Evento no Clube de Engenharia do Brasil mobilizou milhares de profissionais e estudantes, com aprovação por unanimidade de documento que norteará a atuação de mais de cem entidades
A 1ª Reunião do Fórum da Engenharia Nacional foi encerrada na noite desta terça-feira (03), na sede do Clube de Engenharia do Brasil, no Rio de Janeiro, com a aprovação por unanimidade da “Carta à Nação Brasileira”. Também foram debatidos em seis painéis temas de extrema relevância para o desenvolvimento do país e traçadas estratégias para ações a serem implementadas. Foi um encontro marcado pela união de profissionais e estudantes que participam de mais de 100 entidades em torno da necessidade de dar maior protagonismo à engenharia e de seu papel em prol da sociedade brasileira.
“(…) nos termos dos sentimentos que animam e impulsionam a presente jornada, reiteramos que o Fórum da Engenharia Nacional é uma articulação permanente, expressando a disposição e compromisso de todos nós em contribuir para a construção de um Brasil próspero, soberano e de gente bem tratada e feliz. Nesse sentido, colocamo-nos à disposição em participar e influenciar nos processos decisórios relacionados aos projetos que impactam os destinos da Nação.”, diz trecho do documento.

Conforme o coordenador ressaltou, o evento trouxe à tona temas que precisam ser debatidos para se estabelecerem diretrizes para a atuação política das entidades representativas e de movimentos sociais que podem se beneficiar do maior protagonismo dos engenheiros e engenheiras. A discussão sobre a regulamentação profissional, no que tange ao PL 1024/2020, foi um dos pontos altos do encontro. O aprimoramento da infraestrutura, a reindustrialização, a segurança alimentar e o estímulo ao conhecimento científico e à inovação foram temas também amplamente debatidos.
Além de criar uma nova articulação permanente com o objetivo de fortalecer o papel da engenharia no âmbito da sociedade brasileira, o Fórum teve como objetivo a preparação para a Conferência Nacional da Engenharia, que necessitará de mobilização não só das entidades representativas, como a participação da Secretária-Geral da Presidência da República. Como realizações desse primeiro encontro, já podem ser elencadas a construção do portal (www.forumengenharia.com.br) e da relatoria dos seis painéis. Os organizadores também pretendem elaborar em parceria com a UnB cursos para a formação de estudantes e profissionais.
“Essas ideias que durante 15 horas nós discutimos vão virar uma inspiração e um estímulo de maneira organizada para uma mancha muito grande de profissionais e estudantes. Esse encontro foi apenas um laboratório porque o que queremos é ainda um trabalho muito grande”, ressaltou Habert.
No encerramento, o presidente do Clube, Francis Bogossian, destacou que o Fórum tem como missão maior colocar em pauta a necessidade de criação de um projeto de desenvolvimento nacional calcado no planejamento, o que faltou no passado a diversas iniciativas do Poder Público e continua sendo um empecilho para o avanço do país.
“Vamos criar uma comissão de estudos para esmiuçar tudo o que ouvimos aqui ao longo desses dois dias. Precisamos tirar o máximo proveito dessa maravilha que foi esse encontro”, afirmou Bogossian.

DEBATES SOBRE TEMAS NACIONAIS
O primeiro painel do evento, realizado na segunda-feira (02), tratou do tema “Bases para o Desenvolvimento Nacional e Soberano”. Participaram como palestrantes Antonio José Roque da Silva, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Fernando Peregrino, Vice-Presidente do Clube, e
Russell Ludwig, Presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco). Foram apresentados aspectos positivos e o potencial da engenharia nacional para alavancar o desenvolvimento do país. A mesa foi coordenada pelo vice-presidente do Clube de Engenharia de Pernambuco, Alexandre Santos, e contou com a relatoria da conselheira do Clube, Cládice Diniz, que também é diretora do Crea-RJ.
O segundo painel desse dia abordou a questão da “Neoindústria, Financiamento, IA, Ciência e Engenharia na Inovação”. Ele teve como palestrantes Jefferson de Oliveira Gomes, Diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Miguel Manso, representando a entidade Engenharia pela Democracia (EngD), e Ronaldo Gomes Carmona, professor e Assessor da Diretoria de Inovação da FINEP. Foram discutidas as perspectivas criadas com o programa Nova Indústria Brasil (NIB), que estabelece seis missões para o desenvolvimento nacional em diversas áreas, com objetivo de retomar o crescimento industrial. O coordenador da mesa foi o ex-presidente do Clube, Márcio Girão, representando a Confederação Nacional da Tecnologia da Informação e Comunicação (CONTIC) e a relatoria coube a Márcia Nori, do Sindicato dos Engenheiros da Bahia (SENGE-BA)
No terceiro painel, foi tratado do tema “Infraestrutura, Desenvolvimento Regional e Cidades”. A mesa contou com a participação das palestrantes Maria do Carmo Sobral, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Camila Moreno De Camargo, representando o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU-SP), e Giselle Tanaka, representando o BR Cidades. Foi um rico debate sobre iniciativas voltadas para a habitação popular e o planejamento urbano. A coordenação foi do engenheiro Amaury Monteiro JR (EngD) e a relatoria ficou a cargo do conselheiro do CONFEA, Ronaldo Malheiros Figueira.

Outro tema de extrema relevância foi o do quarto painel, intitulado “Transição Climática frente à Expansão das Fontes Energéticas e Produção Agrícola”. Os palestrantes foram o geólogo e conselheiro do Clube Guilherme Estrella, ex-diretor da Petrobras, a professora Maria Rosa de Abreu (UnB), e o pesquisador Silvio Crestana (Embrapa). Os convidados trouxeram informações ricas, que aprofundaram os conhecimentos sobre temas estratégicos para o país. Essa etapa foi coordenada pela vice-presidente do Clube, Olga Simbalista, e a relatoria coube ao representante do Grêmio Politécnico da USP, Diego Roiphe de Castro e Melo.
Outro painel enriqueceu ainda mais o debate, trazendo o tema da “Formação Profissional, Lei 5194/66, Geração de Empregos e Economia Solidária”. Os palestrantes foram Carmen Lúcia Petraglia, Presidente da Associação Brasileira de Engenheiras e Arquitetas (ABEA Nacional) e conselheira do CONFEA,
José Roberto Cardoso, do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP) e Carlos Monte, representando a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), que brindou a plateia cantando músicas brasileiras. Um dos pontos altos desse debate foi a tramitação do PL 1024/2020, que está no Congresso Nacional e precisa atender aos anseios da sociedade e atualizar a regulamentação do exercício profissional. A coordenadoria da mesa foi de Marcos Túlio de Melo (SENGE-MG) e a relatoria, de Isabel Tostes (SEAERJ).
O último painel abordou a questão “Mobilização da Sociedade e a 1ª Conferência Nacional da Engenharia”. Os palestrantes dessa mesa foram Antônio Augusto de Queiroz, do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), Fernando Rizzo, Professor Emérito da PUC-Rio, e o jornalista Luís Nassif, do portal GGN. Foram discutidas estratégias para o futuro do Fórum e a perspectiva da engenharia em sua inserção no cenário nacional. A coordenação foi do presidente da EngD, Paulo Massoca, e a relatoria coube a Henrique Luduvice (SENGE-RJ).
Assista aqui ao primeiro dia do Fórum:
Assista aqui ao segundo dia do Fórum: