Em discurso em Luanda, Angola, presidente lamenta o desmantelamento do setor e prega retomada dessa indústria
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez na última sexta-feira (25/08) uma defesa da recuperação da engenharia nacional em discurso durante a cerimônia de encerramento do Fórum Econômico Brasil-Angola, realizado em Luanda na capital do país africano. Dirigindo-se sobretudo aos representantes do setor empresarial presentes no evento, o mandatário criticou o desmantelamento das empresas do setor e também a dificuldade delas de participarem de licitações, o que teria favorecido as estrangeiras nas concorrências. Na viagem, o presidente também anunciou a retomada dos investimentos brasileiros no continente africano.
“Se a gente tivesse essa preocupação [com os investimentos], a gente não tinha permitido a quebradeira da indústria de engenharia brasileira. Todas elas quebraram. Em benefício de quem? Faça uma licitação hoje para saber quantas empresas brasileiras aparecem e quantas estrangeiras. Um país que construiu uma das mais extraordinárias empresas de engenharia do planeta, que ganhava concorrência no Oriente Médio, que ganhava concorrência em Miami, ganhava concorrência no continente africano, ou latino-americano, destruíram”, declarou o presidente.
Apesar de não ter feito uma menção direta, a referência à operação Lava Jato, que implicou grandes empresas como Odebrecht, Andrade Gutierrez e OAS, entre outras, é clara. Além de ter defendido a recuperação da engenharia nacional, Lula também cobrou dos empresários brasileiros que façam investimentos na África. Antes da viagem a Angola, ele participou da reunião dos BRICS realizada na África do Sul. O Brasil também assinou vários acordos com Angola na passagem do presidente por Luanda, que pode voltar a ter uma embaixada brasileira.
“A vinda a Angola simboliza o retorno do Brasil à África. Nos últimos anos, o Brasil tratou os países africanos com indiferença. Pela primeira vez desde a redemocratização, tivemos um presidente que não fez nenhuma visita à África. Embaixadas brasileiras foram fechadas. A cooperação foi abandonada. Deixamos de atuar juntos nos foros internacionais”, disse Lula.