Sob justificativa de combater a corrupção, assistimos, nos últimos anos, ao desmonte de empresas nacionais geradoras de emprego, renda e desenvolvimento. Sem dúvida, uma relação circular. Para aprofundar o debate sobre esse cenário, o Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (IBEP) organizou, no dia 19 de abril, o encontro virtual “A Engenharia na atualidade da nação brasileira”.
Participaram Francis Bogossian, presidente do IBEP, da Academia Nacional de Engenharia (ANE) e ex-presidente do Clube de Engenharia; Pedro Celestino, presidente do Clube de Engenharia; Leônidas Cristino, deputado federal e presidente da Frente Parlamentar Mista de Engenharia, Infraestrutura e Desenvolvimento Nacional; e José Velloso Dias, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ).
Um rico debate se estabeleceu entre os representantes do setor a partir do consenso de que é necessário encontrar saídas. Francis Bogossian lamentou o distanciamento cada vez mais crescente do Brasil em relação aos países desenvolvidos, apesar de nossas riquezas e expertise. “Não há investimento e nem perspectiva de retomada de desenvolvimento em áreas estratégicas e fundamentais para a subsistência de uma nação e seu povo, principalmente os mais carentes”, apontou.
Para o deputado federal Leônidas Cristino é importante denunciar o fato de que o Estado brasileiro investe cada vez menos, década após década, em engenharia de infraestrutura. “Se considerarmos os investimentos públicos federais, o Brasil chegou hoje ao pior patamar desde 1947, quando esse indicador começou a ser medido”. “Não estamos investindo nem o mínimo necessário para cobrir a depreciação dos ativos de infraestrutura”, criticou, citando estradas, ferrovias, hidrovias, portos e saneamento básico. Para Cristino, sem um plano nacional de desenvolvimento a entrega de ativos estratégicos do país, como Eletrobras e Petrobras, continuará de forma avassaladora e sob a falsa premissa de um ajuste fiscal.
José Velloso (ABIMAQ) salientou que a pandemia de Covid-19 acelerou, no mundo inteiro, a transformação da produção para a adoção de novas tecnologias e inovação. Os impactos econômicos ainda estão sendo sentidos e o Brasil precisa estar preparado para esse contexto adotando uma política de Estado para o desenvolvimento industrial em setores estratégicos. “Se não investirmos em engenharia nacional, passaremos o resto da vida importando tudo. Até máscaras”, denunciou. “Vamos viver um novo boom de commodities e o Brasil precisa aproveitar isso para desenvolver emprego e renda”, continuou, expondo a necessidade de aproveitar essa onda para retomar e fortalecer a indústria nacional de forma sistematizada e ainda mais estrutural do que ocorreu no início dos anos 2000.
Pedro Celestino deu ênfase à luta, ao longo da história do Brasil, para que o país deixasse de ser uma simples colônia exportadora de matérias-primas e se tornasse uma nação industrializada e que oferecesse condições dignas para sua população. Trata-se, segundo ele, de uma luta mais atual do que nunca. “Nós desenvolvemos, a partir dos anos 1950, uma das melhores engenharias do mundo. No campo da infraestrutura, chegamos a competir em 41 países, incluindo os EUA e a China. Essa engenharia foi destruída”, criticou Celestino, apontando objetivos políticos na Operação Lava-Jato e lembrando que a corrupção deve ser investigada e punida, mas não ao custo da existência das empresas nacionais.
Vale a pena conferir e acompanhar reflexões, embates, visões diversas, e a importância e qualidade do encontro sobre “A Engenharia na atualidade da nação brasileira” patrocinado pelo Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (IBEP).
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