Conselheiro do Clube e professor da UFRJ recebe prêmio Amigo da China

Richard Stephan  recebeu o “The Chinese Government Friendship Award” na tarde do último domingo (04/02)

O conselheiro do Clube de Engenharia e professor Richard Stephan, do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe/UFRJ, recebeu a premiação “Amigo da China” (The Chinese Government Friendship Award), na tarde do último domingo, dia 4 de fevereiro, no Grande Hall do Povo, prédio imponente da praça do governo chinês, em Beijing. A premiação foi em função da grande colaboração do professor com os pesquisadores chineses, por meio da liderança de um intercâmbio, que já dura 21 anos, e que tem entre os resultados o primeiro protótipo de engenharia maglev supercondutor de alta temperatura e de alta capacidade da China e a pista de teste.

Richard Stephan, que também é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da UFRJ, atribui esta conquista ao ambiente oferecido pela Coppe e pela própria Politécnica, materializado pelas respectivas diretorias e por vários colegas da universidade. “Também devo essa condecoração ao apoio recebido de várias instituições nacionais, como Faperj, CNPq, Capes, FINEP, e BNDES, e de internacionais, com destaque para o DAAD e para o Conselho Britânico (Chevenning Scholarship), das quais fui bolsista”, agradece Richard complementando: “Claro que o mundo não é perfeito, e muitas dificuldades tiveram e continuam tendo que ser superadas”.

As contribuições do professor da Coppe com a China são com mais ênfase na Southwest Jiaotong University, onde atua como professor visitante e supervisor de doutorado colaborativo; e no Laboratório Conjunto China-América Latina para Transporte Ferroviário, onde é líder estrangeiro.

Junto com Richard Stephan foram contemplados outros 33 especialistas internacionais, sendo mais dois brasileiros: os professores Evandro Menezes de Carvalho, do curso de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro; e José Raimundo Braga Coelho, ex-presidente da Agência Espacial Brasileira.

Confira a tradução do texto de justificativa do governo chinês para a premiação do professor da Coppe:

O professor Richard M. Stephan é um especialista de renome internacional no campo da levitação magnética. Atualmente, atua como professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Brasil, e como supervisor de doutorado colaborativo na Southwest Jiaotong University, na China. O professor Stephan atuou repetidamente como presidente de conferências internacionais sobre levitação magnética e rolamento magnético, e ocupa cargos como professor visitante na Southwest Jiaotong University e Ex-presidente da Associação Brasileira de Eletrônica de Potência. Ele também é membro sênior do IEEE. Em 2019, o professor Stephan foi eleito membro da Academia Brasileira de Engenharia e, em 2020, recebeu o 4º “Golden Sands Friendship Award” de Chengdu.

Como líder estrangeiro do Laboratório Conjunto China-América Latina para Transporte Ferroviário, o Professor Stephan integra ativamente recursos humanos e promove a cooperação científica e tecnológica sino-latino-americana. Ele contribui para o desenvolvimento da área, facilitando intercâmbios técnicos, pessoais e acadêmicos. Por meio da cooperação sino-latino-americana, a pesquisa colaborativa em controle elétrico e tecnologia dinâmica avançou a tecnologia ferroviária pesada da China para uma capacidade superior a 30.000 toneladas.

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Como professor visitante da Southwest Jiaotong University, a colaboração impulsionou a pesquisa e o desenvolvimento da tecnologia de levitação magnética supercondutora de alta temperatura, fornecendo suporte crucial para o protótipo de engenharia e a pista de teste na China. Sua equipe foi pioneira no desenvolvimento bem-sucedido da pista de teste ao ar livre de 200 metros para levitação magnética supercondutora de alta temperatura, conhecida como “Maglev-Cobra”. Com base nessa experiência, a colaboração com a Southwest Jiaotong University resultou no projeto e conclusão do primeiro protótipo de engenharia maglev supercondutor de alta temperatura de alta capacidade da China e pista de teste, contribuindo significativamente para manter a posição de liderança da China neste campo.

O intercâmbio acadêmico de 21 anos do professor Stephan e a colaboração com a equipe da Universidade Southwest Jiaotong melhoraram as conquistas acadêmicas mútuas e forneceram conselhos profissionais para o desenvolvimento da linha piloto. Além disso, o professor Stephan recomendou que os membros da equipe se juntassem à equipe de maglev supercondutor de alta temperatura da Universidade Southwest Jiaotong como “Jovens Acadêmicos Internacionais”. Eles colaboraram na pesquisa de questões científicas fundamentais, incluindo acoplamento eletromagnético, estabilidade de suspensão e orientação, otimização do sistema e publicaram coletivamente vários artigos de alta qualidade.

Agradecimentos do professor e conselheiro Richard Stephan:

“Foram muitas as mensagens que recebi me parabenizando pelo reconhecimento concedido na China, além de tantas que talvez não tenham nem chegado até mim. Cada uma mereceria uma resposta de agradecimento especial. Como não conseguirei fazer isso, decidi escrever este texto. Espero que sirva também para explicar o porquê da indicação e revelar o que sinto neste momento da minha vida. Devo a homenagem ao ambiente oferecido pela COPPE e pela POLI, materializado pelas diretorias e por vários colegas, muitos para serem relacionados aqui, mas que se encontram, em grande parte, mencionados na publicação “MagLev-Cobra: breve retrospectiva”, disponível no link.

Minha primeira viagem à China foi em 2002, quando tive oportunidade de visitar o protótipo de veículo de levitação magnética desenvolvido na South West Jiao Tong University (SWJTU). Jiao Tong significa Transportes. Na época, o MagLev-Cobra era apenas um protótipo em escala reduzida.

Passei a colaborar com a SWJTU, mais diretamente com o prof. Zigang Deng. Temos publicações conjuntas. Meu colega Elkin Rodriguez passou lá um ano como pesquisador visitante. Indiquei Thais França, minha orientada de mestrado na COPPE, para cursar o doutorado sob a supervisão do prof. Deng. Ela deverá defender até o início do próximo ano.

Com base nestes fatos, a direção da SWJTU resolveu submeter meu nome para receber a menção honrosa. Em janeiro passado, recebi a notícia da aprovação e o gentil convite para participar da homenagem em Beijing com custos pagos e transporte em classe executiva. Ajustei a viagem para passar três dias na SWJTU, em Chengdu, antes de seguir para Beijing. Visitei a linha de teste que inauguraram em 13/1/2021, muito similar à nossa, porém com o veículo industrializado pela CRRC, trilhos e criostatos mais poderosos, e visando alta velocidade.

O jovem Zigang Deng foi orientado pelo casal Wang, agora na faixa dos 80 anos e aposentados. Ele sempre os convida para as visitas. Em todas as ocasiões que estive em Chengdu, encontrei me com os Wang. A consideração aos mais velhos, aos ancestrais, também precisa ser aprendida por nós. Pela idade, os Wang sofreram com a Revolução Cultural, mas não se queixam, não exigem reparação. Coisa estranha para nós, que queremos julgar o passado com valores do presente. Falta-nos, talvez, a sabedoria milenar chinesa que aceita a história como parte necessária de uma evolução cultural.

A imagem de Mao Zedong, por exemplo, continua estampada em todas as notas de RMB e seu túmulo reverenciado, apesar das enormes dores que os chineses suportaram durante seu período de governo. Para analisar o que acontece com o Brasil, só mesmo recorrendo a sólidas referências.

A obra de Vianna Moog, “Bandeirantes e Pioneiros”, datada de 1954, compara a história do Brasil com a dos Estados Unidos, sob aspectos geográficos, econômicos, éticos e culturais. Mas, em resumo, o título guarda o essencial: fomos colonizados por bandeirantes; já, nossos irmãos, por pioneiros. A diferença que isto representa encontra-se comprovada no que os imigrantes europeus e asiáticos contribuíram para o nosso País no final do século XIX e início do século XX, quando aqui chegaram com mentalidade de pioneiros.

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O protótipo de 165m de extensão da SWJTU. Da esquerda para a direita: o prof. Zigang
Deng, meu principal contato, o prof. Weihua Zhang, mais sênior e que tem bastante influência
no levantamento de recursos, e eu. Ao fundo o Dr. Li Wang e seu colega Mingxuan Yin.

Mais grave ainda foi que a colonização foi erguida com 350 anos de trabalho escravo. Como bem disse o abolicionista Joaquim Nabuco, “a escravidão criou um ideal de pátria grosseiro, egoísta e retrógrado, e nesse molde fundiu durante séculos as três raças heterogêneas que hoje constituem a nossa nacionalidade brasileira”. O desafio hercúleo consiste justamente em tornar essa diversidade, que diferencia o Brasil do resto do mundo, no nosso grande valor.

Após pouco mais do que 130 anos de república e fim oficial da escravidão, dos quais parte significativa sob forte influência militar, chegamos a um questionável Estado Democrático, com mais partidos políticos do que possíveis ideologias socioeconômicas, muitos nitidamente formados apenas pelo interesse no bilionário Fundo Partidário e outras benesses. As opções de escolha de um time para torcer no Campeonato Brasileiro são menores, comprovando a situação absurda. Grave também é o fato de predominarem advogados, juristas, economistas, religiosos, sociólogos, artistas e curiosos no poder. Raros são os engenheiros, aqueles que possuem o DNA do construir material, quando carecemos essencialmente de infraestrutura.

Se ainda paira alguma dúvida sobre o erro que continuamente repetimos, basta relacionar os ministros e presidentes do Brasil e da China, de 1976, ano do falecimento de Mao Zedong, até os dias de hoje. Lá predominaram os engenheiros. Não adianta desesperar, temos que continuar caminhando e cantando (gritando).

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O novo MagLev-Cobra. Na foto, também, o CEO da Aerom, Marcus Coester

O MagLevCobra avança lentamente, não está parado. Visamos o transporte urbano. A dor do brasileiro se encontra nas cidades. A concentração urbana é da ordem de 80% da população. Na região Sudeste, chega a 90%. Receberemos em breve um novo veículo industrializado pela Aerom, a mesma empresa responsável pelo People-Mover do Aeroporto de Guarulhos. A operação deverá retomar de forma diária e automática ainda em 2024, ligando CT1 a CT2. Para isto contamos com recursos da FAPERJ. Há motivos para não esmorecer.

Agradeço a todos vocês que me dão força para continuar!

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