Uso de conteúdos abertos foi tema de palestra da professora de Engenharia da PUC-Rio Ana Maria Beltran Pavani ao Conselho Diretor
O uso de Objetos Educacionais de Acesso Aberto está facilitando a vida de professores e estudantes de universidades no mundo todo. É um material didático que pode ser facilmente compartilhado e de uso comum entre instituições até em diferentes continentes e línguas. Essa revolução na educação foi tema de palestra da professora de Engenharia Elétrica da PUC-Rio Ana Maria Beltran Pavani, ao Conselho Diretor do Clube de Engenharia. Nela, a engenheira falou sobre a importante contribuição que a entidade está dando à produção desse material ao ceder seu acervo para a elaboração de conteúdo, que servirá tanto a estudantes quanto a profissionais formados que procuram reciclagem ou aprimoramento.
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Desde a década de 1990, a PUC-Rio vem reunindo os Objetos Educacionais em Acesso Aberto, que podem ser consultados pelos alunos em diferentes plataformas. Atualmente, não só a Engenharia reúne esses conteúdos digitais, mas outras áreas de conhecimento, o que acabou sendo extremamente útil durante a pandemia. São materiais que vão desde uma curta videoaula sobre o funcionamento de uma panela de pressão até simuladores, em que estudantes podem observar por exemplo o funcionamento de circuitos e atingir diferentes resultados de acordo com as variáveis que utilizar.
Independentemente do debate sobre o avanço da educação à distância, a utilização desses objetos como auxílio aos professores e como material complementar tem um evidente potencial. Além de tornar o estudo mais atrativos para os jovens, ele tem a vantagem de poder ser consultado em qualquer local, entre outros pontos positivos, o que não significa que as aulas presenciais e em laboratórios físicos deixem de ser relevantes.
“Existe uma comunidade muito grande de pessoas que estão trabalhando com objetos educacionais em acesso aberto no mundo todo. O motivo é um conjunto de três palavras mágicas: criar, compartilhar e reutilizar. As nossas áreas, principalmente as áreas das Exatas, são facilmente compartilháveis. As equações de Maxwell são as mesmas aqui ou nos Estados Unidos, na China, onde for. Então é fácil nós desenvolvermos materiais que nós podemos compartilhar e pouparmos tempo”, explicou a professora.
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O longo trabalho dos professores da PUC-Rio acabou tendo repercussão internacional. Os professores da universidade carioca vêm colaborando com o projeto Merlot, um repositório que vem reunindo material didático em quatro idiomas, que são os mais falado no mundo ocidental: português, espanhol, inglês e francês. É um trabalho voluntário, que está gerando uma enorme riqueza para diversos países.
“É tudo feito em casa. Nós somos todos professores de Engenharia. Esse trabalho nosso é voluntário, porque nós acreditamos que é importante motivar as gerações futuras para que elas se tornem engenheiros e outras profissões afins. Não existe uma sociedade sem engenheiros”, contou a professora.
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De fato, a redução da procura pelos cursos de Engenharia é preocupante e requer uma reformulação e modernização dos cursos, sem prejuízo da qualidade técnica da formação. É um debate que vem sendo realizado pelas universidades e o maior conhecimento dessas plataformas por parte da comunidade acadêmica pode trazer soluções e vencer impasses num momento em que a sala de aula e o quadro negro já não dão conta mais das necessidades dos alunos.
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Como o banco de objetos educacionais não para de crescer, a história da construção da estátua do Cristo Redentor também passará a fazer parte desse acervo, com o apoio do Clube de Engenharia. O material presente na Biblioteca da entidade que conta o processo liderado pelo engenheiro e arquiteto Heitor da Silva Costa. Ele fará parte de uma série sobre cientistas que já está no décimo episódio.
Para o presidente do Clube, Márcio Girão, o conjunto de iniciativas merece não só o apoio da entidade, mas de toda a sociedade devido à importância do aprimoramento da formação de universitários como da educação continuada para profissionais. Além da Diretoria, a Divisão Técnica de Formação Profissional (DFP) devem se engajar em prol dessas iniciativas.
“Nós temos uma grande preocupação com relação à formação do engenheiro, inclusive depois da formatura. Por isso, é interessante que esse material seja voltado também para a reciclagem dos engenheiros, com relação ao conhecimento sobre novas tecnologias, pois há sempre avanços que precisam ser acompanhados”, afirmou Girão.