Engenheiro foi conselheiro vitalício e diretor em várias gestões e deixou legado de luta por união
A capacidade de agregar pessoas em seu entorno e de liderar são qualidades raras, que dão às pessoas que as possuem natural papel de destaque. Por isso, foi irreparável a perda para o Clube de Engenharia e para o Brasil do engenheiro civil Bernardo Griner, que se despediu da vida em outubro passado. Tanto em suas atividades empresariais quanto nas instituições em que atuou, ele conseguiu reconhecimento e admiração por sua credibilidade e caráter.
A dedicação às causas coletivas e a capacidade de liderar acompanharam a vida de Bernardo Griner desde os tempos em que estudou no Colégio Pedro II. Como sempre se orgulhou de ter pertencido à instituição, onde fez muito amigos, tendo recebido em 2001 o título de Aluno Eminente, que é dado aos integrantes e ex-integrantes também por sua atuação junto à sociedade.
Griner se formou em Engenharia Civil pela Escola Nacional de Engenharia (ENE) da antiga Universidade do Brasil (atual UFRJ), em 1954. Durante o período, foi representante de turma em todos os anos do curso. Ele nunca abandonou de todo a universidade e veio depois a participar ativamente da A3P, Associação dos Antigos Alunos da Politécnica.
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Como profissional e empresário, fundou com os irmãos Elias, José e Manoel a empresa Griner S.A. Engenheiros Construtores, que desenvolveu no mercado de construção civil por mais de 50 anos. A partir de 1988, passou a atuar também como Coordenador de Projeto na Fundação Getúlio Vargas (FGV), na área de Tecnologia da Informação.
A participação de Griner no Clube de Engenharia também é notável. Ele se tornou sócio já em 1954, mesmo ano em que se graduou. Ele participou do Conselho Diretor por mais de 30 anos e tinha muita influência entre os associados. Foi Diretor Social nas gestões dos presidentes Raymundo de Oliveira, Heloi Moreira e Pedro Celestino, cargo que entre outras funções tinha como responsabilidade a organização dos almoços de confraternização da entidade.
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Heloi Moreira revela que a participação de Griner numa chapa que concorresse à direção do Clube já ajudava na conquista da vitória nas eleições. Sua credibilidade e amistosidade garantiam muitos votos, a começar pelos membros da comunidade judaica. Além de ter contado com Griner como diretor, Heloi também é grato a ele por sua participação na retomada da A3P.
“Ele e seu irmão Elias tiveram um papel muito importante na refundação da associação. O Griner era uma pessoa muito agradável e dedicada. Na minha gestão no Clube, também se destacava pela dedicação. No mesmo dia em que realizava o almoço, quando chegava à noite ele me ligava já com ideias para o próximo encontro do mês seguinte. Era uma pessoa adorável”, conta Moreira.
O conselheiro Cesar Drucker também ressalta as qualidades pessoais que tinha Griner e seu empenho nas atividades que exercia no Clube. Segundo ele, “o que mais me impressionava no Griner era a certeza inabalável de que a prioridade é sempre o interesse do Clube de Engenharia, que deveria ser considerado em qualquer acontecimento ou iniciativa que surgisse”.
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Além de engajado e afável, Griner tinha espírito conciliador e, de acordo com Drucker, chegou a buscar consensos em questões mais polêmicas que envolveram decisões do Conselho Diretor. Foi fundamental para que visões mais radicais fossem amenizadas.
“Os que já fizeram parte de Diretorias em que Bernardo Griner participou se lembram da sua atuação sempre muito positiva. O último cargo que ocupou foi de Diretor Social, e ele sempre trouxe para serem homenageados nos nossos almoços mensais os mais significativos nomes e entidades da engenharia”, conta Drucker. “Sua popularidade entre os associados aparecia ostensivamente nas eleições presenciais, na sede, antes da COVID. Mais ou menos a metade dos eleitores, logo ao chegar, perguntavam a Bernardo em quem deveriam votar. Confiavam no seu julgamento sobre os candidatos, porque ele sempre participava das reuniões preliminares para a formação das chapas concorrentes às eleições”, acrescentou o conselheiro.
A comunidade judaica, sobretudo do Rio de Janeiro, também prestou homenagens a Griner.
“Bernardo Griner foi um dos grandes ativistas da nossa comunidade. Incansável na sua atuação, sempre foi um grande incentivador de novas lideranças. Um exemplo para todos. BDH”, disse Bruno Feigelson, presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro – Fierj.