Time de Ilha de Guaratiba já disputa o Brasileirão sub-20
A Sede Campestre do Clube de Engenharia do Brasil, em Ilha de Guaratiba, na Zona Oeste carioca, se transformou num celeiro de craques do futebol, com grande destaque para as meninas. Graças a uma parceria entre a entidade o time Real HEIPS, os gramados e a estrutura do lugar vêm sendo usados para treinamentos e jogos. A maior surpresa está no desempenho da equipe feminina, que já disputa o Brasileiro e o Carioca, ambos na categoria Sub-20. O resultado é fruto de uma rotina de treinamentos intensos e assistência total às atletas, muitas delas transferidas de outros estados.
É o caso da atacante Hillary Bruno de Oliveira, de 19 anos, que deixou a cidade São José dos Pinhais, na Grande Curitiba (PR), há seis meses, para jogar pelo HEIPS. Desde então, têm se adaptado à vida no Rio de Janeiro, o que fica mais fácil não só com o apoio que recebeu da família, mas também desse novo lar que adquiriu, incluindo as colegas e todos os funcionários. Seu sonho é jogar pela Seleção Brasileira e marcar belíssimos gols, como os da sua idolatrada Marta.

“Eu já jogava pelo Paraná e soube daqui pelo Instagram porque estavam disputando o Brasileiro. Conversei bastante com o meu pai antes e ele me apoiou na decisão de me mudar. Não foi fácil, mas não tenho do que reclamar da recepção que tive aqui”, conta Hillary.
No time feminino, as cariocas também brilham. Isabelle Cristina Chaves, 19 anos, morava com a família numa comunidade na Penha, mas aceitou o convite para jogar no HEIPS, em vista da estrutura oferecida e da visibilidade que a equipe vem conquistando. Como acontece nas partidas, acabou se contundindo, mas teve todo o apoio na recuperação, inclusive na fisioterapia. O suporte emocional e psicológico é o que mais conta, principalmente depois da operação policial que resultou em 121 mortos perto de onde vive sua família.

“Agora estou melhor, mas o clima ficou pesado. Até fiquei um tempo sem voltar para casa. Mas aqui recebemos muito apoio”, explica a lateral.
O treinador Uibson Moreira conta que a vantagem de cuidar de atletas tão novas é a oportunidade de realizar um trabalho de base, que inclui não só o aprimoramento da habilidade técnica, mas também o fortalecimento muscular e o preparo psicológico. Além de musculação, sala para a preleção e de fisioterapia, as piscinas da Sede Campestre são bastante usadas por elas, principalmente para a recuperação, após os treinos intensos. Muitas já treinam em tempo integral, quando não estão frequentando a escola.
Isabela Oliveira, 18 anos, é moradora do próprio bairro e já concluiu o Ensino Médio, o que lhe permite se dedicar mais ao futebol. Segundo ela, na região há poucos campos, e em muitos casos são particulares e de grama sintética. Ter essa oportunidade está enchendo sua família de orgulho.

“Como moro perto, minha família sempre vem torcer por mim quando jogamos aqui. Só num jogo em Cuiabá, que não deu”, diz a volante.
Com tantos talentos, o HEIPS vem chamando a atenção, a ponto de as atletas já estarem sendo chamadas de Águias de Guaratiba. No ano passado, a equipe Sub 20 ficou em quarto lugar no Campeonato Estadual, o que lhe permitiu disputar, este ano, o Campeonato Brasileiro Feminino Sub-20 da CBF. Este ano ficou também em quarto no Estado, à frente do Vasco, e também disputou a Copa Zico.




O lema do HEIPS é igualdade e por isso garante as mesmas condições às atletas e aos rapazes. Mas o futebol feminino ainda não tem a mesma visibilidade que o masculino junto à sociedade. Isso talvez explique o fato de o time delas ainda não contar com um patrocinador. É um desafio ainda a ser superado, mas elas já fizeram a sua parte.




