Obra retrata a evolução da engenharia e é considera inovadora para a época
Inaugurado em 1972, painel do artista, professor e engenheiro Frank Schaeffer (1917-2008), localizado no hall do auditório do 25º andar da sede do Clube de Engenharia do Brasil, foi restaurado recentemente pela entidade. A obra retrata os progressos da engenharia ao longo da história e cobre toda a parede curva do espaço, mas sua beleza estava ofuscada pela ação do tempo e até por depredações. Foram necessários dois meses para a recuperação da pintura, trabalho executado pelo restaurador Raimundo Nonato dos Santos Silva e sua equipe.





Mineiro de Belo Horizonte, Schaeffer se mudou para o Rio de Janeiro ainda jovem. Apesar de ter estudado desenho na Áustria e de ter iniciado curso de engenharia no país europeu, foi na Escola Nacional de Engenharia da antiga Universidade do Brasil que ele se formou. Praticamente não exerceu a profissão, mas lecionou desenho técnico no Instituto Militar de Engenharia (IME) entre 1946 e 2002. Paralelamente à carreira de professor, se dedicou à arte, tendo produzido quadros em diferentes técnicas. Teve obras expostas em mostras tanto individuais quanto coletivas.
Diferente de muitas das pinturas de Schaffer, o painel do Edifício Edison Passos não tem como tema cenas da natureza. Trata da evolução da tecnologia rumo à conquista do espaço. Suas cores são vibrantes, ora em tons azulados ora avermelhados, e na avaliação do restaurador a pintura antecipa um tanto da estética contemporânea do grafite. Ela se assemelha a murais, pintados normalmente ao ar livre, com mensagens muitas vezes de protesto político, e pode ser em parte identificada até com a cultura hip hop.
“Achei surpreendente a modernidade do desenho para a época. Foi inovador não só porque ninguém pintava assim no Brasil no período dos anos 1970 como pelo fato de estar num ambiente fechado”, ressaltou o restaurador.

A parte superior da obra estava em bom estado de conservação e a restauração cuidou mais da limpeza dessa área, sem muita reintegração pictórica. No entanto, na inferior houve a necessidade de completar a pintura, que teve perdas em alguns pontos rachados. A última restauração foi realizada há cerca de 25 anos e o atrito com objetos e o público gerou danos desde então.
O restaurador, que tem em seu currículo a participação em restaurações como as do Theatro Municipal e a do Palácio Gustavo Capanema, conta que um dos desafios do trabalho foram as dimensões do painel de Schaeffer, que mede aproximadamente 6,55 x 17,00m. O espaço exíguo do hall também dificultou, mas a missão foi cumprida, incluindo o preenchimento das lacunas. Para isso, houve preenchimento com massa para o nivelamento e completando a pintura tal como pensada pelo pintor. Após a recuperação, foi instalada proteção de vidro para evitar o contato das pessoas.

“O mais importante foi deixar um resultado o mais natural possível e não parecer uma intervenção na obra”, explica o Raimundo, que incluiu proteção final com verniz spray na obra.