔOS MAIS SEGUROS

A pesquisa doutoral de André Luis Pinto destaca-se por realizar testes inéditos e desenvolver metodologia robusta, capaz de prever a falha de componentes mecânicos de aeronaves pelo o que é chamado de fadiga de fretting. Trata-se de desgaste e, às vezes, de danos por corrosão em peças que estejam em contato com outros materiais.

“Essa metodologia inclui vários testes físicos e numéricos que buscam prever quando uma trinca surgirá, em qual ângulo ela se inicia e por qual caminho percorre. Fazemos esses testes na UnB”, explica o engenheiro, que também lenciona no Instituto Federal de Brasília (IFB).

Os resultados chamam atenção devido à precisão da previsão de falha de peças como pás de turbinas de avião. “Os nossos testes trouxeram uma qualidade muito alta para o trabalho, reflexo que resultou nos cinco artigos que publicamos, além de participações em congressos”, completa.

No futuro, o retorno da pesquisa poderá ser visto em detalhes da vida cotidiana, conforme explica o orientador José Alexander. “Será possível engenheiros projetarem aeronaves otimizadas, mais leves, com peças mais seguras e duráveis. Afetando o valor das passagens, por exemplo.”

Ele destaca que outras áreas poderão se beneficiar, como a indústria de cabos de transmissão de energia. “Nesse cenário, o fenômeno que o André estuda pode ser aplicado na situação em que o cabo sobe e se prende a uma torre, o vento passa e balança o cabo. Essa peça pode, com o tempo, sofrer com trincas e fendas que levam o cabo a falhar. Um defeito em um sistema interligado tem o custo altíssimo e pode levar a blecautes enormes “, exemplifica o docente.

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