Engenheiro, que foi incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, tem livros e manuscritos que fazem parte dos acervos da entidade e da Biblioteca Nacional
O Clube de Engenharia do Brasil realizou nesta terça-feira (25) uma visita guiada a duas exposições que tratam da obra escrita do engenheiro André Rebouças (1838-1898). Um público formado majoritariamente por estudantes ouviu explicações sobre a vida, a atuação profissional e política e os trabalhos deixados por essa personalidade, que recentemente foi incluída no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria. O grupo pôde ver de perto documentos do acervo da própria entidade, que foram expostos no salão do 22º andar da sede social, no Centro, e se dirigiu depois para a Biblioteca Nacional, onde estão textos redigidos por ele.
O presidente do Clube, Francis Bogossian, recebeu os visitantes, contando também um pouco da história da entidade, fundada há 144 anos. André Rebouças foi um dos primeiros diretores do Clube, tendo inclusive assinado a ata de fundação, documento incluído na exposição. Ele falou sobre a importância da engenharia para o desenvolvimento da nação, uma preocupação que já manifestava Rebouças.
“Costumo dizer que não há desenvolvimento sem engenharia. Ela está presente em todas as atividades, inclusive é fundamental para os avanços da medicina, entre outras. Por isso, é importante que os engenheiros tenham união”, afirmou Francis Bogossian.
No Clube, além da ata de fundação, foram expostos artigos da Revista que reproduzem manuscritos do engenheiro, e outras publicações, como o “Ensaio de Índice Geral das Madeiras do Brazil”, texto para a edição comemorativa de inauguração das aulas para mulheres para a Polyantheia Imperial (1881), e um manuscrito sobre Resistência de Materiais de Construção.
Conforme o diretor de Atividades Técnicas, Pedro Enrique Monforte, explicou, André Rebouças deixou contribuições emblemáticas para a engenharia nacional, como a primeira obra feita em concreto armado no país, um ponte construída em Piracicaba, no interior de São Paulo. No entanto, acabou sendo também muito conhecido por sua atuação política, principalmente participando ativamente da luta abolicionista. Conforme ele ressaltou, André Rebouças foi o primeiro engenheiro negro do país.
“O desafio que o movimento abolicionista tinha era o fato de estar numa conjuntura em que a classe política achava que a escravidão já tinha acabado. Mas o movimento lutou para que houvesse uma lei específica para acabar com a escravidão no país”, destacou Monforte.
O estudante de engenharia do Cefet Glauco dos Santos aprovou a iniciativa do Clube: “Foi muito importante conhecer a história de uma personalidade da nossa profissão, que foi tão importante para o Brasil. No fundo, acho que ele era uma pessoa como nós, com as mesmas preocupações”.
Os visitantes puderam aprender também um pouco sobre a história da Biblioteca Nacional, considerada a maior da América Latina, que concentra um acervo riquíssimo e tem um belíssimo prédio construído no início do século passado. Lá estão trabalhos de autoria de Rebouças, localizados na Divisão de Manuscritos, que fica no terceiro andar. A exposição da BN é gratuita e pode ser vista até o final de março, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. Novas visitas ao acervo do Clube sobre o engenheiro devem ser anunciadas em breve.
